"Não posso comentar à cerca desse assunto. Nós apenas cumprimos com as orientações dadas". Foi com estas palavras que José dos Santos respondeu aos jornalistas sobre o banimento dos SMS´s, ordenado pelo Governo, nos dias 06 e 07 do mês em curso. As manifestações foram entre 1 e 3 de Setembro. A 07 de Setembro Governo anunciou o pacote de medidas com que pretende amortecer o descontentamento popular que terminou em tumultos que durante três dias.
José dos Santos confirmou que a decisão do cancelamento dos SMS veio do Governo e a instituição da qual faz parte, apesar de ser de capitais privados, "nada podia fazer" perante as ordens do Governo.
O Governo mandou cortar, temporariamente, o serviço de SMS´s, por temer a propagação das manifestações populares ocorridas no início do corrente mês. Os manifestantes coordenavam as suas acções de reivindicação contra o custo da vida em Moçambique, recorrendo a SMS´s.
"Fomos comunicados que devíamos cancelar os serviços (de SMS´s), e assim procedemos. Não tivemos nenhuma negociação sobre o assunto mas como disse não posso oferecer mais detalhes", disse José dos Santos quando solicitado por jornalistas.
Para além de privar os cidadãos do seu direito de se comunicar livremente, a atitude do Governo representou grandes prejuízos às empresas operadoras de telefonia móvel. Não se sabe se pelos prejuízos causados às companhias, o governo irá repor com dinheiro público, fruto das contribuições dos moçambicanos e das doações internacionais.
Estima-se que cerca de três milhões de utilizador dos serviços, somente da Vodacom, terão ficado impedidos de exercer um dos seus direitos fundamentais consagrados na constituição: o direito de informação.
Recorde-se que na rede Mcel, que funciona com parte de capitais públicos, também foi interrompido o serviço de envio de SMS´s, dos clientes pré-pago. E nesta operadora, mais de 4 milhões de moçambicanos terão sido privados de usar o serviço e consequente de comunicar, tendo como não a ver com as manifestações.
José dos Santos diz que a Vodacom também foi um dos prejudicados pela medida, sem no entanto revelar o valor das perdas.
Sobre um eventual pedido de desculpas aos clientes, o presidente Executivo da Vodacom diz que não cabe à empresa que dirige dar, fazê-lo, mas sim ao Governo que ordenou a interrupção do serviço, através do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM).