No dia 21 de agosto, um novo partido foi formado na Grécia a partir de uma dissidência do Syriza, do primeiro-ministro Alexis Tsipras. O Syriza é um partido pequeno burguês centrista que capitulou diante da pressão da burguesia imperialista nas negociações com União Europeia (UE). O novo partido é formado por parlamentares do Syriza que pretendem estar à esquerda do partido pelo qual se elegeram.
Há pouca diferença programática com o Syriza, no entanto. O novo partido, chamado Unidade Popular, é liderado pelo ex-ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, e pretende reunir todos que lutem contra a “austeridade” e estejam de acordo com a saída da UE. Nada muito diferente do próprio Syriza antes de entrar no governo.
Do mesmo jeito que o Syriza, no fim o partido será controlado pelos parlamentares que forem eleitos, com apoio de setores da burguesia. A Unidade Popular é um Syriza 2, que serve para seus integrantes parlamentares tentarem fingir que não têm nada com a capitulação do Syriza original.
Golpe na Grécia
A divisão do Syriza também é resultado de um golpe contra o governo grego. O partido de Tsipras foi eleito para interromper as políticas de austeridade, mas não pode aplicar seu próprio programa por causa da pressão e da sabotagem externa. O Banco Central Europeu (BCE) tomou medidas propositalmente orientadas a deixar os bancos gregos sem dinheiro, sem liquidez, pressionando o governo a aceitar as condições impostas pela Alemanha.
No fim das contas, o Syriza está aplicando o programa da direita e rachou, não por ser um partido de direita mas por ter sofrido um golpe da direita por meio da pressão do imperialismo através das instituições da UE. A ruptura dentro do partido é a conclusão do golpe, levando o primeiro-ministro Tsipras a tentar se eleger com uma nova coalizão, junto com partidos mais ligados ao programa da Alemanha para a Grécia, como o To Potami.
É o mesmo golpe da direita por dentro do governo do PT no Brasil, impondo suas políticas por meio do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Por isso a luta contra o golpe da direita para derrubar Dilma Rousseff também é uma luta contra o golpe que já está acontecendo na medida em que o PT cede à pressão da direita para aplicar um programa de “austeridade”. A luta contra o golpe da direita enfraquece a política da direita dentro do governo.
Sem uma base operária e formado por políticos pequeno burgueses com apoio da burguesia, o Syriza não conseguiu opor resistência à pressão do imperialismo. Na prática o governo grego caiu. Caso chegasse ao poder, o novo partido, Unidade Popular, acabaria do mesmo jeito, porque tem a mesma composição social e a única diferença que apresenta em relação ao Syriza são medidas pontuais, em defesa das quais já capitularam uma vez.