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Fotografia de Evelyn Oliva Corado Inti IllimaniChile - Diário Liberdade - [Ilka Oliva Corado; Tradução de Camila Lee para o DL] Entrevista a Jorge Coulón, um dos fundadores do grupo musical chileno, Inti-Illimani.


Fotos de Evelyn Oliva Corado

Durante o movimento da *Nueva Canción Chilena nascia Inti-Illinami, nome que em língua aimara significa Sol del Illinami em referência à montanha dos Andes bolivianos. Com cerca de 50 anos de trajetória, o grupo cativou os corações de várias gerações latino-americanas que veem refletida nas suas canções a realidade dos povos milenários, a veia dos militantes revolucionários, o amor, a dignidade e a vida.

Na noite do dia 9 de maio, Inti-Illimani ofereceu um show na cidade de Chicago, Illinois, Estados Unidos. O recinto onde o público assistente acompanhou o espetáculo foi a Old Town School Music of Folk. Uma noite cheia de sentimento sul-americano Junto com a chuva e a neblina das cerejeiras e das tulipas em dias da primavera estadunidense, chegou a brisa do Sul.

Com os seus Andes, com os seus mares, com a sua gente, com a sua dignidade. Com o eco e o afinco dos povos primitivos. Com a identidade e a sua linhagem. Incenso e beberagem para as almas que deambulam nos horizontes longe da sua terra natal. Foi o ambiente, a memória e a alegria dos anos em que as utopias eram abraçadas com sangue, integridade e lealdade. Quando ocorreram as revoluções e a ditadura, os exílios forçados, as despedidas. Quando a promessa de "um dia voltarei". Noite de lembranças, de lágrimas, de suspiros e de esperança. Inti-Illimani cativou.

Entre fotografias e autógrafos, entre um público que aclamava aos músicos com alegria, demonstrando o seu amor e a sua lealdade, pude entrevistar durante cinco minutos a um dos fundadores do grupo. Crônicas de uma Inquilina lhes apresenta na sua séria Encontros a Jorge Coulón, de Inti-Illimani. Deliciem-se e, se desejam, compartilhem.

O pessoal é político A arte é política, Inti-Illimani o demonstra perfeitamente. Apenas posso adicionar que foi um prazer compartilhar estes poucos, mas muito consistentes minutos com um dos maestros que fazem da música e da letra latino-americana a mais bela das utopias.

Qual a sua opinião sobre a Assembleia Constituinte?

Olha, no Chile, sem dúvidas, precisamos de uma nova Constituição, a que temos foi escrita durante a ditadura e foi feita para atar os pés e as mãos do povo no que diz respeito a todos os seus direitos. Agora, a forma mais democrática que conheço e que conhecemos para fazer uma Constituição que seja reconhecida por todo mundo como própria é uma Assembleia Constituinte.

O que não significa, não sei, como alguns pensam que é onde todos estão berrando, mas sim que é uma Assembleia na qual o povo escolhe, para que seja redigida uma Constituição com apoio democrático.

O que você opina sobre a mudança de Gabinete que anunciou Bachelet, não sei se já foi realizada?

Não, ainda não, na segunda-feira, às 9:00h realizará o seu anuncio. Bom, estamos vivendo uma situação bastante complicada, consequência também da ditadura e da Constituição que temos, que toda a política era financiava de maneira ilegal, digamos. Então ao final, claro, para um pouco, não se como cortina de fumaça ou se como uma maneira de escapar, anunciou esta mudança de gabinete. E eu espero que seja uma mudança de gabinete profunda, que não freie as mudanças que Bachelet prometeu ao país.

Precisamos urgentemente de mudanças, que ocorra uma distribuição da riqueza diferente e leis laborais distintas. Necessitamos que exista um sistema de segurança social, saúde pública e educação pública. O Chile precisa de mudanças muito profundas.

Inti Illimani en Chicago.jpgE a Lei do Aborto?

Sim, a Lei do Aborto é o direito da mulher a decidir sobre o seu corpo.

A união civil?

Bom, nisto avançamos algo. Inclusive a nível mundial, penso que não estamos tão mal, digamos. Porém, naturalmente tudo o que é avançar em função das liberdades civis e dos Direitos Civis é muito importante.

Por que países como a Argentina avançaram tanto no que diz respeito a julgar os violadores de Direitos Humanos e no Chile foi tão difícil?

Bom, penso que a diferença não é numérica. A diferença é cultural. Na Argentina, a ditadura foi derrotada por uma guerra, caiu de forma violenta. No Chile, foi uma saída negociada. Mas, no Chile existem mais de 360 oficiais julgados e cerca de 200 na prisão. Todos os chefes dos serviços secretos estão condenados a várias prisões perpétuas. Sãos sobre os quais se sabe menos, digamos. O que acontece é que na Argentina ocorreu, a nível popular e a nível cultural, uma rejeição absoluta à ditadura. No Chile tudo foi feito por debaixo da mesa, negociado, pesado, medido. Teve menos notícia, também. Mas, temos muitos violadores de Direitos Humanos na prisão. Não todos os que gostaríamos, nem todos os que o foram, digamos, mas sim, neste aspecto avançamos muito.

A repressão ao povo Mapuche?

Bom, isto é um dos maiores erros históricos que cometeram os governos latino-americanos. No Chile, principalmente, houve uma resistência muito grande para aceitar que somos um país multinacional e multicultural, e que os direitos do povo Mapuche deve ser não somente respeitado, mas sim devolvidos. Todos os roubos que durante séculos foram feitos: terra, gado, abuso, submissão... É uma história bastante complicada e que deve ser enfrentada com audácia. Não se pode estar diante destes problemas reagindo burocraticamente.

As mobilizações dos estudantes?

Olha, tem uma geração de estudantes que nasceu agora depois do fim do governo de Pinochet e que não tem o medo físico que têm outras gerações. Então, é uma geração interessante, mas uma geração também que tem uma capacidade para reagir muito forte emocionalmente, porém nem sempre tão forte no âmbito político.

O direito de Obama contra a Venezuela?

É uma bobeira, uma bobeira inexplicável, penso que, além disso, inútil e um pouco vergonhosa.

Muito obrigada pelo seu tempo, deseja adicionar algo mais?

Um abraço muito grande às pessoas que inclusive longe da sua pátria, faz pátria.

* A Nueva Canción Chilena (Nova Canção Chilena) constituiu um movimento massivo de renovação folclórica, no qual a tradição se nutriu de inovações musicais. Após o golpe de Estado de 1973, continuou se desenvolvendo no exterior devido ao exílio de muitos intérpretes. Fonte: memoriachilena.cl


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