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TouroEstado espanhol - Opera Mundi - Parlamentar também crê que touradas preservam a existência da espécie bovina; partido governista quer reverter na Justiça proibição catalã, em vigor desde 2012


Francisco trabalha há 30 anos na guarita daquela que já foi uma das maiores praças de touros da Catalunha, a Monumental, localizada na movimentada Avenida da Marina em Barcelona. Ele parece perplexo com a pergunta "Desde quando você gosta de touradas?", como se fosse possível datar o interesse. "Desde criança, oras!". Desconfiado, ele prefere não revelar seu sobrenome a Opera Mundi, muito menos deixar-se ser fotografado, mas é categórico ao afirmar: "Volte aqui no mês que vem e você verá uma tourada".

Atualmente, a Praça Monumental abriga apenas o Museu Taurino, focado na história da tauromaquia, e celebra alguns poucos eventos ao longo do ano. Mas Francisco estava na Monumental em 2011, quando a última tourada da praça foi realizada. "Era muito melhor naquela época; quando tinha touradas, enchia de gente."

A Lei 28/2010, que proibiu as touradas em toda a comunidade autônoma da Catalunha, nasceu através de uma ILP (Iniciativa Legislativa Popular) organizada pela plataforma Prou! ("basta" em catalão), que cuidou da tramitação do projeto. Com 180 mil assinaturas, a regra passou a valer a partir de 2012. Efetivamente, a lei modifica uma norma anterior referente à proteção animal, acrescentando a proibição de "corridas de touros e espetáculos com touros que incluam a morte do animal e aplicação de toda sorte de 'pica', 'banderillas' e 'estoque'", em referência aos objetos que são introduzidos no animal durante o evento. Está prevista também a análise de compensações do governo para os afetados economicamente pela lei. A Catalunha passou a ser a segunda comunidade autônoma a proibir as touradas na Espanha, seguindo o exemplo do que fizeram as ilhas Canárias em 1991.

Há quem deseje, entretanto, um destino diferente para a Monumental e outras praças de touros desativadas na Catalunha, questionando a proibição das corridas de touro e reacendendo o debate sobre sua legalidade na região autônoma.

Juan Manuel Albendea, deputado de Sevilha, na região da Andaluzia, pelo PP (Partido Popular, o mesmo do premiê Mariano Rajoy) e presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados da Espanha, é uma dessas pessoas. Albendea tem três livros publicados sobre a tauromaquia e foi crítico taurino por mais de 25 anos em jornais como El Correo de Andalucía, El País e El Mundo, onde assinava com pseudônimos. Deixou a atividade no ano passado.

O deputado já declarou, citando alguns estudos, que o touro sente prazer durante a corrida. "Não sou especialista, biólogo nem veterinário, mas há estudos que dizem que o touro não sofre [durante o evento]. O que temos que ter em conta é que o animal sofre muito menos do que pensamos. Vive quatro anos como um rei, passeando e comendo. É verdade que tem algum sofrimento, mas depois de quatro anos vivendo muito bem." Ele acredita ainda que as touradas ajudam a preservar a existência de touros e bois. "Quem vai criar touros com o custo que existe para mantê-los? Os animalistas têm que dar-se conta de que os animais desapareceriam também se desaparecem as touradas."

Catalunha x Espanha

O deputado Albendea afirma ainda que a proibição na Catalunha está ligada menos a questões de proteção animal e mais a aspectos políticos: ele alega que os catalães querem rechaçar atividades tida como tipicamente espanholas. "Mas sempre houve muita tauromaquia lá. Houve momentos de pico no século XX, por exemplo, em Barcelona, em que três praças de touros realizavam touradas ao mesmo tempo. Há hoje muitos aficionados na Catalunha, que têm que sair dessa comunidade autônoma para ver as touradas."

Com uma demanda antiga por independência e autonomia em relação ao governo central da Espanha, a região da Catalunha passou em 2014 por um período de reivindicações mais assertivas. No mês de novembro, foi realizada uma consulta popular sobre a questão. Aprovada a independência por 80% dos catalães, a consulta foi declarada inconstitucional pela Justiça espanhola.


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