Com 51,8% dos votos, o atual primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, venceu neste domingo (10/08) por maioria absoluta as eleições presidenciais turcas, as primeiras realizadas por meio do voto popular na história do país.
Com 99% das urnas da apuração concluída, a Comissão Eleitoral da Turquia confirmou Erdogan como o novo chefe de Estado eleito por um mandato de cinco anos, substituindo o atual presidente, Abdullah Gül. Aproximadamente 53 milhões de turcos foram convocados para votar, mas a participação de 74% foi considerada baixa; não chegou nem perto dos 89% registrados nas eleições locais de março. Os analistas políticos consideram ter sido a baixa participação um trunfo de Erdogan, já que seu eleitorado conservador é mais fiel do que o de partidos laicos de oposição.
Erdogan era favorito para vencer o pleito; pesquisas de intenção de voto o indicavam como detentor da preferência de 55% dos eleitores. Seu rival mais próximo, o acadêmico Ekmeleddin Ihsanoglu, obteve 38,5%, e o ativista curdo Selahattin Demirtas, 9,8%, segundo o jornal local Hürriyet.
"Já foram apurados 99% dos votos. Os votos sem contar não vão alterar o resultado", disse em comunicado o presidente da Comissão Eleitoral, Sadi Güven. Os dados finais da apuração serão divulgados amanhã. "Erdogan alcançou a maioria absoluta dos votos válidos. Decidimos portanto que não há necessidade de preparar um segundo turno", disse a nota.
Poder presidencial
O presidente da Turquia tem poderes limitados e um papel mais cerimonial, embora Erdogan tenha dito que quer realizar uma reforma legal para conceder mais poder ao cargo de chefe de Estado.
Para fazer esta reforma seria necessário uma mudança constitucional, o que só seria possível com uma ampla vitória do AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), liderado Erdogan, nas eleições legislativas de 2015. Para conseguir fazer uma emenda constitucional se requer o respaldo de dois terços do parlamento turco.
Até o momento Erdogan prometeu uma presidência "ativa", utilizando todas as funções do cargo, como a possibilidade de convocar e presidir as reuniões do gabinete de ministros.
Controverso político sobretudo por suas posições contra liberdade de expressão, chegando a temporariamente banir o Twitter e o YouTube no país, Erdogan, que esteve à frente do governo turco os últimos 12 anos, não oculta seu desejo de seguir no poder pelo menos até 2023, quando será celebrado o centenário da fundação da República Turca.
Oposição
O principal rival de Erdogan, Ekmeleddin Ihsanoglu, de 70 anos, não despertou entusiasmo entre os eleitores dos dois partidos opositores, o social-democrata CHP e o nacionalista MHP, e seus resultados ficaram abaixo do apoio que estas legendas costumam obter de forma combinada.
O terceiro candidato, o jovem político curdo Selahattin Demirtas, alcançou um bom resultado para seu partido, o pró-curdo BDP, que nunca teve mais de 7% dos votos, ao conseguir a adesão de eleitores laicos turcos atraídos por seu ideário de esquerda.