À direita o ex-ministro da Energia grego, Panagiotis Lafazanis. Foto: Embaixada da Letônia na Grécia (CC BY-NC-ND 2.0)
No Congresso realizado em 2013, levantaram que a Grécia devia abandonar a Zona do Euro, mas não a União Europeia, e adotar novamente o Dracma. Foram derrotados pela ala liderada por Tsipras. A crise se abriu novamente por causa dos recentes acontecimentos.
O ex-ministro da economia, Yanis Varoufakis, revelou recentemente a existência de um plano para o retorno ao Dracma, mas que foi abandonado após a capitulação para o imperialismo pelo Syriza.
Varoufakis está costurando um novo e “revolucionário” partido político europeu, contra as políticas de austeridade, do qual poderão participar o prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, o economista Joseph Stiglitz e o ex-ministro social-democrata alemão Oskar Lafontaine. O objetivo é lançar a candidatura de Varoufakis por meio desse partido para as próximas eleições. Segundo a revista alemã “Der Spiegel”, este partido convidaria a participar até integrantes da CDU (União Democrata Cristã), o partido liderado pela chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar que a Europa caia nas mãos de anti-europeus como a Frente Nacional francesa, liderada por Marine Le Pen.
Tsipras, assim como o Podemos e os demais partidos aliados ao Syriza, tentam impor a política de que não haveria outra política possível à capitulação. Para a ala esquerda do Syriza, a alternativa teria sido a saída da Zona do Euro e a adoção do Dracma, mas com a continuação dos pagamentos da dívida pública e o enquadramento na União Europeia.
Syriza nos braços da direita
A reunião do Comitê Central do Syriza, realizada no dia 30 de julho, teve como objetivo submeter a oposição interna do Partido. Para impor a política da direção, encabeçada pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, o garoto de recados de Angela Merkel, foi convocado um Congresso que deverá acontecer em setembro. Para o próximo domingo, 2 de agosto, foi convocado um referendo interno sobre se há outra alternativa à capitulação do dia 13 de julho. O pano de fundo é a pressão dos especuladores financeiros para aprofundar os ataques contra os trabalhadores gregos. O FMI declarou que não se integrará ao terceiro pacote de “resgate” até que a Grécia passe os “testes de conformidade” que serão realizados em setembro.
A proposta da ala esquerda de Syriza, encabeçada pelo ex-ministro da Energia, Panaiotis Lafazanis, de realizar o Congresso antes da assinatura do “terceiro resgate”, foi derrotada. Tsipras impôs o Congresso após a assinatura para que, com os fatos consumados, se decida simplesmente se vale a pena ir a eleições antecipadas. O objetivo de Tsipras é neutralizar, e, de preferência, expulsar a ala esquerda de Syriza, para fortalecer um novo governo do qual passariam a participar os partidos burgueses que apoiam o programa de austeridade. Uma “grande coalisão grega” no melhor estilo de Angela Merkel, de quem Tsipras não passa de um garoto de recados.
Rumo ao Grexit?
O aperto contra a Grécia não foi relaxado, mas somente tem aumentado. No dia 20 de agosto, o governo precisará pagar 3,2 bilhões de euros ao banco Central Europeu, além dos demais pagamentos bilionários que vêm pela frente. Um empréstimo ponte, de emergência, deverá ser outorgado, mas o aperto contra as massas será cada vez mais duro.
Na realidade, esses “empréstimos” não chegam aos gregos. Se tratam de manobras financeiras realizadas a partir de uma empresa que tem como sede Luxemburgo, que é um paraíso fiscal, e que é controlada, em primeiro lugar, pelo governo alemão, e que tem como objetivo repassar recursos públicos para os grandes bancos.
Até que ponto esses esquemas especulativos conseguirão ser mantidos é a “pergunta do milhão”. Mas somente até certo ponto. A tendência geral é à implosão da especulação e do parasitismo financeiros, levando ao entrave das engrenagens do funcionamento do sistema capitalista.
O governo grego aplicou um novo aumento de impostos sobre o consumo. Em outubro, aumentará os impostos sobre o turismo, o que poderá prejudicar o que hoje representa o principal componente da economia grega.
A recessão na Grécia já dura mais de seis anos. A economia encolheu, aproximadamente, 40% nesse período.
A reforma ministerial, que aconteceu no dia 18 de julho, eliminou os ministros mais “radicais”, como os ministros das Finanças e da Energia. A saída da Grécia da Zona do Euro, mesmo sem o rompimento com o imperialismo, tende a aumentar o contágio sobre os demais países.
Para o próximo período, está colocada a aproximação do Syriza com os partidos políticos tradicionais, a Nova Democracia (direita), o Pasok (social-democrata) e o To Potami (direita). Esses partidos foram quase liquidados por terem aplicado duríssimos ataques contra os trabalhadores, e, agora, o Syriza aprovou o novo pacote de austeridade e passou a governar com esses mesmos partidos.
O objetivo da ala esquerda do Syriza é formar o próprio partido, na tentativa de revitalizar o “Syriza das origens”. Nada muito diferente do que o Psol fez em relação ao PT e do que pode ser visto em todas as agrupações políticas pequeno burguesas.