Crédito da imagem: Carlos ZGZ (CC0 1.0)
De acordo com Varoufakis, haveria uma disputa entre o setor ligado a Angela Merkel e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, que seria favorável à expulsão da Grécia da Zona do Euro. O objetivo seria apertar o cerco contra os demais países que estão ultra endividados e "precisam" atacar em cheio os trabalhadores, a começar pela França e a Itália. Isso é uma realidade, mas o buraco fica muito mais embaixo.
Alguns dos mecanismos ultra podres são considerados por Varoufakis, mas ele não aborda o fundamental, o caráter imperialista da União Europeia e de todos os mecanismos de controle.
A dívida pública grega, assim como todas as demais dívidas públicas, tem como comum denominador a disparada, a partir da década de 1970, nos países atrasados, após a quebra do acordo de Bretton Woods (conversibilidade do dólar ao ouro), que aconteceu em 1971, durante a Administração Nixon.
A partir do colapso capitalista de 2008, a disparada do endividamento, adquiriu conotações brutais. Por exemplo, nos Estados Unidos, durante os dois períodos da Administração Obama, a dívida pública saltou de US$ 6 trilhões para US$ 18 trilhões. E situações similares aconteceram em quase todos os demais países.
“Ajuda” para pagar o quê?
A suposta ajuda que o BCE (Banco Central Europeu) e o FMI dariam para a Grécia atender os "seus compromissos" é a coisa mais podre que possa imaginar-se.
Conforme foi revelado nos primeiros relatórios da Comissão da Verdade sobre a dívida pública grega, convocada pelo Parlamento, foi criada uma empresa em Luxemburgo, que é um paraíso fiscal, com o objetivo de tornar os títulos públicos em mecanismos apropriados para serem usados, em larga escala, na especulação financeira, principalmente nos ultra nefastos derivativos financeiros. Essa empresa é controlada pela Alemanha e a França, com a Inglaterra por trás, em primeiro lugar.
Nenhum dinheiro é repassado para a Grécia, mas ele é direcionado imediatamente para essa empresa que, por meio do BCE, o repassa para os grandes bancos a taxas de juros nulas.
A dívida pública grega nunca foi auditada. As pequenas olhadinhas que têm sido dadas mostram um grau de podridão e corrupção "legalizadas" extremamente repugnantes. E não se trata de nenhuma excessão. Tratam-se dos mesmos mecanismos podres que existem no Brasil, onde somente os serviços de pagamentos da "nossa" corrupta e podre dívida pública (juros e amortizações) consomem quase a metade do orçamento público. O mesmo nos Estados Unidos, na Europa, na América Latina e no mundo.
O sistema capitalista tem levado o parasitismo a um grau extremo. Os nefastos derivativos financeiros movimentam em torno de 15 vezes o PIB mundial, enquanto a recessão industrial avança a passos largos em todo o mundo.
O que está colocado é sair ou não sair da crise. Os mecanismos do capitalismo parasitário somente conduzem a mais crise. A esquerda oportunista integrada ao regime não rompe, nem tem condições de romper, com esses mecanismos, devido ao caráter de classe.
Para o próximo período está colocado um novo colapso capitalista de larguíssimas proporções que, inevitavelmente, colocará em movimento, novamente, o movimento operário mundial.