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Chapéu do Eibar no Roi Xordo de AlharizGaliza - PGL - [David Vila] “On egin” esan zuen a mulher que trouxe o polvo à mesa. “Hemen ezin da korrika egin, Iosu!” disse-lhe o pai ao miúdo que andava a saltar ao pé do gaiteiro na feira do campo da barreira. Hau nahiko ez balitz, ontem vi um bar onde tinham a bandeira do Athletic e outro onde tinham um cachecol do S.D. Eibar.


Poderia estar a falar de Ermua—e se calhar pode que esteja porque muitos vêm justamente de ali—mas estou a falar de Alhariz—e do Allariz, com as grafias castelhanas. Ainda me lembro de quando no Roi Xordo—herriko taberna baten antza duen ostatu batetan—tiveram uma banda de blues e ao terminarem o show todo o mundo berrou: “beste bat, beste bat, beste bat!”.

Toda a gente sabe que houve uma grande emigração de galegos a Euskal Herria e que há centros galegos em Barakaldo, Eibar, Ermua, etc. Só temos de ir a Matiena para encontrarmos uma praça chamada “Praça de Galiza”, onde também está o “Bar Verin” e vermos o grafite que diz “Galiza Ceive” –o equivalente a “Euskadi Askatuta” na Galiza—ou visitarmos O Botafumeiro e o hotel O Camiño em Durango. Até duas das bandas mais famosas do movimento que alguns chamaram de “rock radical basco” têm uma grande percentagem de galegos. Evaristo Páramos, La Pollaren abeslari ohia, eta Eskorbutoko Iosu eta Jualma eram galegos ou de pais galegos.

O que, se calhar, não é tão conhecido é a grande quantidade de basco-galegos ou galego-bascos que saíram destes movimentos migratórios, os quais agora voltam de férias à Galiza com os seus filhos. É incrível mas certo: em Alhariz temos mais probabilidade de ouvirmos galego e euskera do que castelhano. Beharbada, horrexegatik esan zuten os de La Polla que “no somos nada” e os de Eskorbuto que eram “anti-todo”. Nem de aqui, nem de ali. Bardin da.

Já não fica claro quem é o maqueto e parece que as identidades deconstruiram-se para se mergulharem numa área escura indefinível. Os que sempre foram galegos em Euskadi mas bascos na Galiza já não sabem nem de onde é que são. Seria ótimo termos rapazes que medrassem a falar euskera e galego, e também inglês, francês e o que for. Um dos projetos mais ambiciosos que já está a dar os seus frutos em Euskadi é o grupo que surdiu em Bilbao chamado “Galizaleak”. Neste projeto participam galegos emigrados a Euskal Herria, filhos de galegos que nasceram no Pais Basco, e outras pessoas que têm interesse polas culturas de ambos os povos. Como sabedes, os basco-galegos e os galego-bascos nascemos e vivemos onde nos peta. Será que Abadiño é também um diminutivo galego de Abad?

Os dias 29 e 30 de maio Galizaleak celebraram as suas “Galizako Jardunaldiak” Bilbon. Nelas musika, janaria, ipuin kontalariak eta Galizarekin zerikusia duten beste gauza asko ikusi genituen. Hori bai, o que não vimos foi o ar caduco sobre a Galiza que mostra a ETB os domingos com a emissão de Luar. E é esse justamente um dos principais objetivos desta associação. Galiza não é um povo sentimental, rural, pobre mas contente, onde todo o mundo come polvo e empanada, e vai a escola de burro com uma gaita de foles. Galizaleak trouxeram a Sechu Sende, Garcia MC de Dios Ke Te Crew e mostraram uma face diferente e mais moderna da que nos têm habituados os centros galegos de Euskadi. Ademais disto, outra das atividades mais interessantes foi a do ipuin kontalaria que levaram, com o qual as crianças basco-galegas puderam ouvir contos em galego no mesmo centro de Bilbo. E é que até o Kepa Junkera começou a aproximar-se da cultura galega misturando música tradicional galega com a basca no seu álbum Galiza. 

Seria bem bonito vermos rapazes que, embora tivessem nascido em Euskal Herria e vivessem ali, falassem galego com os seus pais e outros galegos do mesmo jeito que euskera com os falantes bascos. Rapazes que falariam euskera, galego e castelhano de jeito nativo e que além disso estudariam depois inglês, francês e o que for. Para isso acontecer é importante, sobretudo, percebermos que um falante de galego pode-se comunicar com todo o mundo lusófono e que não falar-lhes galego aos filhos é priva-los de todo o universo cultural e social que se desenvolve em língua portuguesa. Embora estes filhos tenham nascido e vivam no Pais Basco é importantíssimo que os pais lhes falem galego. De facto, os galegos da diáspora têm uma vantagem enorme: não terem sido educados polo ensino galego e a sua normativa de língua desgaleguizadora. Aliás, se o hino galego foi composto em Cuba, Cantares galegos de Rosalia de Castro foi publicado na Havana, o Grupo galego de Roma nasceu na Itália, e Sempre em Galiza de Castelao publicou-se em Buenos Aires, se calhar o futuro da língua e cultura galegas depende mais da diáspora e dos neo-falantes do que acostumamos a pensar.

Seja como for e já para terminar, enquanto continua esta mestiçagem e o verão em Alhariz se enche de basco-galegos e galego-bascos, aguardamos com ânsia o dia no qual, assim como no Pais Basco festejamos o dia das letras galegas e temos milheiros de centros galegos e casas de Galiza, festejemos em Alhariz também a cultura basca e comecemos a ver restaurantes e Euskal Etxes nos quais comer um talo com chouriço, polvo à feira, txakoli, sagardo, alvarinho, patxaran e aguardente de ervas. Tudo bem misturado e sem preconceito nenhum nesta parte do planeta onde o mundo se chama diáspora.


Foto: Bar com chapeu do Eibar

 

 


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