Como já acontecera noutros lugares do país, moradores do Bairro Amarelo, em Almada, concentraram-se na sexta-feira (19), em frente ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para contestarem os brutais aumentos das rendas. Numa faixa podia ler-se "os moradores dos bairros sociais não suportam estas rendas" e os participantes no protesto gritaram: "aumento das rendas, não; tiram-nos o pão" e a "renda quer impor a vergonha nacional".
Segundo a agência Lusa, após uma reunião com um vogal do IHRU, Mário Oliveira da Comissão dos Moradores do Bairro Amarelo disse que neste momento teme que venham a existir "tensões sociais graves", já que a aplicação da lei para aumentar as rendas "não tem em conta os problemas, a precariedade do trabalho, as despesas com saúde e a degradação do bairro".
Helena Abegão da comissão de moradores disse à Lusa que lamenta que a nova lei de renda apoiada, publicada nesta sexta-feira em Diário da República, continue a contabilizar os rendimentos brutos e não os líquidos das famílias.
Helena Abegão denunciou também que "há ordenados e reformas congelados no bairro, há desemprego" e referiu que foram recolhidas "mais de duas mil assinaturas" de moradores contra a fórmula de aumento de rendas.
"É uma lei vingativa contra os mais pobres"
A deputada Helena Pinto esteve presente na concentração, manifestando a solidariedade do Bloco de Esquerda para com estes moradores e a sua luta. À Lusa, Helena Pinto criticou o Presidente da República pela promulgação do novo quadro legal "injusto", que vai "facilitar os despejos" e "promover a catástrofe nacional".
A deputada salientou que os novos cálculos têm em conta a dimensão do agregado familiar, mas continuam a incluir apenas valores brutos e não os líquidos o "que faz toda a diferença para quem tem tão fracos rendimentos".
Helena Pinto sublinhou que "mais grave é a lei facilitar os despejos, com o presidente do IHRU a poder delegar essa ação [despejo administrativo] até ao porteiro da instituição" e criticou também o facto da lei indicar a saída das famílias das suas casas, se pagarem durante três anos a renda máxima definida para habitações sociais.
"São expulsos das suas casas e das suas raízes porque supostamente subiram de vida, mas continuam sem rendimentos para competirem no mercado livre de arrendamento", disse a deputada, referindo que a lei "reflete uma visão distorcida do país".
"É uma lei vingativa contra os mais pobres", realçou ainda a deputada.