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al nusraSíria - Diário Liberdade - Quais são as forças que se enfrentam na Síria? – A Al Nusra, o ESL e os Drusos


Jabhat al-Nusra (a al-Qaeda na Síria) não é considerada uma organização terrorista, nem pelos Estados Unidos nem pela Europa. Foto: Times Asi/Flickr (CC BY 2.0)

[Alejandro Acosta] Há dois anos, a Administração Obama anunciou que passaria a fornecer armas diretamente aos setores pró-imperialistas do ESL (Exercito Sírio Livre). Recentemente, a União Europeia levantou o embargo de armas para esses grupos.

Até o momento, o fluxo de armas tinha sido direcionado por meio das potências regionais, a Turquia, o Catar, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, através das fronteiras da Turquia e da Jordânia.

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A política do imperialismo mudou. Agora, não se trata mais de derrubar o regime de al-Assad, conforme o próprio Obama tinha declarado em agosto de 2011, mas de forçar uma negociação entre o governo e os setores guerrilheiros pró-imperialistas, com o objetivo de garantir uma certa estabilização na região, o que passa pela derrota militar, ou, pelo menos, pela contenção do Estado Islâmico (EI). Dentro dessa frente única cabe até a Jabhat al-Nusra (a al-Qaeda na Síria), que não é considerada como uma organização terrorista, nem pelos Estados Unidos nem pela Europa.

Essa política tem conseguido algumas vitórias. Com a ajuda das Unidades de Proteção do Povo (YPG) curdas, o ESL avança contra Raqqa, que representa a capital do chamado Califado do EI, após ter tomado, no dia 22 de junho, a base da 93ª Brigada, localizada perto de Ain Issa, a apenas 55 quilômetros de Raqaa. O EI tem sido obrigado a realocar combatentes para Raqqa e Aleppo, o que levou a avanços do governo na periferia de Palmyra e Deir el-Zour.

A situação na Síria, no Iraque e no Oriente Médio está muito longe de ser estabilizada. A crescente “somalização” da Síria cresce sobre o Iraque e tende a se expandir em direção ao coração da região, a Arábia Saudita.

Queda de Idlib: o Governo de al-Assad em xeque

Após a tomada da cidade de Idlib, no final de março, por Jabhat al-Nusra, o grupo passou a aglutinar outros grupos apoiados pelo imperialismo (Frente dos Revolucionários Sírios e Harakat Hazm) e Ahrar al-Sham. Após apenas quatro dias de ofensivas, o regime de al-Assad foi colocado em xeque.

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Idlib é a capital da província do mesmo nome, localizada na região noroeste do país. Ela foi a terceira capital provincial que o governo perdeu após o Estado Islâmico ter tomado a base aérea de Tabqa (leste), no dia 24 de agosto do ano passado, e outros grupos terem tomado Quneitra (sul), que se somaram à tomada de importantes bases militares localizadas em Maarat al-Nuaman (Wadi Deif e Hamadiyah) após nove meses de fortes batalhas. Considerável quantidade de armas, mísseis, tanques, peças de artilharia, munições e combustível passou para as mãos dos guerrilheiros.

Os guerrilheiros avançam no sul do país, na tentativa de controlar integralmente a província de Quneitra. A ofensiva de Jaish al-Fateh na planície de al Ghab, em Hama, tem encontrado forte resistência do exército e dos aliados, pois abre as portas para o avanço sobre Damasco, a capital da Síria, a partir do sul.

Idlib tem sido transformada no ponto de partida para promover ataques em direção a Hama (sul), Aleppo (noroeste), com o fechamento da importante rodovia M5, e a província de Latakia (oeste), onde se concentra a população alauita que governa o país.

A “libianização” da Síria cresce a todo vapor, transformando-se em “somalização”, e mostra que mesmo a derrota do Estado Islâmico está longe de garantir alguma estabilidade para o país e a região. A desestabilização aumenta em direção ao coração do Oriente Médio, a Arábia Saudita, que representa um dos pilares fundamentais da sistema capitalista mundial. A crise no Iêmem colocou às portas da Província Oriental, habitada majoritariamente por xiitas e palco dos distúrbios que se seguiram ao estouro das revoluções árabes.

Daraa: a ofensiva no sul da Síria e a aceleração das contradições

O chamado Exército Sírio Livre, controlado pela Turquia e o Catar, com o imperialismo por trás, passou a controlar a província de Daraa, no sul. Depois que o Estado Islâmico expulsou Jabhat al-Nusra de Deir el-Zour, esse grupo passou a concentrar a atuação em Daraa, em conjunto com o ESL, aplicando fortes derrotas ao exército. Em alguns lugares somente conseguiram ser contidos, como em Sheikh Miskin, devido ao envolvimento da milícia libanesa do Hizbollah. A relativa lentidão do avanço militar contra o governo no sul se deve a que, tanto Daraa como Quneitra, se encontram fortemente fortificadas porque fazem parte das fronteiras das Colinas de Golã, que se encontram controladas pelos sionistas israelenses.

As contradições entre Jabhat al-Nusra e a chamada Frente do Sul têm acelerado. O problema se relaciona com a disputa pelo apoio das potências estrangeiras, o que ficaria facilitado pela demonstração de força na conquista da capital da província, Nova Quneitra.

O ESL se tornou uma força militar de primeira ordem na Síria, com o controle de Daraa, Quneitra e Sweida, após ter recebido o apoio direto, no sul, da Arábia Saudita, da Jordânia e dos Estados Unidos, como parte de um acordo com os “apoiadores naturais”, os governos da Turquia, do Catar e do imperialismo europeu.

O ESL tentou chegar a um acordo com os drusos, que habitam majoritariamente a província de Sweida. Os drusos representam uma ramificação do Islã que tem 700 mil pessoas na Síria, 215 mil no Líbano e 140 mil em Israel. Eles são considerados como uma seita herética pela al-Nusra e pelo Estado Islâmico.

O Partido Socialista Progressista Druso, do Líbano, tem se movimentado enviando representantes para a Jordânia e a Turquia na busca de apoio. Após as derrotas do exército, as contradições entre o governo alauita e a minoria drusa aumentaram. Houve resistência ao recrutamento e o governo retirou as armas pesadas de Sweida.

O ESL, após meses de preparativos, no dia 9 de junho, lançou uma ofensiva contra a base militar de Thalah, derrotou a 52ª Brigada Mecanizada, e tomou um volume importante de armas de vários tipos, inclusive pesadas. O governo foi colocado em xeque e os drusos foram empurrados ao centro do conflito. Eles tinham evitado se posicionar abertamente do lado do governo na guerra. Mas o avanço do ESL no sul abriu a ameaça não somente da perda da autonomia, mas de um massacre caso os grupos guerrilheiros muçulmanos avançassem contra o ESL. O pânico escalou, após o dia 10 de junho, quando Jabhat al-Nusra assassinou 20 camponeses drusos num vilarejo do noroeste.

Os drusos acabaram se reaproximando do governo de al-Assad. No dia 11 de junho, o exército conseguiu retomar partes da base aérea de Thala, em Sweida, com o apoio da minoria drusa.


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