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Aníbal Garzón

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Goodbye Dólar!

Aníbal Garzón - Publicado: Sexta, 05 Novembro 2010 22:56

Aníbal Garzón

A moeda virtual "SUCRE" fundada pelos 8 países latino-americanos do ALVA-TCP tem como objetivo substituir o Dólar nas transações regionais para ganhar independência política e comercial.


O Tratado da União Européia, conhecido como Tratado de Maastricht, foi assinado no ano 1992. Entre diferentes acordos, como a criação da cidadania européia, se fundou a União Econômica e Monetária introduzindo uma moeda virtual comunitário chamada European Currency Unit (ECU). A 15 de dezembro de 1995 em Madri pactuou-se a mudança de nome à moeda virtual como EURO e, finalmente, a 1 de janeiro de 2002 se decidiu a posta em circulação da moeda a mãos dos cidadãos europeus em substituição das moedas nacionais de 12 países europeus. Com a criação do Banco Central Europeu (BCE) e o funcionamento de uma mesma moeda um dos principais benefícios foi a eliminação de custos de transferências bancárias entre diferentes divisas, onde se utilizava principalmente a moeda mais internacional, o dólar. A Europa começava a ser mais independente do poder hegemónico e econômico dos Estados Unidos, e mais competitiva como ator imperialista na ordem multipolar.

Dependência econômica

Desde a fundação da Aliança Bolivariana pelos Povos da nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (ALVA-TCP ) no ano 2004, com os 8 países latino-americanos que compõem a integração regional após a saída de Honduras depois do golpe de estado em junho de 2009, se iniciaram programas de cooperação para solucionar os problemas da pobreza que sofrem devido às políticas neoliberais dos anos 80 e 90, e sobretudo para fortalecer as relações comerciais e eliminar a dependência com os países "ricos". A América Latina conhece bem as consequências que sofreu historicamente pelas crises cíclicas do capitalismo internacional. No ano 1973, os estados membros da Organização de Países exportadores de Petróleo (OPEP) decidiram pactuar a elevação conjunta dos preços do petróleo. A grande dependência do petróleo que tinham os países industrializados, principalmente Europa e Estados Unidos, fez aumentar as inflações e reduziu a atividade econômica mundial. Com o aumento do preço do petróleo, comercializado com dólares mundialmente, os bancos dos países exportadores, principalmente do Oriente Médio, dispunham de grande liquidez monetária em dólares e deram créditos com juros baixos a muitos países do mundo, maioritariamente da América Latina. A chegada ao governo dos Estados Unidos do líder do Partido Republicano Ronald Reagan em 1980 fez iniciar políticas neoliberais inspiradas nas teses do Prêmio Nobel de Economia Milton Friedman para reduzir as elevadas inflações. A primeira medida foi a elevação da taxa de juro do dólar pela Reserva Federal dos Estados Unidos. Esta decisão provocou o aumento dos juros dos créditos bancários e, consequentemente, dado que os países latino-americanos tinham pedido altíssimos créditos com dólares, chegou-se a economias frustradas. México em agosto de 1982 anunciou o falência porque não podia devolver a dívida externa dos créditos, e outros, como Brasil ou Argentina, chegaram a ter hiperinflações. Finalmente, no final dos anos 80, após a chamada "Década Perdida", assinou-se o Consenso de Washington, onde todos os países latino-americanos, excepto Cuba, aprovaram aumentar as políticas neoliberais, suprimindo a intervenção dos estados na economia para reduzir as inflações.

Nos anos 90, com o crescimento das desigualdades os movimentos sociais na América Latina fortaleceram-se quantitativamente fazendo frente aos governos neoliberais, e às políticas de dependência econômica com os Estados Unidos. Assim, surgiram novos governos de esquerda, como Chávez na Venezuela, Correa no Equador, Ortega na Nicarágua ou Evo Morales na Bolívia

O Sucre

Segundo a Teoria econômica da Dependência, com intelectuais como o alemão Gunder Frank ou o egípcio Samir Amin, um país não se pode desenvolver se não ganha independência econômica dos países "ricos". Por isso, ALVA-TCP, após iniciar sua cooperação em políticas de desenvolvimento humano viu como necessário a criação de novas estruturas regionais econômicas. Em janeiro de 2008, na VI Cúpula Presidencial, criou-se o Banco do ALVA. Esta instituição econômica financia créditos aos países integrantes para realizar projetos de desenvolvimento e reduzir assim a intervenção e a submissão às decisões neoliberais do Banco Mundial (BM) ou o Fundo Monetário Internacional (FMI). A estratégia de independência econômica de ALVA-TCP buscou novos horizontes com a criação da moeda virtual SUCRE (Sistema Único de Compensação Regional).

Segundo palavras do coordenador do ALVA-TCP na Bolívia e Vice-ministro de Comércio Internacional e Exportações, Huáscar Ajata, "para o comércio internacional temos que recorrer a uma divisa internacional, o dólar maioritariamente, e assim não temos soberania nem independência nas transações internacionais. Além disso, uma parte dos lucros do intercâmbio comercial vai para o país que gera esta divisa, os Estados Unidos". A 17 de outubro de 2009, assinou-se o tratado consultivo da criação da nova moeda na cidade de boliviana de Cochabamba, pela proposta do presidente equatoriano Rafael Correa, recordando criticamente a frase "dai-me o poder de emitir moeda em seu país, e me rirei de suas leis". A 3 de fevereiro iniciou-se a primeira transação com a regulação do Conselho Monetário Regional, a Câmara de Compensação Regional e o Fundo de Convergência e Compensação Territorial. Cuba e Venezuela estrearam o SUCRE, equivalente a 1,25 dólares, com 8000 toneladas de arroz que comprou a empresa cubana Comercializadora de Alimentos (Alimport) à empresa Mista Socialista Arroz do ALVA, S.A. A 7 de julho, o Equador com a corporação Casa vendeu 5 mil 430 toneladas de arroz à Venezuela com o SUCRE, e seguidamente, no passado 8 de outubro, o Estado Plurinacional da Bolívia com a empresa Gravetal exportou 5 mil toneladas de azeite cru de soja à Venezuela por um preço de 4,64 milhões de sucres. O SUCRE não só elimina a dependência econômica do dólar, onde as decisões da Reserva Federal dos Estados Unidos sobre a taxa de juro do dólar repercutem na América Latina, como também se poupa o custo das divisas nas transações como expôs Eudomar Tovar, Presidente do Conselho Monetário Regional do Sucre , e se favorece a produção de bens e serviços, e consequentemente a redução do desemprego laboral. O SUCRE "é um mecanismo que se construiu em 13 meses, a União Européia demorou 21 anos a unificar sua unidade de conta", precisou Tovar. Diferença que segue com o objetivo. O Sucre é para o desenvolvimento e independência de países latino-americanos em frente ao dólar e o Euro é como concorrência para a moeda norte-americana no mercado mundial.

Exemplo de transação com o SUCRE

Uma empresa importadora da Bolívia contata com o Banco Operativo Autorizado (BOA) de seu país, e uma empresa exportadora venezuelana põe-se de acordo com o BOA de seu estado. As duas instituições financeiras informam da operação a seus respectivos Bancos Centrais e estes informam o Conselho Monetário Regional. A empresa boliviana realiza o pagamento com sua moeda nacional, bolivianos, no Banco Central de Bolívia. Então este Banco paga no Banco Central da Venezuela com Sucres, e o Banco venezuelano paga à empresa da Venezuela com a moeda nacional, bolívares.


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