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151010_pamMoçambique - Canalmoz - Desde o dia 1 de Outubro corrente que o Governo está a contribuir com 200 meticais de subsídio a cada saco de 50 quilos de trigo adquirido pelos panificadores. A medida visa reduzir o custo do pão, que está insuportável para os bolsos da esmagadora maioria dos cidadãos. Mas, conforme a nossa reportagem apurou junto das padarias e dos cidadãos, o subsídio do Governo para nada serve.


É que a maioria das padarias nas cidades de Maputo e Matola, reduziram o tamanho do pão. O preço do pão inalterado, apesar do dito subsídio está a traduzir-se afinal em menos pão. Na prática, isso significa que o preço do pão aumentou.
A medida do Governo de subsidiar o preço do pão foi resultado das manifestações populares que paralisaram as cidades de Maputo e Matola, entre 1 e 3 de Setembro do corrente ano.
O subsídio, convém ainda dizer, só está a ser atribuído a padarias filiadas em associações de panificadores e estas representam uma ínfima parte dos que se dedicam a esta indústria.
Cidadãos ouvidos pelo Canalmoz, afirmam que só meia dúzia de padarias é que cumpre com o peso estabelecido pelo Governo que exerce a tutela sobre o sector através do Ministério da Indústria e Comércio.

Laulane

Por exemplo, os clientes interpelados na Padaria Chilaule, no bairro de Laulane, em Maputo-Cidade, disseram-nos que desde 2008 o tamanho do pão tem vindo a diminuir.
Referiram os consumidores de Laulane que a justificação dada pelas padarias é que de lá a esta parte, o preço do trigo não pára de subir. Além do factor preço da farinha, alegam que os custos de água, lenha, energia, fermentos e vitaminas estão a sufocar a indústria panificadora.
Argumentam os panificadores que não é só o preço da farinha que está a obrigar a que o preço do pão não possa manter-se sem subir.

Zona Verde

Já na padaria Zona Verde, no município da Matola, para além da redução de alguns gramas no peso do pão que entretanto mantém o preço, os clientes desta queixaram-se da imundice com que se coabita naquela padaria desde a amassadeira, passando pelo forno até ao balcão.
"O tamanho reduziu significativamente nesta padaria. Outro problema que nos aflige é a falta de higiene", queixa-se um dos clientes convidando a inspecção da saúde a visitar o local. Outros repetem o refrão.
As fontes afirmaram que esta padaria e outras tantas não usam balanças. "As aferições das balanças são anuais, mas como ninguém fiscaliza, as padarias fazem o que lhes apetece".
"Muitas padarias já não usam balanças. As inspecções da indústria ou estão em sono profundo, ou estão dentro do sistema", acusam.

"25 de Junho"

A Padaria 25 de Junho, no bairro com o mesmo nome, foi descrita pelos seus clientes como sendo uma das melhores padarias a nível daquele distrito municipal, quer pela qualidade do pão, quer pelo respeito e cumprimento do peso regulamentado. "Não posso dizer nada, se os gramas foram reduzidos ou não, pois não vejo diferença. Se reduziram não sentimos. A qualidade do pão nesta padaria é excelente'', disse Flávio Cutana.
Esta padaria tem um depósito no Benfica cujo preço varia entre 7.5 e 5.5 meticais. Querendo saber porquê 7,50 MT, uma das trabalhadoras disse-nos que "este pão ultrapassava o peso exigido". Alegou, entretanto que "o pão de 250 gramas também é vendido aqui e custa 6.5 meticais".

Matola "A"

Na Padaria Bakar, no bairro da Matola "A'', o tamanho do pão continua o mesmo e o preço varia entre 5 e 6 meticais. Daúde Mussa, cliente, contou que apesar do aumento do preço do saco de farinha que nos últimos meses passou de 790 meticais para 1100 meticais, o tamanho continua o mesmo. O subsidio do Governo é de 200,00 MT por saco de farinha de 50 Kgs. O subsídio, recorde-se, é atribuído não na compra do saco na industria de farinação, mas sim através das associações de padarias. Quem não está filiado não recebe subsídio.
"Os importadores do trigo dizem que as calamidades que afectam grande parte da Rússia e Ucrânia, a procura do cereal a nível mundial e os custos de transporte contribuíram para o agravamento do preço'', reitera um consumidor, como que a alegar que o caso é complicado.

"Benfica"

Já os clientes da padaria Pão de Lenha, no bairro do Benfica, disseram que reduziram alguns gramas sobre o pão de 6.5 meticais, por sinal o mais concorrido. "O grande problema no sector da indústria panificadora é a fiscalização'', disse um dos clientes desta padaria afirmando que antes de à Polícia Municipal serem retirados poderes de fiscalizar as padarias e aos estabelecimentos comerciantes, a situação estava controlada.
"O controlo de aferição das balanças era constante. Agora não. Enquanto a fiscalização não for eficiente isto não vai passar do discurso", disse-nos um cliente, sugerindo que devia haver um trabalho conjunto entre o Conselho Municipal, a Direcção de Saúde e a Direcção da Indústria e Comércio. Referiu que algumas padarias não tem amassadeira e "a ranhura do pão às vezes é feita com uma lâmina e não com uma faca como devia ser comprometendo a higiene".

Bairro Central

Na Padaria Aliança, no bairro Central, os clientes disseram que na primeira semana do mês passado, o preço do pão tinha subido um pouco, mas a partir da altura que o Governo anunciou o subsidio, o preço baixou e o peso também se manteve.
"Nos primeiros dias após o anúncio da medida, o tamanho havia reduzido. Mas depois aumentou, ficámos prejudicados porque foram alguns gramas que haviam reduzido'', disse-nos um consumidor presente, sublinhando que um dos desejos da direcção da Indústria e Comércio é que estes factores (peso e tamanho) sejam controlados.
Cabe ao Governo garantir que o dinheiro de subsídio ao preço do pão beneficie efectivamente aos cidadãos e não aos padeiros que recebem o valor de subsídio e ainda vendem o pão ao preço ao seu gosto, defenderam de uma forma geral os consumidores que auscultámos em diversas zonas de Maputo e Matola.
Apesar de todos as reclamações e de tudo o que o Governo está a anunciar como medidas paliativas, os problemas com o pão subsistem, com tendência para se agravarem enquanto não for feito outro tipo de abordagem para se desagravar os efeitos no consumidor que, entretanto, desespera com o custo de vida constante e imparavelmente a subir. E a questão não é só pão.


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