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101215 fascistasFrança - Esquerda Diário - [Jean Patrick Clech] Temor e imobilidade por um resultado que já era conhecido. A Frente Nacional (FN), partido da extrema direita, que vinha de vento em poupa nas pesquisas, confirma sua pontuação.


Embora metade dos eleitores tenham se dirigido às urnas no domingo, um terço deles votou por Marine Le Pen. Tanto os candidatos da esquerda quanto da direita, tinham um expressão de preocupação em seus rostos. Mas esse é o resultado da política que vem sendo praticada por eles durante trinta e cinco anos e que agora estão colhendo os resultados.

Estávamos acostumados com uma constante alternância entre o termo "onda azul" ou "onda cor-de-rosa" na noite da votação francesa. Desta vez, quem apareceu no quadro eleitoral foi uma onda azul-marinho (que em francês se diz “bleu Marine”, aqui numa alusão à líder da Frente Nacional). O partido, de fato, não deixou de mentir nas pesquisas. Embora houvesse que estudar com precisão o enraizamento e a profundidade da Frente Nacional no eleitorado popular e operário, lamentavelmente, Le Pen não se enganou ao declarar na noite do primeiro turno que “a Frente Nacional é o primeiro partido da França”. O partido claramente lidera em pelo menos seis das 13 regiões e está em estreita ligação com a direita na Normandia (região do noroeste francês).

Além disso, em muitos lugares o Partido Socialista aparece em terceiro lugar, com exceção do oeste na Bretanha e na região Aquitaine-Poitou-Charentes, onde os Socialistas lideram. Mas o fracasso também é doloroso para a direita, que apresenta candidatos de unidade Republicanos-MoDem (coalisão entre o Partido Republicado e o Movimento Democrático de Bayrou) na maioria dos círculos eleitorais. A onda azul não terá vez e a direita não dá valor à desconfiança do eleitorado popular e juvenil com respeito ao governo. A família Le Pen está a um passo de ganhar em Nord-Pas-de-Calais-Picardie (região unificada ao norte) e na Provence-Alpes-Côte-D’azur (também chamada PACA).

Ao que diz respeito às reações políticas, todos foram muito enfáticos na noite de domingo. O Bureau Político dos republicanos tomou uma posição contra qualquer possibilidade de uma fusão ou retirada de suas listas em favor dos Socialistas, seguindo a proposta do ex-presidente Nicolas Sarkozy. O secretário geral do Partido Socialista Francês, Jean-Christophe Cambadélis, veterano em manobras de todo o tipo a serviço do Palácio do Eliseu (sede da Presidência da França) e do Matigon (residência oficial do Primeiro Ministro). Cambadélis arrisca tudo pelo poder: a direção do PS irá tentar transformar uma derrota total em “uma derrota que seja menos má”, assim limitando os estragos.

O PS anunciou, sem consultar localmente os seus candidatos, que estava retirando suas listas em Nord-Pas-de-Calais-Picardie e em PACA em nome da “oposição republicana”, nova denominação da “frente” com o mesmo nome e com quem estão comprometidos. Mas para Cambadélis, o sacrifício não deveria ser em vão.

Dramatizando essa retirada e fazendo pesar sobre a direita a responsabilidade de recusar qualquer "retirada, acordo técnico ou abordagem”, o PS pode justificar a sua manutenção em todas essas regiões, onde está na terceira posição, e onde espera ter uma nova mobilidade do eleitorado de esquerda no dia 13 dezembro; bem como um relatório de votos de suas "reservas", frente ao anuncio de apoio ou unidade dos componentes dos partidos Front de Gauche (Frente de Esquerda) e do EELV (Europa Ecologia – Os Verdes), quando a barreira dos 5% foi aberta para as listas da esquerda governamental. O assunto dá uma reviravolta mais complicada para a direita que apresentava listas unificadas desde o primeiro turno e que dispõe de poucas reservas.

Mas independente desse calculo político-eleitoral, muitos são os socialistas responsáveis por esse “21 de abril” regional. Na França, desde essa data a expressão significa a eliminação eventual (em uma eleição presidencial) do candidato principal da esquerda ou da direita, em favor do candidato da Frente Nacional ou, de um terceiro candidato menos favorito. A FN teve sua melhor pontuação de todos os tempos, duplicando ou até, talvez, triplicando seus resultados de 2010. Mas são os socialistas (e acessoriamente à direita quando estava no poder) que criaram o monstro, com sua política antipopular de austeridade, ligada nesses últimos tempos, a uma reviravolta ultrarreacionária que se fortaleceu logo depois dos atentados de 13 de novembro em Paris. A partir de agora, o presidente, François Hollande começa a vasculhar o programa da FN para adiantar suas propostas de “luta antiterrorista” que não protegem de nenhuma maneira contra o terrorismo, mas que para Hollande tem o mérito de reforçar a vigilância policial generalizada da população e de dividir nossa classe.

Em todas as regiões a “esquerda da esquerda”, mostra sua subalternidade total com respeito a essa esquerda do governo da qual era solidária, até ontem liderada pelos executivos regionais e a quem tem dado mostras de boa conduta votando pelo estado de emergência e seu prolongamento, e “uivando com os lobos”; quando os manifestantes do dia 29 de novembro foram presos e detidos provisoriamente. Pierre Laurent como as demais figuras do Front de Gauche chamam, sem hesitar, os eleitores a votarem pelo Partido Socialista em todos os lugares onde seja possível, inclusive chama a votar por Christian Estrosi, o intendente racista de Niza, ou Xavier Bertrand, o “senhor trabalho” de Chirac e Sarkozy, no norte.

No primeiro turno e mais além de nossas divergências políticas, nós convocamos os eleitores a votarem pelas únicas listas que englobam uma independência politica dos trabalhadores, as listas de Lutte Ouvrière (luta operária). Frente ao fortalecimento subsequente da erosão do quadro politico-institucional, diante de uma direita que vai rebocar a extrema direita e uma esquerda no governo que aplica de maneira conjunta o programa de Medef (Movimento de Empresas da França - Patronal) e do FN; não cabe aos trabalhadores e trabalhadoras, nem aos jovens conscientes decidir quem, direita ou esquerda, deverá subir ao poder nos municípios no dia 13 de dezembro; se de qualquer maneira irão nos hostilizar mais ainda. Estamos tratando da defesa da nossa classe que deve estar organizada e construindo uma alternativa política radicalmente antissistema, anticapitalista e internacionalista. E esse objetivo não pode ser levado adiante no segundo turno, a não ser através da abstenção do voto ou votando em branco.


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