Ao longo desta semana está sendo exibida no Corredor Cultural, na Avenida Paulista, a mostra O inferno de Fausto, apresentando ao público paulista seis filmes de diferentes épocas e países, inspirados na lenda alemã de Fausto, o sábio alquimista que vende sua alma ao demônio em troca de juventude e conhecimento científico, história que tem ganhado diferentes versões literárias desde a Renascença, e teve sua expressão máxima na tragédia de Johann Wolfgang von Goethe. Na era do cinema, o mito ganhou também já dezenas de adaptações.
A produção mais antiga presente no ciclo é o clássico expressionista de 1926, O estudante de Praga, do alemão Henrik Galeen. O filme é adaptado do texto do alemão Hanns Heinz Ewers. Nessa história, Fausto é substituído pelo jovem estudante Balduin, que faz um trato com Scapinelli, um estranho usurário, para ter a atenção das mulheres.
Outro clássico do expressionismo alemão e um dos mais famosos, porém, o Fausto de F. W. Murnau, adaptado da tragédia de Goethe, também de 1926, não foi incluso na mostra.
De 1950, há o filme A Beleza do Diabo, do cineasta francês René Clair, uma adaptação fiel da obra de Goethe e um dos clássicos do cinema francês.
Há também duas adaptações hollywoodianas da obra. O Segundo Rosto, de 1966, de John Frankenheimer; eDoutor Faustus, de Richard Burton e Nevill Coghill.
O Segundo Rosto, filme bastante original, se passa nos Estados Unidos da década de 1960 e narra a trajetória do ricaço Arthur Hamilton quando ele decide abandonar seu trabalho, casa, esposa e filhos para começar uma nova vida. Hamilton contrata uma empresa especializada em realizar “renascimentos” de pessoas como ele. Após ser submetido a uma cirurgia plástica e ganhar um novo nome, Hamilton está pronto para iniciar essa segunda vida.
Doutor Faustus é uma adaptação direta da peça homônima do dramaturgo renascentista Christopher Marlowe. Dirigido e estrelado por Richard Burton, o filme é a produção mais fiel do mito alemão realizado pelo cinema norte-americano.
Também da década de 1960 é o filme brasileiro, Filme Demência, de Carlos Reichenbach. Livre adaptação da obra de Goethe, o filme acompanha os passos de Fausto, capitalista dono uma fábrica de cigarros. Quando a fábrica entra em falência, Fausto torna-se um depressivo crônico e passa a se refugiar em fantasias de sua infância até se decidir pelo suicídio. Na noite derradeira ele pega seu revolver e sai para uma volta na noite movimentada da cidade, em que se depara com um paraíso ilusório.
Por fim, a mostra inclui ainda a obra húngara Mefisto, de 1981, dirigida por Istvan Szabo. A produção acompanha a derrocada moral de um grande ator alemão durante sua ascensão como um dos mais destacados atores da Alemanha – prestígio que ele conquista a partir de sua interpretação como Mefistófeles nos palcos. No processo, porém, o Partido Nacional Socialista ascende ao poder na Alemanha disposto a glorificar todos os intelectuais arianos dispostos a defender o III Reich.
A mostra O inferno de Fausto, iniciada no último domingo, exibirá um filme por dia, se estendendo até a próxima sexta-feira. Das obras presentes na programação, Filme Demência e O estudante de Praga já foram exibidos. Os demais ainda podem ser conferidos. Veja a programação abaixo.
Programação:
3 de julho – terça-feira
21h20 – Doutor Faustus
4 de julho – quarta-feira
21h20 – A beleza do diabo
5 de julho – quinta-feira
19h20 – O segundo rosto
6 de julho – sexta-feira
21h20 – Mefisto
Serviço:
O inferno de Fausto
Cinema Reserva Cultural
Av. Paulista, 900.
De 1 a 6 de julho.
R$ 12,00 (estudantes pagam meia entrada).
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