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3929211821 af9e4d4720 zPortugal - MAS - A 6 de Abril, Paulo Portas fez uma visita forçada aos trabalhadores duma das maiores empresas portuguesas, as Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), criada em 1918, para comemorar os 10 anos da sua privatização. Junto com os novos donos brasileiros da empresa, a Embraer, foi claro: não fosse a privatização, e a OGMA seria hoje um deserto à beira de Alverca, e nós não teríamos trabalho. Mas será mesmo assim?


Foto da RTP - Paulo Portas.

O País está melhor com a privatização?

Não! Já em 2005 como hoje, quer Durão Barroso quer Sócrates pensavam apenas em baixar o défice custe o que custar, tal como Passos Coelho hoje quer "pagar a dívida custe o que custar", e não no futuro do país, mas no deles. Na nossa folha de vencimento, os euros são iguais, sejam quais forem os accionistas, mas certo é que todos somos prejudicados com a desindustrialização de Portugal e a venda das empresas ao capital estrangeiro. Não por acaso, é a partir de 1995, ano de entrada na União Europeia que o país adquire um saldo comercial negativo, isto é: passou a sair mais dinheiro do país, do que aquele que entra1.

Essa diferença é hoje maior por casos como o nosso. E a dívida em 4 anos de fazer tudo para diminuir só aumentou: de 90% do PIB em 2011 para 129% do PIB em 2014! A venda de empresas estratégicas ao estrangeiro afecta a soberania de Portugal, mais ainda num sector como é a aviação. A venda à EMBRAER (também ela em tempos uma empresa pública brasileira) contribuiu para a situação actual da TAP, e trouxe mais despesas para a Força Aérea. Ficámos mais expostos a deslocalizações, como na Opel da Azambuja ou na Renault em Setúbal, que juntas deixaram mais de 2000 pessoas sem trabalho. Este foi o negócio que Portas não contou!

A empresa ia falir se não fosse privatizada?

Este foi um processo pouco claro. Então houve milhares de milhões para o BPN, BPP e BES, e não havia nada para a OGMA? Houve sim, 150 milhões, entregues a Portas, então Ministro da Defesa, este é que escolheu pagar as dívidas da OGMA nesse valor, para a seguir a entregar à Embraer, "limpa", por apenas... 11M€! Ao mesmo tempo, a portuguesa TAP, que não queria que o Estado entregasse quase um século de experiência e pessoal qualificado na manutenção aeronáutica, infra-estruturas como uma pista de 3km e um cais fluvial no Tejo, uma localização geográfica e condições de acesso sem preço nas mãos de uma concorrente sua, oferecia entre 30 a 40 milhões. No mesmo ano, a TAP comprou o sector de manutenção aeronáutica da Varig no Brasil por 480M€, enterrando-se ainda mais, para realizar lá a manutenção de grandes aviões, porque alegadamente... não havia mais espaço nos estaleiros da TAP na Portela!2. E a OGMA aqui tão perto!

Os trabalhadores estão melhor desde a privatização?

Do que não falaram é do antes da privatização, do que causou os prejuízos. Terão sido os salários dos operários? Ou a gestão danosa da administração que desde que o Governo de Cavaco Silva passou a empresa a Sociedade Anónima em 1994 começou a acumular prejuízo, entre outros factores, graças às elevadas despesas de remuneração de cada vez mais cargos de chefias. É necessário os trabalhadores saberem qual foi a despesa da OGMA com salários ao longo dos anos: quanto recebia e recebe agora um operário, e quanto recebiam e recebem agora administradores, directores, supervisores, e um longo etc.

Além dos números, o dia-a-dia é suficiente para ver as mentiras de Portas. A OGMA privatizada não é o país das maravilhas. Na OGMA real os salários são baixos e há anos que não são aumentados, a não ser actualizações abaixo do valor da inflação. A precariedade com contractos mensais através da subcontratação já é regra, não excepção. A incerteza que pairava sobre a OGMA continua para quem lá começa hoje a trabalhar: quem sabe se existirá no mês seguinte.

A visita de Portas conjugou os seus próprios interesses eleitorais e de promover a privatização da TAP, com os interesses da administração de convencer os trabalhadores que estamos melhor. Ficou também a promessa de novos investimentos da Embraer em Évora; mas não disse que estes estão dependentes da aprovação de fundos comunitários da U.E. para 2020. Foi também assim que se construíram as unidades fabris que já lá existem hoje3. Aí se fazem os componentes do novo avião militar da Embraer, o KC-390, publicitado como sendo feito em Portugal, por trabalhadores e engenheiros portugueses, com investimentos europeus... mas com lucros brasileiros.

É urgente que novos e velhos, efectivos e subcontratados, dos vários sindicatos presentes na OGMA, se unam, se organizem, e não deixem que gradualmente as condições de trabalho de todos vão sendo niveladas por baixo com cada vaga de novos trabalhadores. Razões não nos faltam.

Há investimento e lucros, tem de haver aumentos salariais!

A precariedade provoca acidentes e reduz a qualidade do nosso trabalho: planos de efectivação já!

Os principais sectores da economia, como a indústria de defesa, têm de ter controlo público!


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