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Xurxo Martiz Crespo

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Em coluna

O cartão sanitário da Junta na Venezuela e o presunto

Xurxo Martiz Crespo - Publicado: Quinta, 09 Dezembro 2010 01:00

Xurxo Martínez Crespo

Em Caracas conheci dúzias de galegos que levavam 20 anos sem irem à Galiza, dos 40 que levavam na Venezuela, ou que não foram nunca mais desde que chegaram ao país como emigrantes.


Se não puderes ir à Galiza, ou não quiseres, o cartão da Junta não te vai resolver nenhum problema de saúde, porque também não terás direito a ela. Na Venezuela continuarás a pagar um seguro privado, como muitos galegos na Galiza para contornar as listas de espera de um ano ou mais, ou então não pagarás nenhuma porque não podes.

Condicionar determinados direitos à capacidade aquisitiva de subir num avião e poder passar entre um e três meses na Galiza, ou no Estado espanhol, não deixa de ser qualquer coisa um pouco enxovalhada, porque se bem a população galega na Venezuela abrange mais de 45.000, duvido muito que cheguem a 4.000 os galegos que podem vir uma vez por ano à Galiza. Percebo que para o Governo galego é irrealizável levar a assistência sanitária a todos os galegos que residem na América Latina. Fizeram mais ou menos na Argentina e no Uruguai porque existiam umas infra-estruturas hospitalares que levavam funcionando décadas antes de que existisse a própria Junta da Galiza; mas nem assim puderam dirigi-las nem torná-las eficazes.

Acho que a entrega de cartões sanitários do SERGAS aos galegos e aos seus descendentes na Venezuela vai resultar num dos principais erros do Governo galego na Galiza exterior. Em primeiro lugar, porque para conceder o cartão, estão a exigir o empadroamento (1) na Galiza, o que reafirma o apelo de Núñez Feijoo para os galegos do exterior se empadroarem na Galiza e assim poderem votar nas autárquicas.

Empadroar-se na Galiza enquanto se está de férias é uma irregularidade administrativa que pode acarretar muitos problemas futuros aos galegos de Venezuela e aos seus descendentes. Isto, que Feijoo não o diz, é um grande problema para os residentes no estrangeiro com cidadania espanhola, pois se pretenderem, mais adiante, instalar-se na Galiza, ou em qualquer outro lugar do Estado, e não anularam a inscrição e voltaram a se registrar novamente na circunscrição consular espanhola da Venezuela correspondente, não poderão por exemplo, receber a "ajuda ao emigrante retornado" ou a certidão de emigrante retornado.

Comentava ao meu pai que me parecia abusivo que um presunto ou um vinho galego custasse em Caracas 30 vezes mais que na Galiza, em lugar de um sobrepreço razoável. O meu pai, pacientemente, respondia-me que ainda que custasse 30 vezes mais, para mim era mais barato que na Galiza... porque não tinha que comprar um bilhete de avião para comprá-lo 30 vezes mais "barato".

Fique aqui esta equação perversa que no final reduz a possibilidade de verdadeiras coisas a ter o dinheiro para montar num avião, estar várias semanas de férias no estrangeiro... e preencher papéis.


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