Foto do Governo Federal dos EUA (Imagem no Domínio Público) - Soldados estadunidenses na invasão de Granada em 1983.
Tudo começou em março de 1979, quando Maurice Bishop, líder do movimento marxista-leninista New Jewel, liderou uma revolução popular que depôs o governo pró-EUA de Eric Gairy e aproximou o país, politicamente, de Cuba e da URSS. Rapidamente, tais países iniciaram a construção de um aeroporto na capital, Saint George's. Segundo o governo de Ronald Reagan, tal aeroporto teria como objetivo a facilitação do trânsito de militares para apoiar grupos guerrilheiros de esquerda na América Central. O governo granadino defendia-se alegando que a meta era, na verdade, promover um incentivo ao turismo na ilha.
O medo dos EUA de surgimento de uma “nova Cuba” e de que isso fomentasse outras revoluções socialistas no Caribe/América Central crescia. Acontece que, em outubro de 1983, acontece um racha no partido. O vice-primeiro-ministro Bernard Coard, após romper com Bishop, aplica um golpe de estado em 14 de outubro e condena o então soberano à prisão. A alegação era de que Bishop havia traído a revolução, aderindo a uma economia mista tolerante ao livre comércio e aproximando-se dos EUA, além de fomentar um suposto culto a sua personalidade. Bishop, que tinha apoio da maioria da população, foi solto da prisão por uma revolta popular, mas posteriormente acabou recapturado e, desta vez, fuzilado junto à esposa e a políticos próximos.
O golpe de Coard, que dava a Granada uma guinada muito mais radical na direção do socialismo, foi a gota d'água que faltou para uma intervenção de Reagan. Assim, a 25 de outubro, as tropas ianques desembarcaram na ilha caribenha na primeira grande operação militar desde o Vietnã. Houve resistência das tropas granadinas ao ataque estadunidense, o que obrigou Reagan a enviar mais reforços. Desse modo, a superioridade militar impôs um massacre às Forças Armadas e à população civil de Granada. 638 civis cubanos, que trabalhavam na construção do aeroporto, foram feitos prisioneiros.
O ocorrido em Granada mostra, dentre centenas de outros exemplos, a face brutal dos governos dos EUA em sua busca pela afirmação do papel de xerifes do mundo. A paranoia, a busca pelo poder e a obsessão em impôr seu modo de vida são, até hoje, características da política externa daquele país. Sempre, uma suposta “ameaça” ao que chamam de “democracia”, seja na forma da “ameaça vermelha”, seja no que consideram “terrorismo”, é considerada motivo suficiente para invadir, matar inocentes, levar instabilidade política. O ciclo permanece até hoje e não tem previsão para acabar.