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santosColômbia - Opera Mundi - [Vanessa Martina Silva] Guerrilha ainda não assumiu responsabilidade por sumiço de general; Santos interrompeu negociação na noite de domingo.


Foto: Presidente Juan Manuel Santos durante anúncio da suspensão dos Diálogos de Paz em Havana neste domingo (16/11). Por Efe.

Um militar, vestido de civil e desarmado, rompe todos os protocolos de segurança em meio a uma guerra e é supostamente sequestrado pelo grupo que combate. Assim começa a história que pode significar o fim dos Diálogos de Paz de Havana, entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), caso não sejam esclarecidas as reais motivações e fatos por trás do possível sequestro do general Rubén Darío Alzate Mora, comandante da Tarefa Conjunta Titã, realizado neste domingo (16/11).

Após o anúncio de que Rubén Alzate desapareceu no departamento (estado) de Chocó, na fronteira com o Panamá, em região controlada pela Frente 34 das FARC, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou a suspensão, unilateral, dos Diálogos de Paz travados com a guerrilha em Havana. O anúncio mobilizou setores da sociedade colombiana apoiadores das negociações, que pedem que o processo não seja abandonado.

A decisão foi tomada horas após a divulgação da entrevista concedida ao jornal El Tiempo, na qual Santos argumentara que a paz no país – sua principal bandeira durante a campanha eleitoral para reeleição – passa por um 'momento crucial' em 2015. "Este ano que está por vir deverá ser o ano da paz: se não formos mais para frente, vamos começar a retroceder", afirmou.

Desaparecimento

Após o anúncio do desaparecimento de Alzate, bem como de uma advogada e um cabo que o acompanhavam, o presidente Santos indagou, no Twitter, ao ministro da Defesa: "por que Alzate rompeu todos os protocolos de segurança e estava como civil em uma zona vermelha [região onde há confronto e atuação da guerrilha]?". O general disse à escolta que não o acompanhasse e desobedeceu a advertência do militar que pilotava a lancha em que estava, comentou o mandatário.

O questionamento está sendo feito por diversos colombianos. No domingo (16/11), Alzate realizaria a inspeção de obras de um projeto energético realizado pelo Exército colombiano em conjunto com a USAID (agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento). Segundo o ex-presidente e senador Álvaro Uribe Vélez, o general se deslocava em um bote pelo rio Atrato e resolveu parar em Las Mercedes, onde as FARC atuam, a 20 minutos de Quibdó, capital de Chocó, apesar de ter sido advertido que não o fizesse. Ele se dirigiu então para um casebre, no interior da comunidade, onde teria sido abordado pelos guerrilheiros. Ao perceber a ação, o piloto do bote fugiu.

Apesar das evidências apresentadas pelo governo, a guerrilha não reconheceu, até o momento, que o general foi capturado.

Em editorial, o site Anncol (Agência de Notícias Nova Colômbia), conhecido por representar as posições das FARC, questiona se o acontecido não teria sido uma "armadilha para fazer o processo de paz fracassar" e ironiza a versão apresentada por Uribe, maior crítico ao processo realizado em Havana.

O texto da guerrilha ressalta que Alzate é um experiente militar, com 31 anos de combate e especialização em "política militar" nacional e internacional. "O certo é que Uribe Vélez no momento conseguiu seu objetivo sonhado de romper os Diálogos de Havana, graças ao perverso jogo em pinça que impôs Santos a esses diálogos de 'negociar em meio a balas' e à sua soberba militarista de não aceitar armistício bilateral para ambientar um clima pacífico e propício à reconciliação".

Cessar-fogo

Apesar da existência de uma Mesa de Diálogos, que na quarta-feira (19/11) completará dois anos, não foi acordado um cessar-fogo entre ambas as partes. O Exército continua atuando para exterminar a guerrilha, como afirmou repetidas vezes o mandatário colombiano: "Vamos negociar como se não houvesse terrorismo e vamos combater terroristas como se não houvesse negociação de paz".

Uribe, por sua vez, em artigo publicado no site espanhol El Mundo, voltou a criticar amplamente os Diálogos de Havana e a ressaltar que o cessar-fogo deve ser feito pelos insurgentes: "é fundamental parar a violência com um cessar-fogo unilateral e verificável de atividades criminosas por parte das FARC". Para ele, "falar de um cessar-fogo bilateral seria outro grave sacrifício da institucionalidade e um novo passo para reduzir aos militares e policiais à prisão e colocar o terrorismo no poder".

Essa visão não é compartilhada por ativistas e setores defensores do processo de paz. A ex-senadora Piedad Córdoba, que atua como mediadora entre as partes em conflito, iniciou, em seu Twitter, uma campanha por "trégua já". "Solicitamos ao governo e às FARC um cessar-fogo bilateral. A paz é muito importante", escreveu. Em outra postagem, ressaltou que o cessar-fogo bilateral é uma necessidade humanitária. Os temas estão entre os mais comentados no Twitter do país.


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