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houthiYémen - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A al-Qaeda e os Houthis, ser ou não ser...


Hussein Badr al Din al-Houthi, líder zaidi que inspirou os guerrilheiros do grupo que leva seu nome. Foto: Wikimedia Commons.

Os Houthis colocaram abaixo o governo do Zaidis, em setembro do ano passado, em apenas alguns dias.

Os Houthis pertencem aos Zaidis, um dos agrupamentos xiitas, que representa a minoria dos habitantes do Iêmen, um país onde predominam os sunitas.

Os Zaidis tinham governado o Iêmen durante mais de mil anos, até a revolução de 1962. O país acabou dividido em dois, até 1992, quando foi reunificado. Mas os Zaidis ficaram fora do poder. Em 2004, uma das principais lideranças Zaidis, Hussein Badr al Din al-Houthi, encabeçou um levante que pedia a autonomia do norte. Houthi foi assassinado pelo exército. Os seguidores adotaram seu nome e tomaram o caminho da luta armada. Em 2010, foi acordado um cessar-fogo. O ex-presidente do país, Ali Abdullah Saleh, estabeceu uma ditadura feroz e combateu os Houthis durante os seis anos da luta armada. Após as maciças manifestações de 2011, os Houthis aproveitaram a oportunidade e consolidaram o controle do norte.

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Em julho de 2014, quando o governo eliminou os subsídios sobre os combustíveis, eclodiram novas manifestações de massa. Os Houthis se estabeleceram como um partido político que, seguindo o exemplo do Hizbollah libanês, se valeu do controle dos aparatos de segurança, no norte do país, para se tornar uma força militar combatente de primeira ordem.

No sul do país, os Houthis mantêm importantes contradições com o movimento separatista al-Hirak. O mesmo acontece com o Partido Islah, o braço da Irmandade Muçulmana, que é apoiado pelo Catar. Os combates com a AQPA (al-Qaeda na Península Arábica), que controla as regiões centrais do Iêmen, têm se tornado cada vez mais acirrados.

A al-Qaeda no Iêmen: um mal menor?

A reação, encabeçada pela monarquia saudita e o imperialismo norte-americano tem aplicado, no Iêmen, a mesma política aplicada na Síria. As organizações locais ligadas à al-Qaeda não têm sido atacadas e, por meio de acordos práticos, têm sido direcionadas contra os inimigos comuns, no caso do Iêmen, as milícias ligadas ao Irã. No início do mês de abril, a al-Qaeda tomou o controle da cidade de Manwakh, localizada na fronteira com a Arábia Saudita.

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As contradições entre os vários grupos, longe de diminuírem, só têm crescido. A al-Qaeda avançou sobre a cidade de Lawder, um ponto estratégico no acesso a Saada (a capital da província de mesmo nome) e o porto de Aden. Os Houthis avançaram sobre Ataq e tribos locais se uniram para expulsar a al-Qaeda de Mukalla.

A luta para controlar a rodovia que une Aden a Taiz, assim como a base militar de Al Anad, que se encontra na metade do caminho, foi particularmente sangrenta. O suprimento de Aden passa por essa rodovia.

Os confrontos aconteceram em várias frentes em Aden, mas também em várias regiões do sul do Iêmen, ao mesmo tempo que foram se expandindo para o leste, onde estão localizadas zonas petrolíferas.

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O exército se encontra dividido. Alguma brigadas lutam pelos Houthis e Hadi. Outras, do lado de Saleh. A al-Qaeda, se valendo do caos estabelecido, além de ter tomado Mukalla, também tomou a base militar de Riyan e o terminal de exportação de petróleo de al-Dhaba.

No dia 15 de julho, o líder da al-Qaeda no Iêmen foi assassinado por um míssil norte-americano.

Ao mesmo tempo que a frente única com a al-Qaeda trouxe o fortalecimento militar em campo para os Sadi e os sauditas, as contradições com as tribos que o apoiam aumentaram, devido aos conflitos com a al-Qaeda.

A situação política no Iêmen evolui para uma maior desestabilização. A Arábia Saudita está sendo “comprimida” pelo sul e também a partir do norte, tendo a Síria como epicentro. O avanço da crise sobre o coração do Oriente Médio tem o potencial de desenvolver as tendências revolucionárias nos países desenvolvidos devido ao controle sobre o petróleo. Este é o principal sentido das chamadas revoluções árabes.


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