Foto de Greg Scruggs para o Diário Liberdade - Luaty Beirão.
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Com o título ''Fears for Angolan rapper on hunger strike as heath deteriorates'' (receios por ''rapper'' angolano em greve de fome enquanto a saúde deteriora), o jornal britânico recupera uma entrevista concedida pelo ativista ao jornal luso antes da sua detenção há cerca de quatro meses.
Igualmente conhecido como Ikonoklasta, o ''rapper'' tem também nacionalidade portuguesa e foi detido em 20 de junho por forças de segurança angolanas, na capital, Luanda, juntamente com outros 12 ativistas políticos e dos direitos humanos acusados de prepararem uma “rebelião” e “tentativa de golpe de estado'' em Angola.
Como forma de protesto contra a acusação vários dos ativistas iniciaram greve de fome a 20 de setembro mas, segundo a Amnistia Internacional, passadas três semanas a maioria desistiu e apenas Luaty Beirão permaneceu.
De acordo com o ''Guardian'', o ativista vem protestanto contra o presidente José Eduardo dos Santos e o seu governo, reivindicando uma mudança urgente no país que a 11 de novembro próximo comemora 40 anos de independência.
''Precisamos de sangue novo, ideias novas e pessoas novas com coragem para fazer coisas de forma diferente'', disse. Segundo ele, o problema já está identificado: ''a atual elite não tem nada mais a acrescentar, eles devem reconhecer que serviram o país, se serviram dele e agora é tempo de passar o testemunho''.
Filho de um falecido político próximo ao presidente de Angola, Beirão se distanciou do pai ao afirmar inequivocamente não ser ''filho do regime''. ''A genética nada tem a ver com os pontos de vista que subscrevo... e não entendo como ela me pode forçar a seguir a linha de pensamento do meu pai'', explicou.
Segundo o jornal britânico, nos seus concertos, o ''rapper'' tem criticado frequentemente a classe política angolana, tendo sido detido várias vezes pela polícia devido às suas opiniões frontais contra o governo dirigido pelo MPLA, com José dos Santos há 36 anos no poder como presidente.
Últimas informações dão conta que o ativista, de 33 anos, foi na sexta-feira transferido, ''por precaução'', do hospital-prisão onde estava internado desde 9 de outubro para uma clínica privada e que o mesmo não corre o risco de morrer na medida em que, apesar de entrar hoje no 26.º dia de greve de fome, seu estado de saúde ''continua estável''.
*Jornalista freelance e colunista residente em Londres