Em um estudo epidemiológico, publicado em outubro de 2013, a Secretaria de Saúde do Estado de Chiapas, alertou que 25,9% da população doente de Cahuaré apresentavam infecção respiratória aguda (IRA). "A presença generalizada de cal sobre as casas é um fator de risco ambiental determinante para o desenvolvimento de enfermidades respiratórias agudas.", ressalta o documento. Tosse, espirros, escorrimento nasal, dor de garganta são os sintomas mais comuns. Outro diagnóstico sanitário, em agosto de 2014, relata que 15,7% dos habitantes entrevistados sofrem de doenças respiratórias, como rinite alérgica, asma, bronquite. E 12,3% da amostra apresentam ainda dermatite.
A Secretaria de Saúde de Chiapas tem procurado soluções para a desinfecção de frutas e verduras, com a distribuição de folhetos explicativos sobre técnica de lavagem de mãos e higienização de alimentos. Ou seja, mesmo com os resultados alarmantes dos estudos sanitários, as autoridades não têm adotado medidas mais concretas para dar fim às graves consequências das atividades contaminantes da mineradora Cales y Morteros, que atua sem permissão em uma área naturalmente protegida.
Cahuaré se encontra próximo ao rio Grijalva, nos limites do Parque Nacional do Cânion do Sumidero, considerado umas das 13 Maravilhas Naturais de México e Área Natural Protegida (ANP). Segundo o artigo 47 da Lei Geral de Equilíbrio Ecológico e Proteção do Ambiente (LGEEPA), é permitido o aproveitamento sustentável dos recursos naturais em certas áreas de ANPs, desde que a atividade tenha baixo impacto ambiental e que a empresa exploradora comprove às autoridades responsáveis a capacidade técnica de explorar a região sem causar problemas ambientais.
A empresa Cales y Morteros atua na região desde 1963, extraindo pedra calcária do solo para a obtenção de cal e outros materiais de construção. A fábrica emite na atmosfera fumaça, poeira e forte ruídos, dia e noite. O vento dispersa a fumaça por toda a comunidade de Cahuaré, ocasionando diversos problemas de saúde. Além disso, a empresa utiliza dinamite como detonador para extração das pedras, o que tem ocasionado fissuras nas paredes do Cânion, Os dejetos industriais também contaminam o rio. Há ainda impactos na fauna e na flora, em alguns dos lugares das escavações já desapareceram animais silvestres.
Em julho deste ano, a Secretaria do Meio Ambiente e História Natural (Semanh) de Chiapas suspendeu, temporariamente, as atividades na mina. No entanto, três semanas depois, a empresa continuava com sua exploração.