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kurdoTurquia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O grande destaque nas recentes eleições presidenciais na Turquia foi o avanço eleitoral do partido curdo, o PDG (Partiya Demokratik a Gelan), que obteve quase 13% dos votos, ou 80 deputados de um total de 550. E esses votos não somente foram obtidos na Anatólia Oriental, o reduto curdo, mas também em importantes cidades turcas como Ankara e Istambul, o que revela o desvio de votos do AKP para a esquerda e o enfraquecimento dos mecanismos de controle que estão colocados em pé.


Foto: Mustafa Khayat (CC BY-ND 2.0)

O PDG é uma frente de cunho social-democrata, reformista, que conta com o apoio do PKK (Partido dos Trabalhadores), o grupo guerrilheiro curdo que tem negociado um cessar-fogo com o governo Erdogan. As bandeiras são tímidas, considerando a gravidade da situação do povo curdo, e incluem a renúncia programática à independência do Curdistão. O líder do Partido, Selahattin Demirtas, aparece como um Alexis Tsipras (o líder do Syriza grego) ou um Pablo Iglesias (o líder do Podemos espanhol), ou seja, um jovem que tem muitas promessas, mas também a impossibilidade de cumpri-las porque não é capaz de romper com a burguesia local e o imperialismo.

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Erdogan não conseguiu capitalizar as negociações com os curdos, apesar da alta dose de demagogia sobre o "vilayet", o status de semiautonomia que promete outorgar ao Curdistão turco. Na prática, as promessas têm se materializado, a partir de março de 2014, na permissão do uso do idioma curdo nas escolas, na literatura e nas campanhas políticas, além do rebaixamento das condições para acessar o fundo partidário turco, que permitiram capitalizar o PDG nas eleições.

A política exterior turca para o Oriente Médio tem funcionado como uma espécie de bumerangue em relação à política interna. O apoio semivelado ao Estado Islâmico e aberto ao Exército Sírio Livre tem impulsionado não somente o separatismo curdo como também o nacionalismo turco.

O desarmamento do PKK fracassou. As concessões foram muito poucas. Ao mesmo tempo, o MHP também pegou carona na atual situação política e capitalizou parte do poder eleitoral.

O AKP, na prática, congelou as negociações de paz com os curdos. A retomada pode ser uma carta que pode ser usada por Erdogan, da mesma maneira que a estabilização da Anatólia Oriental a partir do cessar-fogo tem sido colocada na base do impulso à política de converter a Turquia num nó (hub) para o trânsito de gás para a Europa.

Da mesma maneira que acontece na Rússia e na China, o imperialismo corre por fora na tentativa de derrubar os governos de cunho nacionalistas e impor governos imperialistas. Mas a evolução da situação política poderá mudar conforme a crise capitalista continuar se desenvolvendo. Ao mesmo tempo, a burguesia deverá enfrentar a retomada do movimento de massas.

No próximo período, deverá ser analisado o fôlego de Erdogan para cooptar o PDG, o que já tem feito, de maneira parcial e contraditória com o PKK, e a evolução das contradições com o MHP (Partido de Ação Nacionalista), que é anticurdo e propõe a recomposição do império otomano, principalmente a partir da Ásia Central. Uma aproximação muito forte com o MHP pode reacender a luta armada do PKK.

Alejandro Acosta está atualmente no Leste Europeu acompanhando os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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