A Renamo considera que a abrupta e violenta subida dos preços dos produtos básicos no mercado nacional, designadamente a gasolina, o gás doméstico, a água e a electricidade, está a asfixiar a vida do pacato cidadão.
O maior partido da oposição na política moçambicana, na voz do deputado Saimone Macuiana, entende que, desde as manifestações populares de 5 de Fevereiro de 2008, o partido no poder, a Frelimo, manteve os preços inalteráveis, porque temia o surgimento de novas revoltas, durante o período da realização das eleições de 2008 e 2009. Por isso, diz a Renamo, findos os pleitos eleitorais não tardou em se agravassem os preços de produtos de primeira necessidade e outros.
Esta situação, de acordo com Saimone Macuiana, deputado e relator da bancada da Renamo, na Assembleia da República (AR), é próprio de um regime que nunca se dignou em respeitar o povo, usando-o somente para lograr seus fins. Acrescenta que isso ocorre porque o partido no poder vai continuar a manipular os resultados eleitorais, como sempre o fez, para perpetuar o sofrimento dos moçambicanos.
Os helicópteros de Guebuza e os "parasitas"
O paradoxo da situação de caos social que se vive, de acordo com aquele parlamentar, tem a ver com o facto de os preços estarem a subir, a inflação a atingir níveis jamais vistos e, por outro lado, o chefe do Estado, Armando Guebuza, continuar a deslocar-se para destinos como Boane, Marracuene, Moamba, percursos de menos de 30 quilómetros, fazendo-se transportar em seis helicópteros fretados, gastando desnecessariamente rios de dinheiro dos impostos dos cidadãos.
A bancada da Renamo responsabiliza o Governo pela escalada galopante de preços, pois é o resultado de mais políticas baseadas na delapidação do erário público, ou seja, da má gestão dos dinheiros públicos, de tomada de decisões com a arrogância, prepotência, sem qualquer consulta a outras entidades. "Mas continuaremos firmes como sempre na responsabilidade de defender o povo do regime autocrático da Frelimo que sempre ousou escravizar os moçambicanos", frisou Macuiana.
Segundo este deputado da Renamo, este comportamento, que considera de cobardia e falta de amor ao próximo por parte do Executivo do dia, ocorre numa altura em que o crime violento volta a semear terror nas principais cidades do país, enquanto o Ministério do Interior e o respectivo Comando-geral andam distraídos, com o seu arsenal a intimidar pacatos cidadãos, como aconteceu com o desmobilizado de guerra Hermínio dos Santos, retirando-lhe o direito de manifestação previsto na Constituição da República.
Acrescentou que em Alto Molócuè, 31 cidadãos foram multados por faltarem ao comício, em plena semana de trabalho e num país onde tal prática não configura crime nem contravenção. "Na Beira assiste-se à uma sentença injusta e manifestamente ilegal, a pretender expropriar o que é do Estado para o particular, Frelimo, quando a lei só permite o inverso", disse.
Mais grave ainda na óptica daquele parlamentar, são as políticas do sector da Agricultura, que não ajudam na produção de comida suficiente para os mais de 20 milhões de moçambicanos, e que remete o país cada vez mais para a dependência externa, mesmo com a terra arável não cultivada.
Segundo a Renamo, não se explica que com extensas áreas aráveis, Moçambique continue a recorrer à África do Sul para importar tomate, cebola e batata. Mesmo o Malawi e Swazilândia com economias muito pequenas, já praticam a agricultura comercial, e nós continuamos com a de subsistência, salienta a Renamo.
Assim como o Governo subsidiou o sector dos transportes e as gasolineiras, porque estes pressionaram, deviam fazê-lo na Agricultura, pois é a chave do nosso desenvolvimento, sublinhou o parlamentar.