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071115 colColômbia - O Diário - [Alberto Pinzon Sánchez] A combinação de todas as formas de luta de massas não foi em nenhum momento derrotada na Colômbia. Muito menos a mobilização social e popular.


 Nem política nem militarmente, porque respondem a profundas necessidades sociais. Em compensação as momentâneas alianças eleitorais diletantes e oportunistas com uma Burguesia Nacionalista Revolucionaria inexistente, para além de não resistirem à mais simples análise teórica, a única coisa que conseguiram foram sucessivas e desmoralizantes derrotas eleitorais e políticas.

Uma análise marxista-leninista, quer dizer, baseada na “análise concreta da realidade concreta” da Colômbia actual (o que inclui a determinação essencial da historia material com os seus desenvolvimentos económicos e jurídico-político-morais), eis o que desde há mais de 70 anos foi abandonado e concedido ao Bloco de Poder Contra-insurgente dominante na Colômbia (BPCi).

O qual, desde o inicio da sua fundação em 1962 com a recomendação secreta do general US Army Yarborough ao governo de Lleras Camargo, sempre teve bem clara a sua meta política estratégica: Romper a tese da combinação de todas as formas de luta de massas, formulada uns anos antes pelo Partido Comunista Colombiano como táctica e estratégia para resistir e derrotar a agressão militar anticomunista do conservantismo Ospino- Laureanista e Rojas Pinillista, representantes directos da Oligarquia entregue ao Imperialismo expansivo, surgido dos escombros da segunda guerra mundial.

Desde este momento, não houve um só instante em que o Bloco de Poder dominante não atacasse por todos os meios e com todos os meios ao seu alcance essa formulação diabólica dos comunistas: Imprensa, rádio, televisão, cinema, universidades, livros, cátedras, folhetos, folhas paroquiais, púlpitos, conferências episcopais, partidos políticos, discursos, parlamentos, assembleias departamentais, conselhos municipais, tribunais, cortes supremas e, obviamente as Forças Militares e de policia, tanto as Oficiais como as Paramilitares; estiveram ao serviço exclusivo dessa ideia de ódio estigmatizador e exterminador. Hoje, passados 70 anos, os estigmatizadores colhem as uvas do seu próprio ódio e as sequelas destrutivas de 70 anos de um conflito social e armado que espanta a civilização do hemisfério ocidental.

Ao extermínio ideológico seguiu-se indubitavelmente o extermínio físico: iniciou-se a caça aos aterrorizados e desarmados coelhos comunistas, previamente confinados pelo pleonasmo da Inteligência Militar, e apenas um pequeno grupo de camponeses pobres e trabalhadores do campo que tinha esclarecido as suas consciências na luta política pelas suas reivindicações agrárias, levando nos seus alforges às costas alguns livros comunistas (um livro pesa mais que uma panela, diziam escorrendo suor mas sorridentes) conseguiram arduamente sobreviver e crescer escondidos nas trevas da mata tropical colombiana resistindo à perseguição e ao acosso, armados com machetes e umas quantas carabinas da guerra dos mil dias. E nas mais terríveis condições, até hoje.

Mas, fora do silêncio da selva, a prédica anticomunista e a perseguição deram resultado: a formulação leninista inicial da combinação de todas as formas de luta de massas começou a ser maquilhada até que finalmente foi substituída por uma participação eleitoral exígua e fraudulenta, que os incitadores do ódio permitiram. Os conceitos leninistas de Imperialismo e Oligarquia financeira foram suavizados e substituídos pelos diletantes e ambíguos modismos de “Elite” e “Pan-americanismo”.

A análise classista da sociedade foi substituída por uma análise “bobio”(1) e lateralizante entre Esquerda e Direita. A luta de massas com a sua mobilização social ampla foi substituída pela participação ritual em eleições manipuladas. As antigas alianças tácticas com sectores da pequena e média burguesia, radicalizados, marginalizados e agredidos pelo Imperialismo e pelo torniquete oligárquico sipaio, foram substituídas pela sua incorporação acrítica numa frente estritamente eleitoral de Esquerda, sob o grotesco conceito maoísta-liberal de burguesia nacionalista revolucionária. E assim puderam ser candidatos presidenciais da Esquerda Piedrahita Cardona, Pernía, Echeverry Mejía, Aljure, etc.

Até chegar, hoje em dia, a considerar os rojaspinillistas Moreno-Rojas (farsantes Samperistas dos sete costados), Petro, arrogante relíquia do militarismo rojaspinillista do M19, ou o troca-tintas e renegado comunista Carlos Romero, com a sua clientela de vereador bogotano, como líderes de “Esquerda”. E, argumentando com uma grande abertura unitária, a selar alianças eleitorais negativas com roupagem de Esquerda, com o procurador Liberal de Samper Gómez Méndez, ou com os filhos Liberais de López Michelsen, que procuravam ajustar velhas contas liberais com Cesar Gaviria opondo-se ao seu familiar Rafael Pardo. Ou com o conservador Yepes Álzate, interessado em retirar os votos ao pícaro do seu irmão, ignorando a opinião popular. Como se as pessoas não soubessem ou não se tivessem apercebido de quem se tratava. O que se semeou foi colhido.

¿Estão a Oligarquia sipaia e o Imperialismo sentados a uma mesa, dispostos a pactuar alguns acordos básicos para pôr fim ao tradicional e histórico conflito social e armado da Colômbia, em resultado de umas eleições aldrabadas das muitas que tem havido na Colômbia?
¿Ou estão-no como resultado de não terem podido derrotar, em 70 anos de espantosa Contra-insurgência, a tenaz, incansável e heróica resistência de massas (política e militar combinadas) da Insurgência?

Da resposta sincera a estas duas perguntas depende o futuro e a persistência da luta de massas e a mobilização social e popular pela Paz Democrática uma vez alcançado o acordo final em Havana, e que Partido Comunista Armado das Farc se transforme com o seu tripé estratégico (frente bolivariana, partido clandestino, exército miliciano) num movimento político e legal disposto a lutar abertamente pelas transformações profundas que ainda ficam pendentes para o futuro da sociedade colombiana.

A combinação de todas as formas de luta de massas não foi em nenhum momento derrotada na Colômbia. Muito menos a mobilização social e popular. Nem política nem militarmente, porque respondem a profundas necessidades sociais. Em compensação as momentâneas alianças eleitorais diletantes e oportunistas com uma Burguesia Nacionalista Revolucionaria inexistente, para além de não resistirem à mais simples análise teórica, a único coisa que conseguiram, para além de legalizar o vetusto aparelho eleitoral do Bloco de Poder Contra insurgente, foram sucessivas e desmoralizantes derrotas eleitorais e políticas.

É tempo de fazer uma verdadeira e séria análise autocritica: Um verdadeiro debate. Deve ser considerado o factor externo da repressão e extermínio Contra-insurgente contra o povo trabalhador, mas esse factor não explica tudo. Deve examinar-se honesta e profundamente o factor Interno por parte daqueles que honradamente se reclamam marxistas seja de qual for das vertentes que hoje enriquecem aquilo a que Gramsci chamava a Filosofia da Praxis:

Valorizar criticamente a teoria e a prática com que se tem conduzido durante todos estes espantosos anos a luta popular pela verdadeira Democracia na Colômbia. Não há outra forma de avançar e fazer avançar a roda da história na Colômbia e de não se deixar desmoralizar ou paralisar pela Contra-insurgência eleitoral, face ao desafio histórico que se nos está a apresentar. ¿Qual é a demora?

Notas:
1- O autor refere-se certamente à teorização de Norberto Bobbio relativa ao confronto “esquerda-direita” (NdT)


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