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esquerda-veneVenezuela - Carta Maior - [Gilberto Maringoni - direto de Caracas] Quem chegar de Marte à Venezuela poderá jurar que o embate eleitoral se faz entre duas forças de esquerda, com algumas nuances entre si. O opositor Henrique Capriles alega ser um candidato "pós-Chávez" e não "anti-Chávez". Não defende Estado mínimo, venda de estatais ou demissão de funcionários públicos.


Quem se der ao trabalho de ler o programa de governo de Henrique Capriles, candidato opositor a presidente da Venezuela, fará uma constatação curiosa: não existe direita no país. Ninguém defende Estado mínimo, venda de estatais, demissão de funcionários públicos etc. etc. (Dilma no Brasil chegou a atacar alguns desses pontos, que atualmente formam as vigas mestras de sua gestão).

É um traço interessante dos tempos que correm. A direita avança em várias frentes – política, economia e costumes –, mas nenhuma corrente com alguma densidade eleitoral se assume como tal.

Leia também entrevista exclusiva de Maringoni ao Diário Liberdade sobre o futuro do Chavismo.

Quem chegar de Marte ao país caribenho poderá jurar que o embate se faz entre duas forças de esquerda, com algumas nuances entre si. Capriles, a exemplo de Nicolás Maduro, usa as cores da bandeira, as canções de Ali Primeira – o compositor de esquerda, morto em 1985 – e reivindica a figura de Bolívar.

No terreno das metas de governo, a questão social está no centro. Chega a afirmar que sua "normativa fundamental será a Constituição da República Bolivariana da Venezuela, de 1999" (Detalhe: em 2002, um dos primeiros atos dos golpistas foi revogar a Carta).

Não é à toa. Em 14 anos de chavismo – com todos os defeitos que os governos do ex-presidente possam ter – a agenda nacional mudou. A campanha se faz não apenas sob a sombra de Hugo Chávez, mas pautada pelos temas centrais de suas gestões.

Desse ponto de vista, Capriles faz um esforço monumental para se distanciar do apoio que deu ao golpe de Estado de onze anos atrás. Seu mote de campanha sequer é explicitamente de oposição.

Alega ser um candidato "pós-Chávez" e não "anti-Chávez". Por isso, caso vença, não terá condições imediatas de desfazer a rede de proteção social montada a partir de 1998, sob pena de ver sua legitimidade virar fumaça em curtíssimo espaço de tempo.

Gilberto Maringoni é jornalista brasileiro. Também é historiador e autor de dois livros sobre o país: 'A Venezuela que se inventa' e de 'A revolução venezuelana'.


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