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sextaMéxico - EZLN - [Traduzido por Pedro De Perdigão Lan para o Diário Liberdade] Abril de 2015. Aoas companheiroas da Sexta {{A sexta se refere a “Sexta Declaracíon de La Selva Lacandona”, onde os/as/oas zapatistas afirmam a necessidade de uma nova cultura política (anti-capitalista, anti-neoliberal, sem fins eleitorais e não-hierárquica) e propõe uma organização não-formal internacional de caráter solidário e voltada para/organizada pela população simples e humilde}},


Aoas interessadoas:

Ainda que não pareça, esse é um convite... ou um desafio?

Se você faz parte da Sexta, se você é de um meio livre, autônomo, alternativa, independente ou como se diga, se você está interessado no pensamento crítico, então tome como seu esse convite ao Seminário “O Pensamento Crítico perante a Hidra Capitalista”. Se, além de aceitar o convite, quer comparecer, por favor clique nesse link: http://enlacezapatista.ezln.org.mx/registro-al-seminario-de-reflexion-y-analisis-el-pensamiento-critico-frente-a-la-hidra-capitalista/

Se você foi convidada, convidado, convidadoa como palestrante, uma mensagem parecida com essa chegará pelo mesmo meio de contato. A diferença é basicamente que a carta convite a palestrantes tem uma “cláusula secreta”.

Bem, o convite é, como se diz, o envelope.

O Desafio.

Ah, eu sei. Os clássicos inícios das reflexões zapatistas: desconcertantes, anacrônicos, inoportunos, absurdos. Como sem querer, como assim não mais, como “aí os deixamos”, como “aí o veem”, como “vá por sua conta”. Como se expusessem uma peça de quebra-cabeças e esperassem que se entendesse que não estão descrevendo uma parte da realidade, e sim que estão imaginando a imagem completa. Como que observam o quebra-cabeças já completado, com suas figuras e cores minuciosas, mas com a borda das peças visíveis, assinalando que o conjunto só o é graças às partes, e, claro, que cada parte adquire seu sentido com sua relação com as outras.

Como se a reflexão zapatista nos situasse a ver que falta o que falta, e não somente o que já há, aquilo que se percebe de imediato.

Algo como o que fez Walter Benjamin com o “Angelus Novus”, de Paul Klee. Ao analisar a pintura, Benjamin a “completa”: vê o anjo, mas também vê o que o anjo vê, vê até onde é arremessado pelo que vê, vê a força que o agride, vê a onda brutal. Vê o quebra cabeça completo:

Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.” (Tese X, Teses sobre o Conceito de História)

Então é como se nossas reflexões fossem um desafio, uma Charada, um desafio do Mr. Bane, um coringa nas mãos do Coringa enquanto pergunta “Por que tão sério?”

Como se o Catdog, super-herói e super-vilão, Sherlock e Moriarty, irrompessem acusando com perguntas: o que olhamos? Por quê? Até onde? Desde onde? Para o quê?

É como se pensássemos o mundo, questionado seu torpe girar, debatendo seu rumo, desafinado sua história, disputando a racionalidade de suas evidências.

É como se, por um momento apenas, fossemos...

A Sentinela.

Você pode ver que, normalmente, em uma instalação militar há postos/torres em suas margens. Se chamam “Postos de Observação”, “Postos de Guardas” ou “Postos do Vigia”. O trabalho desses postos é vigiar os arredores e os acessos ao estabelecimento, de modo a saber o que ou quem se aproxima ou se move ou permanece nos arredores do lugar. Bem, esse posto de vigilância (nos acampamentos zapatistas dizemos “la posta” {{considerei melhor não traduzir as expressões zapatistas}}, ignoro a razão; por exemplo, dizemos “te toca la posta a las 0000 hrs”, “el relevo de la posta es a las 1200″, etc) avisa ou adverte ao resto da instalação, e contém ou detém quem tentar ingressar sem autorização. Quem ocupa o posto de observação é o guarda, o vigia, a sentinela. Além de observar e estar atento ao que corre, a sentinela é quem dá voz de alarme em caso de ataque e frente a qualquer eventualidade.

Segundo nós, zapatistas, a reflexão teórica/o pensamento crítico tem esse trabalho de sentinela. Quem trabalha com o pensamento analítico está tocando o turno de guarda no posto de vigia. Podia me estender sobre a localização desse posto na totalidade, mas por enquanto só basta introduzir que é uma parte também, nada mais, entretanto nada menos. Digo isso por aqueles, aquelas, aqueleas (não podemos esquecer da igualdade de gênero e do reconhecimento da diversidade) que pretendem:

-Ou estar por acima e fora do todo, como algo a parte, e se escondem atrás da “imparcialidade”, da “objetividade”, da “neutralidade”. E dizem que analisam e refletem desde a esterilização de um impossível laboratório materializado na ciência, na cátedra, no livro, no blog, na crença, no dogma, nas consignas {{essa palavra é de difícil tradução: vale tanto para ordens/instruções recebidas em cadeias de comando como para palavras de ordem, como aquelas de atos de protestos}}.

-Ou distorcem seu papel de vigias e se auto atribuem o de novos sacerdotes doutrinários. Sendo apenas sentinelas, se comportam como se fossem o cérebro dirigente que modifica no tribunal penal o que é conveniente. E desde aqui ordenam o que deve fazer, julgam, absolvem ou condenam. Ainda temos que reconhecer que os casos em que ninguém lhes dê ouvidos, marcadamente a realidade sempre rebelde, não os iniba de seu delírio (não raras vezes etílico).

A sentinela tem que ver com o posto de vigia em questão. Porém já voltaremos a falar sobre isso em alguma de nossas intervenções no seminário.

Por agora, basta dizer que, fatigado, sobrecarregado pela tarefa de observação crítica em um mundo ilusoriamente instantâneo, em seu turno no posto de guarda, o vigilante pode cair na...

A Síndrome do Vigia.

Bem, pois resulta da sentinela “esgotar” sua capacidade de vigilância depois de um período.

Esses “esgotamento” (a que nós, zapatistas, chamamos de “a síndrome do vigia”) consiste, a grosso modo, que a pessoa que está no posto de vigilância desenvolve, depois de um tempo na posição de guarda, uma espécie de “percepção em loop” ou “constância da percepção”. Quer dizer, reproduz em sua percepção consciente uma ou outra vez a mesma imagem, como se nada de alterasse, ou como se as mudanças fossem parte da mesma normalidade da imagem. Tem a ver, suponho, com algo sobre a percepção visual, mas também com o desejo que nada altera a rotina. Assim, por exemplo, o vigilante não deseja que um perigo apareça, e esse desejo se transpõe para o que vigia. “Tudo está bem, não vai acontecer nada de ruim”, se repete uma ou outro vez, e isso se transpõe a sua valorização da realidade. Seu objetivo é poder entregar um relatório de vigilância lacônico: “sem novidades”.

Isso que lhes explico é produto de uma observação empírica, não de um estudo cientifico. Ao largo dos anos e anos de vigilância, é o que concluímos de nossa própria (e reduzida) experiência. Com a persistente dúvida entre ciência ou usos e costumes, perguntamos para alguém que sabe sobre isso da neurociência. Nos disse que o fenômeno existe, ainda que não está especificado o mecanismo que o provoca (antes que queiram me degolar as distintas correntes ou posições da psicologia, esclareço que o único que confirmei é que o fenômeno é real, comprovável). Agora, “por que acontece?”, aqui vejam vocês, seria bom que, já nisso, se ponham de acorda sobre qual é o objeto de conhecimento da “ciência” da psicologia.

Bem, essa pessoa nos explicou o que é a “atenção seletiva” e nos mandou um daqueles livros antigos (ou seja, em que se entende o que se explica). Palavras a mais, palavras a menos, se trata de que só absorvemos uma pequena parte do que do que vemos em um determinado momento e ignoramos o resto. Bem, pois esse resto que ignoramos é a “cegueira à mudança” ou “cegueira por desatenção”. É como se, ao filtrar as partes da imagem que vemos, nos tornássemos cegos ao que não selecionamos como importante.

Por agora não desenvolveremos isso, porém, resumindo, a “síndrome do sentinela” consiste em:

a)-Não se vigia o todo, só uma parte desse todo.

b)-Quando se “cansa”, a guarda não percebe as transformações que se apresentam na zona vigiada porque lhes são imperceptíveis (ou seja, não são dignos de atenção).

Para anular isso, usamos vários recursos:

Um deles é da vigilância não direta, da “visão periférica”, ou, em termos coloquiais, “olhar pelo rabo do olho”. Isso porque a olhada indireta permite determinar alterações na rotina. Também deve haver uma explicação para isso na neurociência, mas creio que nos falta estudo.

Outra forma de solucionar a fadiga da sentinela, são: por dois ou mais vigias cobrindo o mesmo ponto; reduzir o tempo de vigilância e aumenta a frequência de revezamento.

Podem e de fato existem outras formas da tarefa da sentinela ser cumprida.

Mas o importante é que é necessário estar atento a qualquer sinal de perigo. Não se trata então de advertir sobre o perigo quando ele já está presente, senão de perceber os indícios, avalia-los, interpretá-los, resumindo, pensa-los criticamente.

Por exemplo: essas grandes nuvem no horizonte, significam que vem uma chuva passageira, qual sua intensidade, se dirige pra cá ou se afasta?

Ou se trata de algo maior, mais terrível, mais destrutivo? Se é assim, deverá alertar a tod@s da iminência da...

A Tormenta.

Bem, o assunto é que o que nós, zapatistas, observamos e escutamos é que vem aí uma catástrofe em todos os sentidos, uma tormenta.

Porém..., acontece que nós, zapatistas, também observamos e escutamos que pessoas com grandes conhecimentos dizem, às vezes com sua palavra, sempre com sua atitude, que tudo permanece igual.

Que o que a realidade nos está apresentando, são só pequenas variações que não alteram em nada relevante a paisagem.

Ou seja, que nós, zapatistas, vemos uma coisa e elas veem outra.

Porque vemos que se segue recorrendo aos mesmos métodos de luta. Se segue com marchas, reais ou virtuais, com eleições, com comícios. E, de maneira concomitante, surgem e se desenvolvem os novos parâmetros de “êxito”, uma espécie de aplausômetro que, no caso das marchas de protesto, é inverso: quanto mais bem comportada seja (o mesmo que dizer quanto menos proteste), maior seu êxito. E se fazem organizações partidárias, se trazem planos, estratégias e táticas, fazendo verdadeiros malabares com os variados conceitos.

Como se fossem equivalentes Estado, Governo e Administração.

Como se o Estado fosse o mesmo, como se tivesse a mesma função de 20, 40, 100 anos atrás.

Como se o sistema também fosse o mesmo e as mesmas fossem as formas de submissão, de destruição. Ou, para pôr em termos da Sexta: as mesmas formas de exploração, repressão, discriminação e desapropriação.

Como se a hidra não tivesse regenerado suas múltiplas cabeças.

Então pensamos que ou em nós ou nelas há a “síndrome da sentinela”.

E nós, zapatistas, olhamos lateralmente esses movimentos na realidade. Colocamos então mais atenção, subimos ao alto da Ceiba {{árvore típica do México}} para tratar de ver mais longe, não o que passou, e sim o que virá.

Bem, pois o que vimos não é nada bom.

Vimos que vem algo terrível, mais destrutivo se fosse possível.

Entretanto outra vez vemos que quem pensam e analisa nada diz sobre isso. Seguem repetindo aquilo de 20 anos, 40 anos, um século atrás.

E vemos que organizações, grupos, coletivos, pessoas, seguem o mesmo, apresentando falsas opções excludentes, julgando e condenando ao outro, ao diferente.

E mais: nos desprezando pelo que dizemos que estamos vendo.

Então, pois já vê você, somos zapatistas. E isso quer dizer muitas coisas, tantas que nos dicionários de sua língua não existem palavras pra isso.

No entanto também quer dizer que sempre pensamos que podemos estar equivocados. Que talvez tudo siga sem mudanças fundamentais. Que talvez o Mandão siga mandando igual faz há décadas, séculos, milênios. Que pode ser que o que está vindo não é algo grave, e sim apenas uma descompensação, uma reacomodação daqueles que nem valem a pena.

Então ou nada de pensamento, de análise, de teoria, ou o mesmo de sempre.

Então nós, zapatistas, ponderamos que temos que perguntas a outros, a outras, a outroas, de outros calendários, de geografias distintas, o que é que estão vendo.

Creio que é como quando a um enfermo lhe dizem que sim, que já está em situação muito grave, ou seja que “está cabrón”, como dizemos aqui. E então pois, como se diz, é preciso buscar uma segunda opinião.

Então dissemos que está falhando o pensamento, a teoria. Seja a falha na nossa, seja a falha na de outros pensamentos. Ou talvez falhem ambos.

Então, pois somos desconfiados, desconfiadas, por natureza. Porém temos alguma confiança noas companheiros, companheiras, companheiroas da Sexta. Mas bem sabemos que que o mundo é muito grande, e que existem outros, outras, outroas, que também fazem isso de pensar, analisar, observar.

Então pensamos que necessitamos pensar sobre mundo, e também pensar assim o calendário e geografia de cada um.

E pensamos que é melhor se fizermos agora como um intercâmbio de pensamentos. Não no sentido de um intercâmbio de mercadorias, como no capitalismo, e sim como se disséssemos que fizemos um trato de que eu te digo meu pensamento e você me diz o seu. Ou seja, como uma reunião de pensamentos.

Pois então não pensamos que é uma reunião assim, comum, e sim que terá que ser grande, muito grande, se diz até mundial.

E, bem, nós, zapatistas, não conhecemos muito. Por acaso e batalhando, algo sabemos de nossoas companheiroas, companheiras e companheiros da Sexta.

Então vemos que essas reuniões de pensamento em algumas partes são chamadas de “seminários”, cremos que porque “seminário” quer dizer “sementeiro” ou seja que aqui se fazem sementes que as vezes rapidamente criam e as vezes tardam.

E então dissemos que faríamos um sementeiro de ideias, de análises, de pensamento críticos de como está atualmente isso do sistema capitalista.

Então o seminário ou sementeiro não é um só lugar nem um só momento. E sim que se arrasta e existe em muitas partes.

Então por isso dissemos que é deslocado, ou seja que não será em um só lugar, e sim em muitas partes e em muitos lados. E dissemos que será mundial, bem, porque em todos os mundo há pensamentos críticos, que estão se perguntando o que está acontecendo, por que, que faremos, como, e essas coisas que se pensam na teoria.

Pois então, pensamos, em algum lado começa e em algum momento.

Então, pois, começa em um lugar esse sementeiro coletivo, e esse lugar é em um caracol zapatista. Por quê? Bom, porque aqui nós dos povoados zapatistas usamos o caracol para alertar e para chamar o coletivo.

Assim que, por exemplo, se há um problema da comunidade, ou um assunto que é preciso resolver, se toca o caracol e aí todo o povo saberá que haverá reunião do coletivo para que o pensamento fale sua palavra.

Ou para ver como faremos para resistir.

Assim dizemos que o caracol é um dos instrumentos da sentinela. Com ele nos avisa que há um perigo.

Então o lugar é, pois, um caracol zapatista: o caracol de Oventik, montanhas ao sudeste mexicano, Chiapas, México.

E a data de início é 3 de maio. Por que 3 de maio?

Bem, nos nossos povoados é o dia da semeadura, da fertilidade, da colheita, da semente. É o dia de Santa Cruz.

Nos povoados se costuma plantar uma cruz aonde nasce o rio, o arroio ou o manancial que dá vida ao povoado. Assim se sinaliza que esse lugar é sagrado. E é sagrado porque a agua é o que dá a vida. Então 3 de maio é o dia de pedir água para a semeadura e para a boa colheita. Os habitantes dos povoados vão então aonde a agua nasce para lhe dar oferendas. Ou seja como que falam com a água, lhe dão suas flores, lhe dão seu copo de atole {{bebida típica mexicana feita de milho, não-alcoólica}}, seu incenso, seu caldo de frango sem sal. Em outros povoados lhe dão um copo de trago, mas nos povoados zapatistas está proibido o álcool e então dão refrescos à agua. O caldo de franco que se dá é sem sala, para que não se seque a agua. Ao mesmo tempo que estão em essa cerimônia de oferenca, tocam música e começam a bailar tod@s, crianças, jovens, anciã(o)s. Quando termina a oferencia, começa a convivência do povoado. Se reparte a comida que levam: atole agrio, franco, feijão, abóbora. Tudo que é comida, aqui se come coletivamente, próximo à nascente da água. Terminado isso, regressam às suas casas. E por pura alegria, seguem dançando no povoado e comem coletivamente e tomam café com pão. Também há companheiros zapatistas que são pedreiros, e então também o celebram e contam que fazem uma cruz de qualquer madeira que encontram e a colocam quando começam a construção. Dizem que é porque é sua responsabilidade de trabalhador. Ou seja que o trabalhador se faz assim responsável pela construção e deseja que ela permaneça bem, porque é da sua conta que ela permaneça bem.

Então pois já sabe. Venha para cá. Se aceita ou não o desafio, é por sua conta.

Veja: o que se segue é só para palestrantes. Ou seja, somente vai nos convites formais enviados para @s palestrantes {{Desconfio que isso seja apenas uma brincadeira do humor característico dos zapatistas, pras pessoas prestarem especial atenção}}. Não ande publicando porque é uma

Cláusula Secreta:

Tudo isso é para que você entenda, como se diz, o contexto do seminário.

O que esperamos de você?

Que entenda que virão pessoas de muito longe, que farão o sacrifício de seu dinheiro e seu tempo para escutar o que você vai expor. Não virão por ócio, até porque ninguém vai ganhar algo com isso. Não virão por modismo ou ignorância. Virão porque talvez vejam essas sinistras nuvens nos seus horizontes, porque as chuvas e ventos já os chicoteiam, porque a fome de tratar de entender não se sacia, porque sentem que a tormenta se aproxima

Assim como nós, zapatistas, o respeitamos, pedimos que respeito essas pessoas. Deve haver um@ ou outr@ intrus@. São pessoas que vivem e morrem lutando, sem que ninguém, e que não sejamos nós zapatistas assim, os levem em conta. Não há para el@s museus, nem estátuas, nem canções, nem poemas, nem seus nomes estão em vagões de metro, ruas, colônias. São ninguéns, sem dúvida. E apesar disso, e na verdade precisamente por isso, para nós, zapatistas, são tudo.

Então, não se ofenda, mas não traga consignas {{explicado na seção ‘A Sentinela’}}, dogmas, autos de fé, modismos; não repita o que lhe disseram outros antes ou em outros lado; não incentive o pensamento preguiçoso; não trate de impor o pensamento dogmático; não difunda o pensamento mentiroso.

Pedimos que traga sua palavra e que ela provoque o pensamento, a reflexão, a crítica. Pedimos que prepare sua mensagem, que a afie, que a deixa reluzindo. Que não honre a academia ou a seus pares, e sim a quem lhe recebe, que seja como uma sacudida, ou como uma bofetada, ou como um grito.

A semente que pedimos para este seminário ou sementeiro, é que a questione, provoque, incentive, impulsione a seguir pensando e analisando. Uma semente para que outras sementes escutem que é preciso crescer e que façam segundo sua própria maneira, calendário e geografia.

Ah, sim, já sabemos: não verá engrossado seu prestígio, nem sua conta bancária, nem seu fluxo de fama. Tampouco verá se conseguiu novos seguidores, discípulos, rebanhos.

E mais, o único indício de êxito não verá, e será que em muitas partes, em outros calendários e geografias diversas, outras, outros, outroas, desfiem tudo e discutam, debatam, questionem, critiquem, imaginem, creiam.

Isso é o que pedimos. Isso, somente isso.

Desde a portaria da Escuelita, habilitada agora como “Oficina de protocolo, desenho e impressão de convites para bodas, 15 anos, divórcios, batizados, graduações frustrada, seminários e outros”, e pendurando uns letreiros que dizem “Hoje não se fia, amanhã tampouco”, “Salva-vidas sobre pedido”, “Leve seu óculos pirata, barra-bara-tudo-legal-meu-bem-que-passooouuu”, “Neste estabelecimento não se discrimina por razão de sua miopia”.

El SupGaleano,

Mexico, Abril de 2015.


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