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110413 quemmaisPortugal - Prensa Latina - Quase 39 anos depois da Revolução dos Cravos, que terminou em Portugal com a ditadura de Antônio de Oliveira Salazar, a canção "Grândola Vila Morena" volta a se converter em símbolo de luta para o povo lusitano.


"Em cada esquina, um amigo / Em cada rosto, igualdade / Grândola, vila morena / Terra de fraternidade". Estrofes como esta voltaram a se converter no refrão cantado por centenas de milhares de pessoas que saem às ruas para lutar por direitos que estão sendo arrebatados. Se no dia 25 de abril de 1974 a música de Zeca Afonso marcou o início do levante que terminaria com o regime salazarista e seu império colonial, agora se transforma em hino dos protestos contra políticas de austeridade.

A via crucis do povo português começou quando a troica integrada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou em maio de 2011 um resgate de 78 bilhõess de euros para Portugal.

Para receber esse empréstimo, que pretendia melhorar a economia de um país altamente endividado, o Executivo aprovou internamente um severo programa de redução de gastos, que incluiu a privatização de empresas e serviços públicos, o congelamento de salários e pensões ou o aumento de impostos, entre outras medidas.

Desde então, as condições de vida dos portugueses pioraram de maneira paulatina, com um crescente descontentamento social que provocou numerosos protestos em 2012 e que continua durante este ano em todo o país.

Um dos maiores atos de oposição às reformas governamentais foi no começo de março, quando portugueses indignados realizaram uma marcha contra a troica e a austeridade em mais de 40 cidades do país, da qual participaram professores, aposentados, sindicatos, políticos e grupos feministas.

Centenas de milhares de pessoas participaram do maior protesto português nos últimos dois anos para pedir medidas contra o desemprego, que ostentou em fevereiro passado um índice de 17,6%, e para denunciar a grave crise econômica e social de Portugal.

Com o lema "O Povo é quem mais ordena" (referência a um dos versos de "Grândola Vila Morena"), 500 mil pessoas exigiram em Lisboa a renúncia do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e cantaram a emblemática canção.

Era possível ler "Estou triste por meu país", "Abril está por chegar", "O 25 de abril que meu pai fez, devo voltar a fazer eu", em alguns dos cartazes da manifestação, na qual os portugueses lembraram que estão sendo arrebatados direitos que foram conquistados por seus progenitores.

Muitos integrantes do grupo civil 'Que se lixe a troica', organizadores do ato, participaram do coral que cantou "Grândola Vila Morena" no Parlamento, interrompendo o momento quando o chefe de Governo falava de medidas econômicas para sair da crise.

Apesar de rigorosas medidas, com recortes em áreas essenciais como a saúde e a educação, numerosas demissões, maiores impostos sobre renda e redução de aposentadorias, assim como dos subsídios por doença e desemprego, a situação da economia portuguesa não melhora.

Pelo contrário, os dados econômicos têm piorado, com uma taxa de desemprego situada em 17,6% - o dobro de três anos atrás - e uma queda de 3,8 pontos do Produto Interno Bruto no último trimestre de 2012, a pior em várias décadas.

Tudo isso enquanto Coelho destaca o sucesso de seu programa de recortes para o retorno do país aos mercados financeiros, e por ter chegado a uma taxa de juros de 6,3% sobre uma dívida de 10 anos, quando há um ano era ao redor de 17%.

Poucos dias depois de uma multitudinária manifestação, o premiê descartou que governaria em função de manifestações populares e afirmou sua decisão de continuar com a política de austeridade.

Perante as revindicações da oposição, o chefe de Governo afirmou no Parlamento que seguirá adiante com seu programa de reformas, apesar do descontentamento da cidadania e das duras críticas dos deputados de esquerda por não apresentar soluções concretas para o desemprego e a recessão.

Este Executivo nunca se envolverá em polêmicas sobre manifestações, não vou governar em função delas, porque no dia em que deva decidir em função desses critérios, deixarei de estar à altura, manifestou Coelho.

As declarações do primeiro-ministro acontecem em um momento no qual a troica exige que Portugal corte quatro bilhões de euros do orçamento público. Para esse objetivo, um órgão internacional como o FMI propôs reduzir o número e o salário de trabalhadores públicos na educação, previdência e forças de segurança, entre outras medidas.

A oposição e os principais sindicatos portugueses, assim como associações de militares, profissionais da saúde, docentes e aposentados pediram que o Governo ignore as recomendações, que se somam a outros drásticos aumentos de impostos e recortes nos últimos dois anos.

O Partido Socialista de oposição tem participado dessas críticas e recentemente anunciou a apresentação de uma moção de censura para pedir a renúncia de Coelho e o estabelecimento de um novo Governo legitimado pelo voto popular.

De acordo com o PS, o premiê incumpriu todos os objetivos de seu gabinete e perdeu autoridade e credibilidade com a implementação de seu programa de ajustes.

Com uma postura mais reacionária, o líder do Partido Social-Democrata repudiou os pedidos de renúncia e a moção de censura, e se negou a mudar de estratégia, para prevenir que Portugal termine como a Grécia ou Chipre.

As manifestações continuam, como a que reuniu no dia 15 de março em Lisboa milhares de funcionários públicos exigindo o fim das políticas de austeridade, em resposta à decisão da troica de dar mais tempo ao país para implementar os ajustes de orçamento.

A nação está em um estado de calamidade e destruição da economia, enquanto que os direitos sociais e trabalhistas são enforcados e as desigualdades se aprofundam, expressou o secretário da Central Geral de Trabalhadores Portugueses, Armênio Carlos.

Frente a esse panorama, neste mês de abril, quando o povo português comemorar um novo aniversário da Revolução dos Cravos, se apropriará novamente de sua canção, que há quase quatro décadas era cantada por seus pais.

"Dentro de ti, ó cidade / O povo é quem mais ordena / Terra da fraternidade / Grândola, vila morena ", assim os portugueses unirão suas vozes, à espera de que escutem seu chamado a que o povo português seja, efetivamente, quem mais manda em seu próprio país.


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