No que a direção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) qualificou de "ação decisiva", aviões de combate bombardearam as zonas portuárias de Trípoli, Sirte e Al Khums com o pretexto de que se tratava de navios da marinha líbia.
A televisão estatal de Líbia destacou que as agressões ocorreram na madrugada desta sexta-feira e os barcos estavam atracados ao porto de Trípoli, e também negaram que tenham sido usados para atacar a civis, como argumentou um porta-voz da aliança atlântica.
O subcomandante da missão da OTAN na Líbia, Russel Harding, alegou que Kadhafi tinha incrementado o uso da força naval para atacar a civis e colocar minas de forma indiscriminada, o que dificultava a entrega de ajuda humanitária por mar.
Fontes governamentais em Trípoli negaram o argumento de Harding de que os oito barcos afundados "tinham demonstrado uma clara intenção de atacar as forças da OTAN" e que eram naves de guerra sem utilidade civil.
A nova ofensiva bélica, reforçada sobre esta capital nos últimos dias com ataques a edifícios governamentais e civis, ocorreu após o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, elogiar o desempenho da coalizão agressora.
Rasmussen assegurou que continuarão com as operações contra o país do norte africano "até derrocar a Muammar Kadhafi" e elogiou que tenham prejudicado "significativamente" o poder combativo do Governo. "A oposição tem ganhado terreno e o regime está mais isolado a cada dia", apontou.
Apoiados pelos bombardeios das potências ocidentais, os rebeldes seguem combatendo contra as forças regulares em torno das cidades de Ajdabiya e Brega (leste), assim como na zona das montanhas de Nafusa, ao sudoeste de Trípoli.
O opositor Conselho Nacional de Transição (CNT), com sede em Benghazi, aproveitou para reclamar às potências mundiais mais bombardeios contra Kadhafi, e mais dinheiro, armas e assessoria militar para prosseguir sua ofensiva terrestre, até agora com modestos avanços.
Por sua vez, o porta-voz do Governo, Moussa Ibrahim, criticou a afirmação do presidente norte-americano Obama de que "o tempo corre contra Kadhafi" e que a oposição organizou um "conselho interino legítimo e confiável", ainda que não o reconheça formalmente.
Ibrahim indicou que Obama fez comentários "ilusórios" ao prognosticar que "quando Kadhafi inevitavelmente saia ou seja forçado a abandonar o poder, décadas de provocação terminarão, e poderá se empreender a transição a uma Líbia democrática".
"Ele acredita nas mentiras que seu próprio governo e os meios difundem pelo mundo. Não é Obama quem decide se Muammar Kadhafi deixa ou não a Líbia. É o povo líbio", sentenciou o porta-voz.
As autoridades líbias reiteraram a rejeição à injerência do Ocidente a seu país, amparada em uma resolução da ONU que autorizou impor uma zona de exclusão aérea, e denunciaram um elevado número de vítimas e de deslocados, estes últimos estimados em mais de 750 mil.