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131010_professoradoMoçambique - Canalmoz - João Novela reside no Acordos de Lusaka, arredores no município da Matola. Os filhos frequentam 3ª e 4ª classes na Escola Primária 19 de Outubro. Diz que não basta apenas ter os filhos matriculados numa escola. "É preciso que haja certeza de que, de facto, estão a aprender alguma coisa. E isso não está a acontecer".


Alguns pais e encarregados de educação mostram-se preocupados com a falta de conhecimentos dos seus educandos matriculados nas escolas do Sistema Nacional de Educação, nas cidades de Maputo e Matola. Eles criticam também o sistema de passagens automáticas em vigor no país desde 2004.
Apontaram ainda que os professores primários não são valorizados. Para além da falta de material de ensino e aprendizagem, os salários que auferem não os enobrecem.
Em contacto com o Canalmoz, por ocasião do dia 12 de Outubro, Dia Nacional do Professor Moçambicano e Internacional da Educação, alguns pais e encarregados de educação deram suas vozes para falar dos problemas que afectam o ensino no país, no caso concreto o ensino na capital do país.
João Novela reside no Acordos de Lusaka, arredores no município da Matola. Os filhos frequentam 3ª e 4ª classes na Escola Primária 19 de Outubro. Diz que não basta apenas ter os filhos matriculados numa escola. "É preciso que haja certeza de que, de facto, estão a aprender alguma coisa. E isso não está a acontecer".
Este ano o Dia do Professor é celebrado sob o lema "Livros Abertos, Portas Abertas". Porém, João Novela tem a opinião de que "nas escolas, todos os dias, as crianças abrem os livros, mas pouco aprendem". "Nas reuniões que temos tido com os professores, somos confrontados com várias dificuldades e, por isso, temos contribuído com alguns valores para ajudar as escolas a desenvolverem as suas actividades", anota.
Questionámo-lo quais, na sua óptica, os factores que põem as crianças a não aprenderem. E em que soluções aposta para se ultrapassar tal fenómeno. João Novela começou por sublinhar, por um lado, os baixos salários que auferem os professores primários. "São salários que só tiram qualquer alento".
Por outro lado, diz que "a falta de qualidade no ensino nas escolas moçambicanas é generalizada nos ciclos secundários e primários". Neste último ciclo, segundo disse, "o cenário é lastimoso, uma vez que há crianças que chegam à terceira classe sem saber ler. Temos que recorrer às escolinhas caseiras para garantir que a criança saiba, no mínimo, ler e escrever o seu nome".
Os valores cobrados nas referidas escolinhas caseiras variam. Cada um estipula o que lhe convém. E não é abaixo de 100 meticais mensais. Nesse contexto, João Novela diz que as famílias sem posses não podem assegurar a permanência dos seus educandos numa escolinha caseira para aprender o abecedário e no final do mês pagar algo. "As coisas se complicam".
Outro problema apontado pelo interlocutor que estamos a citar é o "fraco domínio da leitura e da escrita pelas crianças nas classes iniciais". "Mesmo no ensino secundário temos crianças que lêem com dificuldades e escrevem mal. Isso significa que há ainda muito trabalho por se fazer".
Como sugestão, Novela diz que é preciso, primeiro, melhorar as condições de ensino dos professores para aque melhore a dos próprios alunos. "As escolas, sobretudo primárias, têm falta de material de ensino e aprendizagem. As escolas primárias estão, na generalidade, degradadas. As crianças estudam no chão, numa situação em que ficam apinhadas numa turma e para um só professor", lamenta.

É preciso apostar nos professores com pedagogia

Manuel Parruque reside no bairro do Bagamoyo, arredores da cidade de Maputo. Disse ao Canalmoz que os filhos estudam na Escola Primária Completa do Infulene-Benfica. Para ele, os problemas na educação devem-se, essencialmente, à falta de formação pedagógica de alguns professores.
"Nos últimos anos, o Governo decidiu recrutar professores com formação psico-pedagógica, mas há tantos que ensinam sem a devida formação", diz Parruque e prossegue: "todos podemos ser professores, mas sem formação pedagógica é difícil melhorar os conhecimentos" dos outros.
Num outro contexto, ele discute os salários dos professores primários. No seu entender, são tão baixos. "Quando os professores os comparam com o trabalho que têm com as crianças nas salas de aula ficam desmoralizados. Eles reclamam melhores condições de trabalho e salários condignos, mas só se lhes dão promessas. Por isso sentem-se desvalorizados".
Ademais, Manuel Parruque afirma que no ensino secundário há também alguns problemas que se verificam na primária. As lições não são devidamente preparadas porque os professores não têm material adequado para o efeito. Ele questiona "qual é a metodologia que o Ministério da Educação usa nas escolas para garantir que as crianças aprendam com eficácia? É preciso que se encontre uma forma de reverter ao actual rumo de leccionação".
Daí o interlocutor acrescenta que "as passagens automáticas nos ciclos de ensino em que vigoram minimizam o problema da falta de vagas, mas perpetuam problemas de qualidade". "Além disso, apesar de o Governo dizer o contrário, as crianças têm pouco tempo de permanência nas escolas".


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