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230511_spdUnião Europeia - WSWS - [Peter Schwarz] Ao descontinuar os procedimentos de expulsão de Thilo Sarrazin e manter este racista assumido nas fileiras do Partido Social-Democrata (SPD), a social-democracia alemã deu um grande giro à direita.


Sarrazin, antigo senador de finanças do governo municipal de Berlim e diretor do Bundesbank (Banco Central alemão), defende teorias social-darwinistas e racistas - opiniões que, desde a derrota de Hitler, só foram sustentadas na Alemanha por pequenos grupos neonazistas extremistas. Em seu livro A Alemanha abole-se a si mesma, amplamente vendido, Sarrazin acusa os imigrantes muçulmanos de virem de uma longa tradição de procriação consanguínea e de expressarem uma deficiência genética de inteligência. Ele faz um alerta contra a conquista da Alemanha "por meio da fertilidade" e reivindica limites estritos de imigração.

Além disso, no espírito das leis raciais de Nuremberg, ele afirma que todos os judeus compartilham um gene específico.

O SPD justifica sua reconciliação com Sarrazin com considerações eleitorais e "respeito a diferentes opiniões". Na realidade, o partido está dando uma resposta a mudanças de fundamento econômico e social. O giro à direita do SPD é parte de um desenvolvimento pan-europeu.

Cada vez mais, partidos tradicionais à direita e à esquerda no espectro político burguês estão se tornando adeptos do nacionalismo, anti-islamismo e outras formas de racismo em seus programas políticos, reconciliando-se com partidos da extrema-direita. A mídia contribui para esse desenvolvimento da extrema-direita ao promover pregadores do ódio direitistas como Sarrazin e Marine Le Pen, o presidente da Frente Nacional Francesa (FN).

Na Hungria, o partido no poder, Fidesz - um membro proeminente do Partido dos Povos Europeus, que inclui também a União Democrática Cristã Alemã/União Social Cristã (CDU/CSU) e a União por um Movimento Popular (UMP) da França - está promovendo, por meio de suas políticas, um nacionalismo arcaico. O governo Fidesz restringiu a liberdade de imprensa e concordou com uma nova constituição aos moldes da autoritária e antissemita ditadura Horthy. Nas ruas, a milícia paramilitar fascista do partido Jobbik é autorizada a caçar ciganos e outras minorias e aterrorizar vilarejos inteiros.

Na Itália, Suíça e provavelmente em breve na Finlândia, partidos xenófobos estão no poder. Na Holanda e na Dinamarca, governos conservadores apoiam-se em parlamentares da extrema-direita.

Nas pesquisas de opinião francesas, a neofascista FN já ultrapassou os governistas do UMP. Se as eleições presidenciais acontecessem amanhã, o candidato pela FN, Marine Le Pen, provavelmente teria o segundo lugar e chegaria ao segundo-turno. O crescimento da FN foi incentivado pelas campanhas anti-islâmicas do governo Sarkozy. Em alguns casos - como o da proibição do véu islâmico em escolas e do banimento da burca -, essas campanhas também foram apoiadas pelo Partido Socialista Francês e seus satélites de "esquerda".

Com seu giro à extrema-direita, a burguesia europeia está respondendo à crise financeira internacional e ao aumento dos antagonismos nacionais na Europa.

Trinta anos atrás, eles viraram as costas às políticas de reformas sociais que haviam dominado o período do pós-guerra. Desde então, eles se apoiam nos partidos stalinistas e social-democratas, nos sindicatos e seus apoiadores entre a antiga "esquerda" radical para rebaixar salários e benefícios, mantendo a classe trabalhadora em xeque.

Os governos do Partido Social-Democrata sob Miterrand e Jospin na França, o governo do Labour sob Tony Blair na Grã Bretanha, a coligação Partido Verde-SPD sob Schröder na Alemanha presidiram uma enorme redistribuição de renda e riquezas para o benefício dos ricos. Os sindicatos ou suprimiram completamente a luta de classes ou limitaram-na a impotentes protestos. Isso desacreditou fortemente essas organizações. O número de seus filiados e votantes caiu drasticamente e eles mal encontram algum apoio entre a juventude.

A crise financeira de 2008 levou o capital europeu a embarcar em uma nova ofensiva contra a classe trabalhadora, ofuscando todos os seus esforços anteriores. Enquanto os lucros e bônus das diretorias batem novos recordes, as condições de vida dos trabalhadores sofrem gerações de defasagem. O que se iniciou com os programas de cortes na Grécia, Irlanda, Portugal e vários outros países do Leste Europeu está agora se transformando em um parâmetro a ser seguido por toda a Europa.

Para levar esses ataques adiante, a burguesia continua a contar com o apoio dos antigos partidos reformistas, dos sindicatos e de seus seguidores ex-radicais. Mas, dada a fraqueza dessas organizações e o rápido crescimento das tensões de classe, a burguesia está sondando novos caminhos e preparando-se para a repressão violenta aos protestos de massa, daí seu apoio à extrema-direita. Isso se faz necessário para envenenar a atmosfera social, dividir a classe trabalhadora e mobilizar seu apoio a um Estado autoritário.

É sintomático que essa política receba apoio do SPD e dos sindicatos. Estas organizações de longa data perderam qualquer relação com a classe trabalhadora. Elas representam uma burocracia enriquecida e privilegiada, fortemente emaranhada nas tramas do aparato estatal e do grande capital, e que defende seus interesses até o fim. Como a manutenção de Sarrazin deixa claro, essas organizações respondem às crescentes tensões econômicas e sociais na Europa fomentando, elas próprias, a xenofobia e o nacionalismo.

A situação política na Europa modifica-se cada vez mais de acordo com os conflitos nacionais. Tensões entre a Alemanha e a França estão aumentando, as fronteiras externas da Europa estão sendo vedadas, as fronteiras internas sendo restabelecidas e os interesses da política externa - como aquele na Líbia - sendo defendidos por meios militares e bélicos. O futuro do Euro e da União Europeia estão em questão.

Logo após o irrompimento da Segunda Guerra Mundial, a Quarta Internacional caracterizou a situação mundial da seguinte maneira: "O mundo capitalista decadente está superpopulado. A questão de admitir mais cem refugiados torna-se um grande problema [...]. Em uma era de aviação, telégrafos, telefonia, rádio e televisão, viajar de um país a outro é paralisado por passaportes e vistos. O período de desperdício do comércio exterior e do declínio do comércio interior é, ao mesmo tempo, o mesmo período da intensificação monstruosa do nacionalismo e, principalmente, do antissemitismo".

Se fôssemos usar essas linhas para descrever a situação atual, precisaríamos apenas substituir o termo "antissemitismo" por "anti-islamismo". O crescimento dos conflitos nacionais e dos movimentos de extrema-direita é uma expressão da profunda crise da sociedade capitalista, que está mais uma vez dirigindo-se a um desastre histórico, a não ser que seja enfrentada pela classe trabalhadora.

Em contraste com os antigos partidos e sindicatos reformistas, a classe trabalhadora não está se movendo à direita, mas à esquerda. Sua oposição à orgia de enriquecimento capitalista, contra os cortes de direitos e a repressão política está - como na Tunísia e no Egito - caminhando para poderosas explosões sociais. O que falta é uma determinação e uma direção política.

A classe trabalhadora deve romper com os velhos partidos e sindicatos falidos e abandonar a ilusão de que eles podem ser forçados a adotar uma diferente linha política pela pressão vinda de baixo. Somente a unificação da classe trabalhadora europeia e internacional, com base em um programa socialista revolucionário, poderá oferecer um caminho para sair desse impasse. A Europa capitalista deve ser superada pelos Estados Unidos Socialistas da Europa. Isso requer a construção de seções do Comitê Internacional da Quarta Internacional por todo o continente.

(traduzido por movimentonn.org)


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