"À meia noite do dia 21 de setembro”, informava na altura o comunicado do grupo Liberdade aos Presos Políticos em Angola, "Domingos da Cruz, Inocêncio de Brito, Luaty Beirão e Sedrick de Carvalho tomaram a decisão extrema de iniciar uma greve de fome".
A 15 de outubro a greve de fome continua, com ativistas como Luaty Beirão em estado de saúde grave - mesmo houve boatos sobre a alegada morte do também músico, mas foram desmentidos pela família. Luaty Beirão, em entrevista ao Diário Liberdade em 2013, considerava que em Angola "a mudança é irreversível". "A juventude despertou e não mais estará disposta a calar-se, por mais que nos batam, que nos fraturem cabeças, que nos metam cocaína na bagagem, que nos raptem, que nos assassinem", acrescentava na altura.
O irmão mais novo do activista, Pedro Coquenaua confirmou à VOA que o estado de saúde de Luaty é grave e que só voltará a comer quando a justiça for feita. Coquenaua revelou que o irmão teve exames médicos e que continua a ser transportado em cadeira de rodas.
Questionado pela VOA sobre o espancamento, na semana passada, do ativista Benedito Jeremias por ordens do director-adjunto da Cadeia de São Paulo, como denunciou a companheira do detido, o porta-voz da Direção Nacional angolana dos Serviços Prisionais negou que o director-adjunto tenha orientado qualquer espancamento. Menezes Kassoma disse que a guarda prisional agiu em defesa do ativista porque, alegadamente, Benedito Jeremias queria suicidar-se. No entanto, isso não condiz a versão da companheira de Benedito Jeremias acusou os guardas de torturarem o activista ao ponto de ter feridas no corpo e graves inflamações devido às agressões.
Acusação grave
Em junho, foram presos em Luanda 15 ativistas cívicos que estavam reunidos numa residência particular para ler e discutir um livro sobre técnicas de ação não violenta visando a substituição de regimes ditatoriais. Alguns destes ativistas tornaram-se conhecidos nos últimos anos ao participarem em diversas manifestações, a favor da democratização e pacificação de Angola, e de um desenvolvimento social mais justo. Tais manifestações foram sempre duramente reprimidas pela polícia.
O governo angolano acusou os jovens de atentar contra a ordem pública e segurança de estado. Num discurso público, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos veio caucionar a acusação, associando-a ao que se passara com os trágicos acontecimentos de 27 de Maio de 1977.
Pessoas detidas por tentativa de golpe de Estado são, naturalmente, presos políticos. “A situação é urgente. Nenhuma pessoa pode sentir-se livre sabendo que há, algures, outras pessoas presas por sonharem com um mundo mais justo. Nós partilhamos desse mesmo sonho que levou os jovens à cadeia, o mesmo sonho que agora pode custar-lhes a vida”, conclui o comunicado.
Com informações do Diário Liberdade, do Esquerda.net e da VOA