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Má educação capa DVD0Estado espanhol - PGL - [José Paz Rodrigues] No dia 18 de julho cumprem-se os 79 anos do golpe de Estado e do levantamento em armas contra o legítimo governo da 2ª República, liderado por Francisco Franco. 


Era o ano de 1936 e com ele veio uma longa ditadura ao país, que durou até 1976, depois do falecimento do ditador de morte natural. Este período iniciou-se com uma terrível guerra de três anos, denominada acertadamente por Castelão como “incivil”, na qual faleceram mais de um milhão de pessoas, com repressões e inumeráveis assassinatos, de tudo o que ainda é hoje o dia que temos profundas pegadas. Seguindo o princípio de que devemos conhecer a história com seus erros para não voltar a repeti-los, considero de grande interesse que crianças e jovens conheçam tudo o que se passou naquela altura. E também o acontecido nos muitos anos posteriores, aos que Celso Emílio Ferreiro denominou em seus poemas “a longa noite de pedra”, tomando seu um verso da autoria do grande poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. No presente depoimento analisarei as caraterísticas do modelo imposto da escola franquista que tantos anos durou, e que podemos estruturar em duas etapas históricas, a que vai de 1938 a 1953 e uma segunda, com uma certa abertura, de 1953 a 1970. Neste ano, depois da publicação do famoso Livro Branco sobre a Educação, sendo ministro Villar Palasí, aprova-se a Lei Geral de Educação, que é sem dúvida um grande avanço sobre o modelo da escola anterior, mesmo promovendo o estudo nas aulas, junto com o castelhano, do galego, o catalão e o euskera.

A instauração do novo modelo educativo franquista comporta uma rutura total com o da escola republicana. Rutura querida e potenciada, resultado de uma guerra civil em que houve vencedores e vencidos. À hora de falar da escola que se consolida com o novo regime fascista, devemos destacar alguns aspetos que a marcam e a condicionam, especialmente nas primeiras décadas. Num primeiro caso há que destacar a enorme, despiedada e intensa depuração que sofre em todo o país o magistério. Que no caso da Galiza já se inicia em julho de 1936, perdendo muitos a vida ao serem assassinados. A depuração é fruto de uma clara vontade de romper com o passado e de assegurar-se, na medida do possível, uns profissionais dóceis e adictos à nova ideologia nacional católica. Sobre o tema da depuração dos mestres e docentes do período republicano voltarei mais adiante neste depoimento.

Com o franquismo rompe-se querendo o modelo republicano. Instala-se o medo, a ignorância, a censura, o ailhamento, a oposição aos contributos que vêm do estrangeiro, e liquida-se a tradição política associacionista. Elimina-se o modelo de escola pública dos anos republicanos e o de escola unificada. Nasce e consolida-se uma escola na antítese desta: integrista do ponto de vista religioso; uma escola baseada na hierarquia, a autoridade, o patriotismo, mais preocupada por ter um magistério submisso e obediente, antes que bem preparado e vocacionado pelo seu trabalho. Trata-se de ter mestres mais “santos que sábios”. Um magistério que, não devemos esquecer, vive numa sociedade onde a fame, a pobreza e a miséria estão bem presentes.

Por um diploma do ditador Franco, de 6 de maio de 1939, estabelecem-se as normas para a escola primária de obrigado cumprimento, e que se mantêm na sua totalidade ao menos na primeira etapa histórica do regime, de 1939 a 1953. Tais “normas” comentam-se por si só:

1ª. A reposição do Santo Crucifixo marca a abertura do ano, que tem de ser rápida e imediata.

2ª. Ademais do retrato do Caudilho, haverá na sala de aula uma imagem da Virgem, com preferência da Imaculada, e em sítio preferente. (Nota: Embora não faça referência, na maioria das escolas também se colocava o retrato do líder da Falange José António Primo de Rivera).

3ª. À entrada na escola as crianças devem saudar com o tradicional “Ave Maria Puríssima”, sendo respostados pelo mestre ou mestra com a frase “Sem pecado concebida”.

4ª. A cerimónia de colocar a bandeira antes de iniciar as aulas e arriá-la ao terminar, enquanto se canta o Hino Nacional (curiosamente, é o mesmo que na atualidade, e as cores da bandeira também), é obrigatória para todas as escolas sem exceção.

5ª. Com o fim de cumprir o preceito de ouvir missa aos domingos, assistindo as crianças com seus mestres à frente, têm de ir à igreja em que a celebrem as organizações juvenis.

O papel na escola franquista da religião nacional-católica e da “formação do espírito nacional”, baseada essencialmente nos princípios da falange, era fundamental. A metodologia didática utilizada pelos mestres, agora com muito baixa preparação pedagógica, era tradicional, memorística, repetitiva e não se respeitava a individualização. A avaliação realizava-se com exames finais. Os castigos eram fundamentalmente físicos, batendo nas crianças com a régua na mão ou pondo-as de joelhos contra a parede suportando livros nas suas mãos. Os únicos momentos agradáveis para as crianças foram sempre os recreios, jogando com os seus amigos a diferentes jogos tradicionais e com diversos brinquedos. Os mais desagradáveis eram os castigos e a atitude ditatorial e autoritária de muitos de seus mestres.

Para apoiar estes meus comentários escolhi dous filmes realizados no nosso país: O florido pensil do diretor galego Juan José Porto, e Má-educação do diretor manchego Pedro Almodóvar.

FICHA TÉCNICA DOS 2 FILMES:

  1. Título original: El florido pensil (O florido pensil).

 

  • Diretor: Juan José Porto (Espanha, 2002, 90 min., cor).

  • Roteiro: J.J. Porto, Roberto Oltra e Roberto Vera, baseado no livro do mesmo título de Andrés Sopeña.
  • Fotografia: Fernando Arribas. Música: Jesus Gluck e Álvaro Zapata.
  • Produtora: World Entertaiments S.L.
  • Nota: Para ver, entrar no Youtube.
  • Atores: Daniel Rubio (Sopeña criança), O Grande Wyoming (Dom Secundino), Fernando Guillén (Dom Juliám), Natalia Dicenta (mãe de Sopeña), Emilio Gutiérrez Caba (Sopeña), Maria Isbert (Dona Paquita), Chus Lampreave (Sra. Pepa), Francis Lorenzo (Roberto Alcázar), Jorge Sanz (Pedrím), Ana Turpin (Musa), Jorge Grau (Bispo), Ángel Blanco (Dom Aniano), David Sánchez (Briones), Alberto Tena (Céspedes), Kirian Sánchez (Sánchez Peinado), Christian Bautista (Ruiz), Daniel Maturano (Fernandito Serrano) e Agustín González (Locutor).

 

Argumento: Este filme é um reflexo, em termos de humor, da educação de várias gerações de espanhóis, entre as décadas dos quarenta aos sessenta. Baseado no livro homónimo de Andrés Sopeña, evoca, desde o presente, as suas lembranças de então: a escola quotidiana, a rádio local, as bandas desenhadas de Roberto Alcazar e Pedrín, o cinema das quintas-feiras com Franco inaugurando represas e barragens no No-do, e o “Iom Güein” perseguindo e matando índios das pradarias. Através da olhada infantil de um Sopeña criança e de seus companheiros de escola, descobre-se uma maneira de entender o mundo, a sociedade e uma Espanha “de glórias florido pensil”, tal e como se cantava no hino nacional de aqueles anos.

  1. Título original: La mala educación (Má-educação).

 

  • Diretor: Pedro Almodóvar (Espanha, 2004, 105 min., cor).

  • Roteiro: Pedro Almodóvar. Diretor artístico:Antxón Gómez.
  • Fotografia: José Luis Alcaine. Música: Alberto Iglesias.
  • Produtora: El Deseo S.A.
  • Prémios: Todos no ano 2004. 4 nomeações aos prémios Goya, incluído ao melhor filme. Nomeado como melhor longa-metragem de fala não inglesa para os prémios BAFTA. Melhor filme em língua estrangeira pelo Círculo de Críticos de Nova Iorque. 5 nomeações, incluindo o de melhor filme europeu, nos prémios de Cinema Europeu. Nomeação ao melhor filme estrangeiro pelo Independent Spirit Awards.
  • Nota: Para ver, entrar no Youtube.
  • Atores: Gael García Bernal (Ángel e Juan Zahara), Fele Martínez (Enrique Goded), Javier Cámara (Paquito), Juan Fernández (Martín), Daniel Giménez Cacho (Padre Manolo), Lluís Homar (Monsenhor Berenguer), Alberto Ferreiro (Enrique Serrano), Francisco Boira (Ignacio), Francisco Maestre (Padre José), Nacho Pérez (Ignácio criança), Raúl García (Enrique criança), Petra Martínez (Madre) e Leonor Watling (atriz).
  • Argumento: A princípios dos anos sessenta, Ignacio e Enrique, conhecem o amor, o cinema e o medo num colégio religioso. O Padre Manolo, diretor do estabelecimento e professor de literatura, é testemunha e parte dessas descobertas. Os três voltam a ver-se a princípios dos oitenta, e esse reencontro há de marcar as suas vidas. Ignacio, que agora se chama Ángel, é um travestido que aspira a ser ator. Pela sua parte, Enrique converteu-se num reputado diretor de cinema. Juntos vão lembrar os obscuros anos vividos na escola.

 

DUAS OLHADAS SOBRE A EDUCAÇÃO NO FRANQUISMO:

Em “O florido pensil” Sopeña já adulto evoca, desde o presente, as suas lembranças da escola nacional católica dos anos cinquenta e sessenta, onde se ensinava que Espanha era o centro do mundo e o catecismo a golpe de palmatória. Lembra, entre outras cousas, as sessões de cinema, em que, do “galinheiro” cuspiam ou atiravam as cascas das pevides. E ao padre, Dom Secundino, que do púlpito bramava contra das mulheres que se atreviam a usar calças. Dentro da escola Dom Juliam tinha os seus favoritos, que sempre se sabiam a lição de cor e salteado, o seu bufo, que apontava aos que falavam quando ele saía, ou aos “burros”, entre os que sempre destacava o gordinho Briones, que dava cabo da sua paciência. Sopeña era um caso singular, pois embora estudasse, sempre tinha estranhos raciocínios. Outro dos seus companheiros era Fernandito Serrano, o rapaz rico, do qual todos queriam ser amigos, a quem deixavam ganhar em todos os jogos para que lhes permitisse jogar com a sua bola regulamentar, ou ver a televisão na sua casa, que era a única da povoação. Outra das diversões eram as bandas desenhadas TBO, que alugavam na loja da senhora Pepa, desfrutando especialmente com os de Roberto Alcázar e Pedrín. Também eram típicos da época os concursos da rádio, aos quais as crianças iam cantar, recitar ou fazer o que melhor soubessem, mas sobretudo saudar à sua família.

Sopeña lembra também a sua primeira deceção amorosa quando a Ana, uma rapariga mais velha do que ele por quem estava apaixonado, mostrou o seu namoro por outro rapaz num coração desenhado numa árvore. Numa ocasião foram convidados pelo “Frente de Juventudes” para realizar uma excursão ao “Valle de los Caídos”, tentando doutriná-los e captá-los. Lamentavelmente, o autocarro avariou e não chegaram até seu destino, devendo conformar-se com ver o mausoléu de longe, depois de uma paragem prévia para que Briones vomitasse devido a que enjoou. A atitude autoritária do rapaz a cargo dos rapazes da “OJE” e seu pouco respeito por ele, fazem que Dom Juliam se alegre de ver que o seu doutrinamento não tem impacto nos rapazes. Com nostalgia e carinho Sopeña lembra aqueles anos perante um atento auditório em que se encontra Dª Paquita, mestra de então.

No filme reflete-se como a religião é uma parte fundamental da educação na ditadura franquista. O catolicismo retrógrado fazia parte do ensino ordinário, inclusive na hora de entrar na sala de aula. As escolas estavam separadas por sexo, e cada um aprendia diferentes conteúdos, dado que as funções do homem e da mulher nesta sociedade estavam muito definidas e raramente se saiam do seu papel, assim cada um era formado segundo o que deveriam ser em adultos. Os conteúdos que tinham que aprender os estudantes estavam totalmente controlados, e em história só se aprendiam aqueles que favoreciam o regime que estava imposto, e a aprendizagem era totalmente memorística, pois a intenção era que o aluno não raciocinasse, que não pensasse por si mesmo, para que assim fossem guiados por onde interessava ao sistema político dominante. Empregavam-se castigos físicos e psicológicos para corrigir atitudes no aluno, ou em situações em que as crianças não aprendiam bem a lição. O diálogo entre aluno e professor não existia.

Depois de ver este filme podemos chegar à uma conclusão e expressá-la assim: “Educar é formar pessoas aptas para governar-se a si mesmas, e não para serem governadas por outras”, tal como bem assinalava Herbert Spencer, mas que tal tipo de educação não tinha cabida na escola franquista, ao menos até o ano 1970. No filme ironiza-se sobre o ensino do após-guerra e anos posteriores da ditadura franquista. Os estudantes que aparecem no filme sofrem a pedagogia do “estalo” pela graça de Deus, dispensada pelo mestre, escutam atónitos os sermões medonhos do padre e cantam sem muito entusiasmo o “Cara al sol” durante uma excursão ao Vale dos Caídos.

“A má-educação era um espinho cravado no realizador manchego desde havia muito tempo. A sua aproximação ao tema da hipócrita moral eclesiástica nos tempos de Franco é impecável. Foge do documentário para explicar-nos as condições nos colégios da época como transfundo dum “thriller” a que, por desgraça, nunca consegue acertar o ponto de maneira completa. O argumento num primeiro nível é singelo: Eduardo Godoy é um realizador de cinema independente no Madrid dos anos oitenta que, um dia, recebe a inesperada visita de Ignacio Rodríguez, um antigo amor do colégio interrompido pelas maquinações do Padre Manuel, um pederasta perigoso apaixonado por Ignacio. Partindo dum relato de Ignacio intitulado “A Visita”, Eduardo voltará a reviver esses dolorosos momentos à vez que tenta descobrir o mistério de Ignacio, que não é quem diz ser.

Muita gente viu, não sem certa preguiça, Má Educaçãocomo um simples libelo contra a educação religiosa, ou como um filme que diz que os padres são todos depravados. Ou então, e talvez de uma forma pior, deplorou que o filme não se tivesse fixado no comportamento dos padres pedófilos, num momento em que estouram escândalo após escândalo sobre a recorrência de padres que se apaixonam por seus coroinhas ou por seus alunos. Ora, Almodóvar não é Louis Malle, e sua vontade não é a de parasitar temas “polémicos” para adicionar à agenda dos questionamentos culturais mais um assunto que estará na moda discutir. Seu interesse é compreender e maravilhar-se em como certos corpos se aproximam uns dos outros, e que consequências podem decorrer desses encontros. A moral, que estabelece quais destes encontros são válidos e quais não são, esta moral não é aquilo que explica um determinado comportamento, mas antes é algo que deve ser explicado. A moral é algo que vem sempre depois, como “polícia dos costumes” que jamais impede os sentimentos, mas pode impedir a ação, numa tentativa de frear a inexorável “lei do desejo” na qual agem e padecem as personagens. Ser, num filme de Almodóvar, é ter paixão. E há muito tempo só as personagens apaixonados o interessam. A crítica do diretor à escola franquista dirigida por religiosos é de todo intimista, diferente da do outro filme, mais humorística e com senso de paródia.

INFAME DEPURAÇÃO DOS MESTRES DA REPÚBLICA:

Desde o primeiro momento do golpe de estado franquista de 18 de julho, nas zonas em que por desgraça as autoridades militares aderem ao golpe, a repressão exercida contra os mestres é brutal e despiedada, fazendo desaparecer em muitos casos assassinados, sem nenhum julgamento, infinidade de docentes. Tal foi o caso da Galiza, onde também foram assassinados figuras destacadas, como Bóveda, Casal, Blanco Torres e outros muitos. Já por diploma de Franco de data de 8 de novembro de 1936 se estabelece a depuração do magistério, sendo um dos responsáveis de tal depuração o escritor gaditano Pemán, que chegou a escrever um depoimento terrível contra os docentes republicanos, para justificar tal persecução e depuração. No mencionado diploma, entre outras cousas, se diz: “O facto de que durante várias décadas o Magistério, em todos os seus graus e cada vez com mais raras exceções, estivesse influenciado e quase monopolizado por ideologias e instituições dissolventes, em aberta oposição com o génio e a tradição nacional, faz preciso que, nos momentos pelos que atravessamos, se leve a cabo uma revisão total e profunda no pessoal de Instrução Pública (…) extirpando assim de raiz essas falsas doutrinas que com os seus apóstolos foram os principais fatores da trágica situação a que foi levada a nossa pátria”.

Às correspondentes comissões (de primária, secundária ou universitária) podiam chegar todo o tipo de denúncias que não era necessário justificar e que podiam mesmo ser anónimas. Quem sim estava obrigado a demonstrar que as denúncias eram falsas ou erradas eram as pessoas denunciadas que tinham um prazo de dez dias úteis para fornecer a documentação justificativa. A impunidade das denúncias que, em muitos casos não tinham muito que ver com a profissão da pessoa denunciada, senão que eram devidas às tensões e vivências de uma luita civil entre pessoas da mesma povoação e que agora, chegada a hora da vingança, se deixavam sentir com força. Ademais, o só facto de que uma pessoa pudesse ser acusada de inibição com a sublevação é muito indicativa da orientação que se dava à depuração em geral. Uma depuração que, evidentemente, atuava com caráter retroativo.

A atitude inquisitorial e o clima nacional católico são bem claros na documentação elaborada pela comissão depuradora. Os dados que se solicitam aos mestres acusados são, no que se refere aos anteriores a julho de 1936, os seguintes: A que partido político pertencia. Se não estava filiado em nenhum: por que partido político demonstrava maior simpatia? Fazia parte ativa em comícios, manifestações, etc.? Costumava assistir a eles, embora não tomasse parte ativa na sua organização? Fazia atos de propaganda política? Quais? Ouvia, ordinariamente, missa aos domingos e comungava uma vez ao ano? Fazia alardes de irreligiosidade? Pertencia a algum sindicato? Propagava-o? Fazia parte dos seus Comités ou Conselhos Diretivos? Estava filiado em algum partido separatista, galeguista ou catalanista? A qual? Sem estar filiado, demonstrava simpatia por algum? Por qual? Jornais de que era assinante e o que costumava ler mais. Durante o período de guerra, as perguntas usuais eram: Tomou parte em comícios, conferências políticas, etc.? Em quais? A que sindicato pertenceu? Fez parte de seus Comités ou Conselhos Diretivos? Ensinou contra a Religião, a Moral Cristã ou o amor a Espanha? Pode ser considerado adicto ao Glorioso Movimento Nacional? Que há da sua vida pública, religiosa, patriótica, profissional, sindical, etc. digno de nota?

O vazio deixado pelos mestres expulsos, mortos, assassinados, fuzilados ou exilados, é prontamente coberto por outros que são escolhidos, especialmente nos primeiros momentos, com critérios muito mais políticos que pedagógicos. A convocatória para a provisão de vagas de 25 de março de 1939 deixa bem claro quais são os motivos preferentes para adjudicar as mesmas: Ser mutilado como consequência da guerra, desde que a deficiência física não impossibilite o exercício docente. Ser ferido em campanha, tendo prioridade o que mais número de feridas demonstre ter sofrido. Ter prestado serviços militares como combatente na guerra. Ter sofrido vexames graves por parte dos “vermelhos”. Ser familiar dum morto ou mutilado na campanha até o segundo grau de parentesco por consanguinidade ou afinidade. Neste aspeto tinha preferência o que perdera mais número de familiares. Dentro dos mesmos graus de parentesco, ter perdido maior número de familiares por assassinato a mãos dos “vermelhos” ou por consequência da sua barbárie (sic). Ter naquela altura algum familiar prisioneiro dos “vermelhos”, ou mutilado pelos mesmos, dentro do parentesco antes assinalado.

Não custa muito a imaginar o espírito destes novos “Mestres” que se viram afetados diretamente na sua vida familiar pela guerra. E outros “formados” mediante uma espécie de “plano relâmpago”, em que se inculcavam os “novos valores” da Espanha franquista e os do chamado “Movimento Nacional”. Podemos facilmente intuir como era a escola pública do após-guerra nas primeiras décadas da ditadura. Até que em 1950 se instaura um plano de formação de mestres, que durará até 1967. Os seus primeiros titulados saem em 1953, com uma formação bastante precária.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Servindo-se da técnica do Cinema-fórum, analisar e debater sobre a forma (linguagem cinematográfica) e o fundo dos filmes anteriormente resenhados, realizados respetivamente por Juan José Porto e Pedro Almodóvar.

Organizamos nos estabelecimentos de ensino dos diferentes níveis uma amostra sobre a repressão exercida sobre os mestres e mestras republicanas, especialmente na Galiza. Tal exposição poderia incluir também uma secção comparando os traços básicos da escola da República, a escola franquista e a escola posterior à transição de 1978. A amostra deve ilustrar-se com fotos, textos, aforismos, lendas, frases, autocolantes e redações dos estudantes. Com toda a informação recolhida podemos elaborar uma monografia que pode ser policopiada posteriormente.

Organizamos um Livro-fórum ao redor do livro de Andrés Sopeña O florido pensil. Antes nos comprometemos, estudantes e docentes, a lê-lo na sua totalidade.


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