1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)

010414 alAmérica Latina - Prensa Latina - [Juan Paz e Miño Cepeda] O presidente Barack Obama, paralelamente ao anunciar sanções contra funcionários venezuelanos, expediu um decreto que considera a Venezuela como "uma ameaça extraordinária e incomum à segurança nacional e à política externa dos Estados Unidos" e declarou uma "emergência nacional" para enfrentar essa ameaça.


Um alto funcionário da Casa Branca explicou à BBC Mundo que se tratava de um procedimento "normal", já empregado em relação a outros países como Síria, Irã ou Birmânia.

Mas, contrariando essa declaração, na história da América Latina não existe um só momento no qual EUA tenha sido ameaçado e muito menos de uma forma "extraordinária e incomum" por algum país da região.

Os fatos demonstram o contrário. Basta recordar algumas dezenas de intervenções norte-americanas na América Latina: em 1823, a Declaração de James Monroe inaugurou o "americanismo" sob os interesses norte-americanos; em 1846, México perdeu a metade de seu território em guerra com os EUA; em 1898, durante a luta independentista cubana, EUA declarou guerra à Espanha, que perdeu seu controle sobre Cuba, Porto Rico, Guam, Filipinas e Havaí; em 1903, a independência do Panamá foi estimulada pelos EUA para conseguir a construção do canal interoceânico; no século XX foram várias as intervenções militares norte-americanas na República Dominicana, Cuba, Panamá, Nicarágua, Haiti, Honduras e inclusive México; na década de 1960 e com o apoio da CIA, foram depostos governantes latino-americanos relutantes em bloquear Cuba ou conceituados "perigosos" para os interesses norte-americanos, como ocorreu no Equador; na década de setenta, novamente a CIA esteve por trás das ditaduras militares terroristas do Cone Sul.

Segundo o historiador Friedrich Katz, o "único caso de uma intervenção militar da América Latina nos Estados Unidos" foi a incursão de Pancho Villa e 500 de seus homens em Columbus (Novo México), precisamente em outro 9 de março, mas do ano 1916. Os "invasores" foram rechaçados pelo XIII Regimento de Cavalaria dos EUA, com 10 mil homens sob o comando do general John J. Pershing, que invadiu Chihuahua, ainda que sua expedição fosse um desastre político e militar.

(Sobre a referida incursão de Villa à Base Militar de Fort Fredong e o Banco de Columbus, Novo México, existe a nota de que o historiador estadunidense John Mason Hart a qualifica como "O primeiro levante do terceiro mundo contra os EUA". Além disso, Hart considera que a expedição punitiva dos EUA executada como represália ao ataque villista "é outra invasão experimentada pelo México ante seus poderosos vizinhos". E nisso coincidem autores como Howard Zinn e Paco Ignacio Taibo II, entre outros.)

Após a crise dos mísseis em Cuba (1962), a declaração contra a Venezuela, julgando-a como "ameaça" aos EUA, constitui um momento novo de extraordinária tensão sobre a América Latina.

Mobilizam-se UNASUL, ALBA e CELAC, porque a região almeja constituir-se em uma zona de paz e de convivência harmônica com o próprio EUA, sobre a base de que lá se compreenda que a diplomacia imperialista é rechaçada porque atenta contra nossas soberanias, democracias e dignidade.

Equador, que agora tem a presidência pro tempore da CELAC, está convocado a liderar uma clara tomada de posições latino-americanas contra a diplomacia ingerencista na VII Reunião de Cúpula das Américas prevista para abril, uma reunião que merece ser repensada, pois possivelmente seja melhor nem sequer realizá-la.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.