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tsiprasGrécia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Hoje, 13 de julho de 2015, foi anunciado com grande estardalhaço o “acordo” para o resgate da Grécia. O terceiro “resgate” da Grécia foi aprovado por unanimidade.


Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia e líder do Syriza. Foto: Esquerda.net (CC BY-NC-ND 2.0)

Para quem ainda tinha alguma dúvida sobre a farsa do referendo, agora não deveria ter mais nenhuma dúvida. Conforme já foi explicado detalhadamente, foi uma manobra, impulsionada por Angela Merkel e François Hollande, usando o governo do Syriza como “garoto de recados”, para pressionar os setores mais direitistas da União Europeia. O objetivo: reestruturar os pagamentos da ultra corrupta dívida pública grega para possibilitar que esses mecanismos altamente parasitários continuem em pé, minimizando o impacto social.

O Syriza (o PSOL ou o Podemos grego) e a União Europeia: quem é quem?

Quem poderia ter pronunciado estas frases? – “Estamos prontos para as negociações para o resgate. Não haverá Grexit” e “é um acordo difícil, mas tomamos a decisão correta para apoiar o país e seu sistema financeiro, e para, neste contexto, ter possibilidade de crescer. A Grécia precisa de reformas radicais que favoreçam a sociedade e não aos oligarcas protegidos pelos governos anteriores. Temos demonstrado a soberania popular, agora devemos trabalhar para restabelecer a soberania nacional. Apesar das difíceis medidas, o Grexit já pertence ao passado”.

A primeira frase foi pronunciada, num anúncio conjunto, por Donald Tusk (presidente do Conselho Europeu) e por Jean-Claude Juncker (presidente da Comissão Europeia), dois elementos reconhecidamente direitistas.

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A segunda frase foi pronunciada por ninguém menos que Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego, quem chamou o recente referendo e quem apoiou o “Não”. Mas, igualmente, sem sequer tirar ou pôr uma única vírgula, poderia ter sido por Tusk, Juncker, Angela Merkel ou François Hollande.

A capitulação do governo grego tem na base o caráter de classe desse partido. Trata-se de um partido pequeno burguês, cuja direção busca um lugar ao sol no regime ultra caduco. A rápida direitização é natural desses grupos, principalmente, por causa da falta de base social. Na Grécia, os sindicatos são controlados pelo KKE, o partido comunista grego.

Exatamente a mesma política tem sido aplicada pelo Podemos na Espanha. No Brasil, tentativas similares têm sido impulsionadas pelo PSOL.

PSOL, o Syriza brasileiro

O que aconteceu nas eleições de 2006? Quais foram as bandeiras levantadas por Heloísa Helena? Contra o aborto (ela sempre fez parte da força de choque da direita enquanto a este ponto) e contra o MST, entre outras pérolas. E não somente ela foi lançada como candidata à presidência da República, mas ela continuou na direção do PSOL e como presidente do partido. Por quê? Por que ela era senadora.

Durante a campanha de Plínio de Arruda, que sempre foi um reconhecido representante da ala direita do PT, até a bandeira histórica do não pagamento da dívida pública foi deixada de lado quando a Rede Globo chamou o partido a participar dos debates. Para disfarçar o indisfarçável, inventaram manobras sobre a suposta priorização de recursos para a educação e saúde públicas. Agora, de onde viriam esses recursos sem romper com as amarras parasitárias?

Na campanha de Luciana Genro, os recursos de reconhecidos reacionários, como George Gerdau, que participa do ultrarreacionário Instituto Millenium (ligado ao Partido Republicano), ou de supermercados, reforçaram fortemente os cofres da campanha.

O cretinismo parlamentar permeia o PSOL de cima a baixo. Quem mandam são os deputados e, de maneira secundária, elementos da burocracia, principalmente da burocracia universitária. O mesmo acontece com a maior parte da esquerda integrada ao regime, mesmo aquela que não tem deputados, mas “mataria a mãe” para ter um (sim, apenas “umzinho”!).

A esquerda e o ascenso revolucionário

Para o próximo período, está colocado o pior colapso capitalista da história. Essa previsão faz parte, inclusive, da cartilha de reconhecidos economistas burgueses, como Nouriel Roubini, o economista norte-americano que, em 2006, previu o colapso de 2008.

A carestia da vida, a inflação e o desemprego deverão disparar. E esse é o combustível que movimenta as massas.

A paralisia, o sono neoliberal que conteve o movimento operário, desde a metade da década de 1980, nos principais países, está com os dias contados.

A ascensão operária provocará profundas mudanças no movimento operário e no movimento revolucionário em geral.

A burocracia sindical deverá entrar em crise e ser superada, inevitavelmente. Não se deve esquecer o que aconteceu com a burocracia sindical ligada à ditadura militar no início dos anos de 1980. E a burocracia sindical do PT é ainda mais fraca.

A esquerda atual, tal como a conhecemos hoje, no ascenso, também deverá ser varrida do mapa. O cretinismo parlamentar, o burocratismo profundo são fenômenos próprios da época do refluxo.

O capitalismo está falido. Para o próximo período, o confronto aberto entre a classe operária e a burguesia estará colocado à ordem do dia não somente no Brasil, na Argentina ou na Turquia, mas, fundamentalmente, nos países desenvolvidos.

A classe operária nas ruas é um fator revolucionário, que não tem sido visto há vários anos em países importantes. No Brasil, por exemplo, as mobilizações de 2013 não tiveram participação operária. Foram movimentos iniciados pelos estudantes. Isso não é um fato acidental.

Em todo processo revolucionário, quem primeiro começa a se movimentar são as camadas médias da população. Esta movimentação enfraquece os mecanismos de controle sobre a classe operária, facilitando a entrada em cena.

No próximo período, uma nova esquerda revolucionária deverá surgir. Estará colocado à ordem do dia a formação de um partido de massas, operário e revolucionário.


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