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091210_manhenje2Moçambique - Canalmoz - O tão esperado julgamento do antigo ministro do Interior, Almerino Manhenje, arrancou com grandes revelações. O réu disse ao juiz do caso que parte do dinheiro que desviou no Ministério do Interior (MINT), fê-lo com consentimento do ex-chefe de Estado, Joaquim Chissano. Manhenje falava especificamente do dinheiro do MINT que usou para pagar viagens da sua esposa, filha e sobrinha ao exterior.


O juiz Octávio Tchuma, da 8ª Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, que está a julgar o caso de desfalque de 220 milhões de meticais no Ministério do Interior, ouviu ontem os três réus do caso, nomeadamente Almerino Manhenje, ex-ministro do Interior do tempo em que Joaquim Chissano era presidente da República, Rosário Fidelis, antigo director financeiro, e Álvaro Carvalho, ex-director financeiro adjunto, ambos do MINT.

 

O nome de Chissano nas revelações de Manhenje

O juiz da causa exigiu explicações do ex-ministro, sobre as acusações da Inspecção-Geral das Finanças, segundo as quais ele teria usado dinheiro do ministério para pagar viagens ao exterior de membros da sua família.

Manhenje explicou ao Tribunal que, na altura, na qualidade de cumulativamente ministro de Interior e dos Assuntos da Defesa e Segurança junto da Presidência da República, tinha uma viagem ao exterior com o antigo chefe de Estado, Joaquim Chissano, tendo, na ocasião, formulado um pedido de contemplação da sua esposa na comitiva, o que foi aceite, segundo o réu.

"A viajem ao exterior com a minha esposa, com despesas cobertas pelo Ministério do Interior, foi autorizada pelo antigo presidente Joaquim Chissano", disse Manhenje ao tribunal.

Quanto às despesas da viajem da filha, a mesma aconteceu quando ele estava fora do país. "A minha filha, na altura era bolseira numa Academia Militar em Portugal, quando, de urgência, foi solicitada, através do nosso Ministério da Defesa Nacional, tendo este contactado o protocolo do Ministério do Interior para desbloquear o assunto", disse.

Segundo Manhenje, foi nesta óptica que o Ministério do Interior desembolsou valores de passagem para Portugal e que não foi ele a dar ordens de pagamento.

E quanto ao visto de entrada no passaporte da sua sobrinha, o ex-ministro disse que a sua esposa Albertina Manhenje, deixou 20 dólares com o seu protocolo para tratar deste assunto. "O que depois aconteceu, não sei. Provavelmente o dinheiro tenha faltado e o protocolo terá entendido aumentar algum valor''.

Prefiro ser condenado que revelar segredos do Estado

Num outro desenvolvimento, o juiz quis entender o porquê do desvio de fundos direccionados para outras despesas do ministério, para serem aplicados em operações de defesa e segurança.

Manhenje respondeu nos seguintes termos: "Apenas posso dizer que o valor foi gasto nas operações e nas casas onde vivia e trabalhava. Repito, se o tribunal achar que não sou idóneo pode tomar a decisão que achar'', disse o réu perante a insistência do juiz sobre os pormenores dos gastos das tais operações.

Visivelmente irritado com a quantidade de perguntas do tribunal, Manhenje chegou a dizer que se houver excessivas questões sobre as despesas das operações e comunicações, devem ser direccionadas aos seus superiores hierárquicos, sem especificar de quem estava a falar.

"Estamos a falar da segurança do Estado. Nós fizemos o que nos competia durante dez anos. Hoje quando se duvida da minha idoneidade como ministro, fico preocupado'', disse sublinhando que dedicou 10 anos da sua vida à defesa deste país.

O juiz quis ainda saber sobre as despesas de outras pessoas estranhas ao ministério, tendo Manhenje dito que "no interesse da segurança nacional há determinadas verdades de que não posso falar, nem que isso prejudique a minha vida. Os que dirigem este país sabem que não são pessoas estranhas''.

Perante as insistências do Ministério Público sobre as razões de desvio de fundos de outros sectores do ministério para serem aplicados nas questões de segurança, o ex-ministro preferiu não responder.

"Meritíssimo, peço para abster-me desta resposta'', apelou o ex-ministro e o juiz aceitou.

Recorde-se que Manhenje havia proposto o nome de Joaquim Chissano para ser seu testemunha em tribunal, mas o tribunal rejeitou a audiência do ex-chefe de Estado. Hoje segue-se o julgamento com a audição dos declarantes.


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