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Alexandre Banhos

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Todos à greve geral: há muitas razões frente à propaganda desinformadora

Alexandre Banhos - Publicado: Sábado, 18 Setembro 2010 02:00

Alexandre Banhos

Estamos num mundo onde se está exacerbando a luta de classes, cada dia menos pessoas tem mais bens e capital, o que há 20 anos tinha 20 per cento da população mais rica, agora é possuído por 1% tão só. Os EUA avançados da globalização, já 1% da população tem 80 per cento de toda a riqueza.


Acaba-se de aprovar uma reforma laboral brutal e por médio duma lei (curioso mecanismo o de impor por Lei, o de fazerem-se entender os "agentes sociais"). Por tanto e debate que interessa e que tem que ver com todos tem que ser esse da perda de direitos da imensa maioria da população.

Eis um resumo do reformão social - o ataque impiedoso que sofremos:

1.- Facilita e faz muito barato o despedimento -também do pessoal laboral das administrções públicas-.

2.- Com a nova norma o despedimento passa a ser colectivo e objectivo. Porém o improcedente também é barato. E o despedimento passa-se a ser subsidiado com dinheiros públicos (teu e meu) a cargo de FOGASA.

3.- O prazo de preaviso passa de 30 dias a 15. E isso com um novo contrato indefinido -que é uma piada- (na prática todos os trabalhadores e trabalhadoras são temporais)

4.- A figura do absentismo laboral e a sua medição, é mais uma piada, e venha ser subsidiado esse despedimento por FOGASA (o dinheiro teu e meu).

5.- Os convénios passam de ser, normas de aplicação para todos e todas, a normas adaptáveis em cada centro empresarial ou de trabalho –tanto sobre as condições de trabalho e em matéria salarial-. Os trabalhadores e trabalhadoras passam de terem todos umas normas muito semelhantes a ter cada um o seu saio (viva a divisão da classe trabalhadora). E acrescenta-se o poder do patronato -que não era pouco-

6. O desemprego privatiza-se (é fonte de lucros empresariais), e acrescenta-se o controlo social (repressão) sobre os desempregados

Por pôr um ex.: Sodes conscientes de que a reforma laboral deixa absolutamente sem conteúdo as listas de substituição na adm. pública, a esses milhares de pessoas que pagaram e agora vão ser vigarizadas? Agora a administração tem absoluta liberdade para contratar com ETTS....

Temos um ataque aos nossos salários.... e a vez que pressiona-se para que se acrescentem as diferencias salariais internas.

Isto é guerra de classes, uma ideia que já estava com relevo em textos de Erasmo de Roterdam, e ao que Montesquieu No Espírito das Leis chamava guerra civil social interminável (eles eram de muito antes do marxismo). Montesquieu era dos que aguardava que a fortaleça do estado moderara essa "guerra". Ele foi o inventor da separação de poderes.

Os vozeiros mediáticos da extrema direita espanhola, sacaram há pouco uma cortina de fume - os "milhares de milhares" (colocai aqui o riso) de delegados sindicais que há no estado espanhol. Isto era o debate de há umas semanas em copes - intereconomia e demais vozeiros de enfraquecimento da democracia no estado espanhol, da involução social.

De ai passou ao PP via Esperanza Aguirre. O jornal o el (i)Mundo, colocou "os dados do delito", os meios todos reproduziram o tema e debaterom sobre isso -já tenhem o debate necessário centrado -há um "problema" social que arranjar "o parasistismo sindicalista" que "eles" tem que arranjar.

Fala-se disto nos meios e não se fala do ataque brutal aos direitos e liberdades que levou mais dum século consolidar, e que estão recolhidos em Leis, às que agora se tenta demolir, uma classe operária -uns empregados públicos- (garantia muitas vezes dos direitos e liberdades cidadãos) a serem desmantelados, é isso sim dividindo ao povo trabalhador -pois seguem a máxima romana "divide et impera". Pois dividida é o melhor campo para desfazerem o conquistado ao longo de 150 anos. Sabem perfeitamente o que fazem, pois isso sim estes senhores não dão fio sem pontada.

Meus amigos, os delegados -e libertados- sindicais, são uma conquista dos trabalhadores e trabalhadoras, uma conquista social "na luta de classes", é atacarem isso, é um ataque direto a vanguarda do movimento operário no seu sentido mais amplo e alargado.

Estou seguro que dentro deles, os há melhores e piores mais trabalhadores e menos trabalhadores, mais competentes e menos competentes. Mas isso nunca seria argumento, pois com idêntico argumento pode-se demolir tudo, qual é o campo da acção humana onde essa situação não se produza: dizei-me, nas empresas?, na justiça?, no ensino? na política? no jornalismo?... Afortunadamente e para bem, as pessoas somos todas distintas; é essa varianza individual a que nos faz humanos, se não seríamos os orcos de Tolkein, ou aqueles trabalhadores à medida do 1984 de Orwell.

Não podemos centrar os nossos debates em questões que não se pode permitir que se reduzam, temos que dizer bem claro, que querem conseguir que nom haja greve geral o 29, que nom haja mobilizações ante a brutal perda de direitos, pois como dizia o teórico da guerra Clausewitz, "as batalhas que melhor se ganham são aquelas das que o inimigo se retira e não faz frente". E a nós, aos delegados, aos libertados sindicais....aos empregados e empregadas todos que formamos o largo mundo do movimento operário, querem-nos desmobilizar, querem-nos enfrentar nesta guerra de classe exacerbada e brutal na que vivemos. É dizer, à boa gente do comum do nosso povo trabalhador e honrado, com um jogo de artifício manipulador.

Crises houve muitas ao longo da história, umas resolveram-se bem e outras mal. Hoje como ando com citações clássicas vou trazer uma que é um bom exemplo:

A da primeira revolução progressiva da história ante uma crise, o que permitiu florescer o século de Pericles na Grécia Clássica (do que ainda bebemos alguma água nas suas fontes) foi uma revolução progressista. Sabedes qual foi a sua característica? pois que se ajudou aos dividores a pagarem as suas dívidas e a libertararem-se do ferrete da dívida.

Que temos agora na crise económica, que se ajuda aos credores -especuladores- os que queriam ganho do dinheiro sem trabalho com isso que se deu em chamar engenharia financeira (malandrice chamava-se antes)- a sanearem as suas contas podres, mas aos dividores não se lhes liberta de seguirem atados a essas dívidas -de por vida- se fosse necessário, e tentam fazer que seja. (menos direitos para o povo, e uma carga de dívida que paira sobre as costas de todos nós). Isso é muito doado de se ver, chega com perscrutarmos nos orçamentos do estado para o ano que vem (o que vai saindo de adianto).

Olhai, o orçamento do estado multiplicou por três a carga da dívida. Cada dia mais receitas fiscais são para pagarmos os juros e a devolução dos dinheiros entregues a esses que querem-nos sem direitos para seguirem obtendo lucros e acabando com este planeta formoso chamado Terra. Esse pagamento por via fiscal e com um sistema fiscal cada dia mais regressivo, gravita sobre as costas de todos e todas as pessoas que obtenham as suas rendas do trabalho. É fácil percebermos que estamos ante uma involução social de grande profundidade e alcance.

Não há que explicar mais, Isto no que estamos e padecemos é pura luta de classes exacerbada, disso é do que temos que falar à gente e entre nós nos centros de trabalho. Eles sabem muito bem o que querem e como agir -dominam a propaganda e os seus altifalantes.

O dia 29, com certeza que ninguém gosta nem tem desejos de se mobilizar; eu psicologicamente seria o primeiro para não fazê-lo. Mas não podemos permitir que desfaçam os nossos direitos e liberdades sem darmos a batalha, porque se não nos organizamos, não somos solidários, não lutamos levaremos muito mal uma guerra da que infelizmente temo-me que ficam muitas batalhas, passara-nos como àquele do formoso texto de Bertolt Brecht

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...

O capital o PP-(PSOE) sabem muito bem como está o tema de delegados e libertados sindicais, trata-se de atacar a vanguarda dos trabalhadores/as e a sua capacidade de mobilização, e além disso com a cumplicidade passiva social.

Mas a questão não são os libertados, a questão é o das nossas liberdades e o futuro democrático dos nossos filhos e netos. E isso não podemos permiti-lo em silêncio, não podem levar-nos para "câmaras de gás sociais" mentres nós pensamos que só imos tomar um duche


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