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220115 haitiHaiti - RBA - Abandono geral e reconstrução precária impõem dilemas para missão de paz comandada pelo Brasil, aponta Emir Sader.


Passados cinco anos do terremoto que destruiu a capital Porto Príncipe e matou mais de 300 mil pessoas, o Haiti luta para se levantar. Emir Sader, comentarista da Rádio Brasil Atual traça histórico turbulento do país e comenta as dificuldades para a reconstrução após a tragédia e os desafios impostos à missão de paz liderada pelo Brasil.

Voltando ao século 19, Emir lembra que o Haiti foi palco da mais extraordinária revolução de independência do continente americano. "Foi o movimento negro que derrotou a França napoleônica e conquistou a independência e, por isso, foi punido gravemente", lembrando que, somente após o terremoto, a França suspendeu o pagamento da divida externa imposta ao Haiti como retaliação ao processo de independência.

Ao longo do século 20, o país sofreu sob o jugo de terríveis ditadores apoiados pelos EUA, dos quais Papa Doc é o mais conhecido deles. O período de transição democrática também foi marcado por turbulências, que culminou com a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide, derrubado pelos exércitos dos EUA e França, a antiga potência colonial.

Portanto, quando da ocorrência do terremoto, em 2010, o país já vivia "uma situação dramática, de desalento, de abandono, sem projeto econômico, com desarticulação do estado", aponta Emir, quando a capital Porto Príncipe foi devastada, agravando ainda mais a situação.

Apesar da grande quantidade de recursos angariados junto à comunidade internacional, centralizados e mal-geridos, os esforços de reconstrução trouxeram "resultados pífios", classifica o sociólogo. "Já havia um déficit de habitações de 1,5 milhão antes do terremoto. E desde então foram construídas apenas 9 mil casas", diz como exemplo.

O enorme contingente de pessoas que buscam sair do país por quaisquer meios, e que tem o Brasil como um dos principais destinos, denota a situação de desolação, falta de emprego ou oportunidades de educação para a população mais jovem. "É um país sem destino. Esses cinco anos marcam uma situação de reconstrução muito precária e de abandono geral."

Sobre os desafios colocados para a delegação brasileira, que lidera a missão de paz da ONU e busca a estabilização do país, Emir não é otimista: "Foi um erro ter ido, além do mais, sem ter obtido recursos prévios para a reconstrução do país". A questão mais grave, segundo o cientista político, é que não se criou uma força militar em substituição ao antigo exército haitiano, o que prolonga a necessidade de permanência dos homens da Minustah, como é conhecida a missão da ONU comandada pelo Brasil.

"Não adianta os militares brasileiros dizerem que tem que sair. Se não houver a construção de uma força local, vão acabar não saindo". Emir aponta que uma retirada precipitada das forças da Minustah poderia precipitar uma nova convulsão interna, tendo o Brasil como um dos responsáveis.

 


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