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euavnzlaVenezuela - RT - [Karen Méndez, Tradução do Diário Liberdade] Afogar uma pessoa na água até quase asfixiá-la, colocar pessoas nuas em posturas constrangedoras durante horas e fotografá-las para afetar sua dignidade, ameaçá-las com cães raivosos, privá-las do sono até que percam suas capacidades cognitivas, submetê-las ao isolamento total durante meses, alimentá-las e hidratá-las obrigatoriamente pelo ânus quando iniciam greves de fome, violá-las com vassouras, urinar sobre elas e depois utilizá-las como trapos humanos.


Essas são algumas das humilhações que as autoridades estadunidenses aplicam aos seus prisioneiros nos centros de tortura que instalaram mundo afora a partir de 2001, na chamada "guerra ao terror".

Todas essas atrocidades, que eram guardadas em segredo, foram constatadas no último dia 9 de dezembro, quando a presidente do Comitê de Intelegência do Senado dos EUA, Dianne Feinstein, apresentou um relatório parcial sobre as sistemáticas violações dos direitos humanos que foram aplicadas durante a "Era Bush". Desse relatório de 6 mil páginas, só se pode conhecer 8%, ou seja, apenas 480 páginas, porque o resto foi censurado pela própria agência de inteligência do país, a CIA, que como disse Tim Weiner, só deixou um legado de cinzas na história recente da humanidade.

Diante desse escândalo mundial, o presidente Barack Obama se limitou a dizer que "nenhum país é perfeito". Ou seja, vamos esquecer isso... Mas, e os responsáveis? E os culpados? E as imputações? E as sanções? Onde ficam?

As ameaças de sanções surgiram um dia depois no Congresso dos EUA, mas não foram feitas contra os funcionários estadunidenses que executaram as mais brutais torturas, mas contra 56 funcionários e militares venezuelanos por supostamente violar os direitos humanos de manifestantes opositores que tentaram derrubar o presidente Nicolás Maduro, entre fevereiro e junho deste ano, e não conseguiram.

Para a defensora do Povo da Venezuela, Gabriela Ramírez, que figura nessa lista de possíveis alvos das sanções, "a única coisa que os Estados Unidos buscam é apoiar os grupos mais radicais da oposição, fomentar a impunidade, reeditar esses fatos violentos quando lhe convenha e evitar a todo custo que se aplique a justiça aos responsáveis".

O presidente Maduro assegura que essas sanções buscam pressionar a Justiça venezuelana para que liberte Leopoldo López, um dos protagonistas do golpe de Estado de 2002 contra o presidente Hugo Chávez e que aproveitou suas plenas liberdades para, no dia 12 de fevereiro, chamar toda a sua militância a tomar as ruas até conseguir o objetivo final: derrubar o presidente Maduro. Foi depois desse chamado de López que se registrou uma das piores e mais extensas ondas de violência que ocorreram nos últimos 15 anos na Venezuela, quando se comprovou que a oposição infiltrou paramilitares colombianos, mercenários de diferentes nacionalidades para gerar um banho de sangue e que levou 43 famílias venezuelanas a perderem os seus entes queridos; porque das 43 mortes, 21 foram produto das barricadas violentas da oposição, seis atribuídas aos corpos de segurança (os responsáveis já estão presos), três de forma acidental e o resto por ações violentas de diferentes razões.

Leopoldo López permanece detido na prisão militar de Ramo Verde desde 18 de fevereiro, após se entregar às autoridades venezuelanas. Está sendo julgado pela Promotoria venezuelana por instigação pública e associação criminosa. Desde então, os Estados Unidos não pararam de exigir sua "liberdade imediata e incondicional".

Declaração de guerra pelo petróleo

A defensora de Direitos Humanos, Piedad Córdoba, considera que essas sanções contra a Venezuela "são absolutamente execráveis, inauditas e inaceitáveis. É uma declaração de guerra contra um país irmão como é a Venezuela, por parte de um país que ética e moralmente não tem nenhuma autoridade para exercer este tipo de ação nem de sanção (...) com que autoridade eles vêm atacar a Venezuela? Simplesmente porque não podem ficar sem petróleo? Quem conhece o Governo dos EUA sabe que com certeza não tem nenhum interesse em defender os direitos humanos, o que há aqui é um interesse pelos recursos naturais que a Venezuela tem, porque querem impor um modelo político-econômico como têm feito sempre: de modo imperialista, colonialista e desrespeitando os direitos soberanos de todo o povo venezuelano".

Conforme confessou Roger Noriega, ferrenho opositor da Revolução Bolivariana e que, como embaixador dos EUA na OEA, apoiou grupos mercenários para derrubar a Revolução Sandinista, a lei de sanções contém disposições que: "obrigam o Departamento de Estado a ser muito mais proativo em ajudar os venezuelanos a recuperar a democracia; suspender vistos e congelar os ativos em dólares dentro dos Estados Unidos dos funcionários chavistas acusados; bloquear as transações que realizem as pessoas-chave do governo em outros países com a moeda estadunidense; fortalecer a posição de quem está a favor de tomar uma postura mais agressiva contra o governo; destinar maiores recursos à oposição para que alcancem seu desejo de "viver em paz e sob um sistema democrático representativo".

Uma democracia representativa é justamente o que não querem os venezuelanos, e demonstraram isso nas 18 vitórias eleitorais que acumularam nestes 15 anos de Revolução, porque foi através da democracia protagonista e participativa com que puderam recuperar os direitos que durante décadas lhes foram negados e construir uma sociedade mais igualitária.

Quem impulsiona as sanções?

Apesar de que em várias ocasiões o presidente Barack Obama tenha expressado seu apoio à López e à extrema-direita venezuelana, enquanto desqualifica o governo que lhes tirou o controle das principais reservas de petróleo do mundo, foram dois personagens da ultradireita estadunidense que detectaram e impulsionaram com fervor esta lei de sanções. Quem são? O investigador canadense Jean Guy Allard nos oferece suas informações:

Ileana Ros-Lehtinen

Filha do cubano Enrique Ros, um fiel servo do ditador Fulgencio Batista, que participou nas centenas de ataques terroristas executados contra Cuba desde Miami e que provocaram a morte de milhares de pessoas.

Vinculada à CIA: Graças ao apoio de Otto Reich, dos terroristas Orlando Bosch, Jorge Mas Canosa (líder da terrorista Fundação Nacional Cubano-Americana) e de Jeb Bush, Ilena consegue chegar à Câmara de Representantes em 1989.

Grande amiga dos terroristas confessos Orlando Bosch (já morto, responsável pelo voo do avião da Cubana Aviación em 1976 e vinculado ao assassinato de John F. Kennedy), Eduardo Arocena (chefe do grupo terrorista de Miami Omega 7 e responsável por vários atentados e assassinatos, entre eles o do ex-chanceler chileno Orlando Letellier) e Rodolfo Frometa (chefe do grupo terrorista de Miami Comando F-4 e dedicado ao tráfico de armas).

Preside o Fundo de Defesa do terrorista confesso Luis Posada Carrilles.

Amiga próxima do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e uma das principais porta-vozes do sionismo dentro do Congresso estadunidense.

Amiga dos irmãos William e Roberto Isaias, condenados no Equador por quebrar fraudulentamente o banco Filanbanco em 1999 e provocar a ruína de milhares de famílias e inclusive o suicídio de várias delas.

Fiel admiradora de Ronald Reagan, a quem lhe agradeceu publicamente por ter financiado os grupos de exterminio na Nicarágua para fazer "retroceder o câncer do comunismo".

Seu mentor e grande amigo foi Dante Fascell, agente da CIA no Congresso estadunidense

Em 29 de março de 2003 participou em Miami da única manifestação que houve no mundo a favor da guerra no Iraque. Ali, ao lado de Bosch, pediu que Cuba fosse o próximo Iraque.

Apoiou o golpe de Estado em Honduras para instalar a ditadura de Roberto Michelletti em 2009.

Fanática partidária da pena de morte.

Seu marido, Dexter Lehtinen, ex-combatente do Vietnã, tem um escritório de advogados para julgar a Venezuela por violações aos direitos humanos.

Ileana recebe dinheiro de Bacardi, Enron, McDonald's, Coca-Cola e setores favoráveis a Israel como a AIPAC (Comitê de Assuntos Públicos entre EUA e Israel), grande lobby sionista em Washington.

Marco Rubio

Ligado aos fundos abutres, Paul Singer, dono do NML capital, o fundo que mais se beneficia da decisão do juiz Thomas Griesa da Corte Suprema, também possui a Elliot Management, o segundo maior contribuinte da campanha de Rubio entre 2009 e 2014.

Filho de um cubano que chegou aos Estados Unidos em 1956, alguns anos antes da Revolução Cubana. Sempre disse que seu pai fugiu da perseguição de Fidel, no entanto o Washington Post o desmentiu em uma reportagem na qual revela que seus pais chegaram aos EUA mais de dois anos antes da Revolução.

Faz parte da ala mais conservadora do Partido Rebuclicana, o Tea Party.

Contribuinte do Fundo de Defesa do terrorista confesso Luis Posada Carrilles.

Apoia incondicionalmente o bloqueio a Cuba.

EUA, o maior violador dos Direitos Humanos

Com esse histórico em suas costas, esses dois personagens do Congresso estadunidense pretendem dar lições de moral e bons costumes à Venezuela e ao mundo. Por essas e mil razões mais, o ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escotto, considera um duplo padrão dos EUA querer acusar a Venezuela.

"Os Estados Unidos são os maiores violadores dos direitos humanos no mundo, é a nação mais terrorista da história, que faz guerras, genocídios, invasões, uma atrás da outra e com total impunidade. A humanidade está em perigo, inclusive de extinção pela primeira vez na história. E por quê? Porque existe um país assassino como os Estados Unidos, esse é o maior problema da humanidade."

D'Escotto lembra que justamente os Estados Unidos foram condenados em junho de 1986 pela Corte Internacional de Justiça pelos crimes contra a humanidade ao ter treinado, financiado, infiltrado e dirigido ações paramilitares e militares contra o governo da Nicarágua, provocando 38 mil vítimas fatais e 17 bilhões de dólares em perdas materiais pela destruição da infraestrutura do país: uma decisão que os EUA não acataram.

"Quando a Nicarágua levou os Estados Unidos à Corte e este sofreu a mais forte condenação na história do direito internacional, os Estados Unidos fugiu da Corte e hoje não faz parte do Tratado de Jurisdição obrigatória da Corte", aponta D'Escotto.

'É hora de perder o medo dos EUA'

Tanto a defensora dos Direitos Humanos, Piedad Córdoba, como Miguel D'Escotto, consideram que já é hora de passar das declarações e condenações verbais para a tomada de atitudes, para assim frear as agressões dos Estados Unidos contra os povos do mundo.

"Primeiramente, Unasul, Celac e Alba, todas essas instituições e os presidentes da região têm que se pronunciar contra isso. Eu acho que já é hora de deixar o medo diante de um império que a única coisa que faz é regar o mundo de sangue e morte", aponta Piedad.

D'Escotto acrescenta: "É preciso tomar medidas mais efetivas, coercitivas. Os Estados Unidos devem aprender a se comportar civilizadamente e se não aprendem terão que sofrer as consequências de um isolamento total. Eles impuseram um cruel e criminoso bloqueio contra Cuba, é a hora do mundo bloquear os Estados Unidos".

A Alba repudiou categoricamente esta nova agressão dos EUA contra a Venezuela. Mas a Nicarágua foi mais além e proibiu a entrada de Ileana Ros-Lehtinen e Marco Rubio em seu território.

Agora o povo venezuelano tem saído às ruas massivamente para rechaçar essas sanções, que como bem disse Maduro: "Se sabe como começam, mas não como terminam".

Enquanto isso, muitos outros se perguntam: se os Estados Unidos realmente são tão sensíveis ao tema dos direitos humanos, por que nunca entregou uma só prova sobre a suposta violação aos direitos humanos na Venezuela e só apresenta fotografias falsas diante da comunidade internacional? Assim o fez o senador Marco Rubio no dia 27 de março de 2014, quando mostrou uma foto diante do Senado dos Estados Unidos, assegurando que Maduro pagou a franco-atiradores no Estado de Táchira para assassinar opositores. Rubio sabia que estava mentindo e que essa foto foi tirada pelo repórter fotográfico da AFP, Juan Barreto, no dia 19 de novembro de 2013 da equipe militar venezuelana que protegia o Palácio do Governo em Caracas.

Por que os Estados Unidos não aplica sanções a países que realmente violam os direitos humanos como Israel, que somente na última agressão a Gaza assassinou mais de 2 mil palestinos, em sua maioria crianças, mulheres e idosos inocentes? Por que não aplica sanções ao ex-presidente Álvaro Uribe por suas mentiras que tiraram a vida de mais de 3 mil colombianos humildes e inocentes? Por que não aplica sanções ao governo mexicano, que desde 2006 tem um registro de mais de 20 mil desaparecimentos forçados e dezenas de valas comuns com corpos ainda não identificados?

Uma vez mais, o Governo estadunidense deixa evidente que utiliza o tema dos direitos humanos como um instrumento político contra aqueles que não beijam seus pés, que não se curvam, que não servem aos seus interesses. O raciocínio exposto pelos EUA é simples: se você não me dá o controle dos seus recursos naturais, se fala em um mundo multipolar e põe em risco minha hegemonia mundial, se defende a autodeterminação dos povos, se não cede... te aplico sanções pelos crimes contra a humanidade que eu cometo.


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