Mas, em geral, consideram as greves indesejáveis, inoportunas e prejudiciais à "economia nacional", às famílias (os cortes de salários e pensões, assim como os aumentos de impostos não o serão?) e ao País (a venda de empresas-chave ao estrangeiro também não o serão?). Mais, recorrem a diversas formas de chantagem sobre os trabalhadores e pretendem indicar-lhes quando podem fazer greve. Desde que a façam "moderadamente". No essencial, o que as classes dominantes pretendem é esvaziar o direito à greve, retirando-lhe qualquer eficácia.
Os capitalistas e os seus homens de mão aceitam que os professores façam as greves algumas vezes, mas, particularmente, fora da altura dos exames. No caso da TAP, sobretudo fora das festas de Natal e Ano Novo (pois esta é uma altura de o governo ser bonzinho e de os empresários sacarem alguns euros aos turistas). Ainda, e no referente a este caso, o governo PSD/CDS recorreu à requisição civil, justificando: "Esta decisão visa assegurar serviços essenciais em defesa do interesse público nacional e de sectores vitais na economia nacional". Se assim é, não se percebe como o actual governo, "patriótico", pretende privatizar a TAP. Como habitualmente, os argumentos do governo são uns e o seu contrário, conforme as conveniências. No caso dos outros transportes as greves talvez sejam aceitáveis, desde que se verifiquem apenas em alguns fins de semana ou à noite. Na situação actual, desobedecer à requisição civil decretada pelo governo pode constituir um importante passo em frente na luta dos trabalhadores.
Ainda, no domínio da propaganda contrária à luta dos explorados, e paralelamente à habitual algazarra promovida pelo governo nos média, surgem de forma constante as vozes de alguns tontos (e não são poucos) e a dos reaccionários de sempre, que acolhem piamente o pensamento das classes dominantes: manifestando-se abertamente contra as greves ou, então, afirmando que os trabalhadores tinham outras alternativas para fazer valer os seus direitos, sem necessidade de recorrerem a esta forma de luta. Quais? Os abaixo-assinados? A entrega de flores aos patrões? É fundamental que digamos a esta gente que desprezamos as suas análises hipócritas e os seus conselhos canalhas!
Se actuassem desse modo, os trabalhadores pouco prejudicariam os interesses dos patrões e dos seus governos, que (pelo Natal) tanto se mostram preocupados com os problemas das famílias e do País. E menos ainda conseguiriam os trabalhadores defender os seus direitos e conquistas.