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Amy Goodman

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Democracy now!

CIA: espionagem, tortura e mentiras

Amy Goodman - Publicado: Quarta, 19 Março 2014 21:53

"O que me mantém acordada a noite é a possibilidade de outro ataque contra os Estados Unidos", disse a Senadora Dianne Feinstein no mês passado, no momento em que essa era a sua defesa habitual da vigilância global em massa conduzida pela Agência de Segurança Nacional e outras agências de inteligência dos EUA.


Tudo isso mudou agora que ela pensa que a CIA os espiou e mentiu aos membros da comissão que preside, a poderosa Comissão Seleta de Inteligência do Senado. O comitê foi formado depois do escândalo Watergate, o qual afundou a administração de Nixon.

O Church Committee (Comitê do Senado Norte-Americano que investigou as atividades da CIA em 1975), liderado pelo Senador Frank Church, conduziu uma investigação sobre abusos cometidos pelas agências de inteligência dos Estados Unidos, que eram desde espionar os manifestantes contra as guerras até o assassinato de líderes estrangeiros. Assim, começou a era moderna de fiscalização pelo congresso e pelo judiciário da Inteligência dos EUA.

A discussão pública dessa semana entre Feinstein e a CIA poderia perturbar brevemente o status quo, mas certamente eles irão fazer as pazes. Infelizmente, um problema mais grave obscurece: a história não contada da politica secreta de tortura e capitulação pelo governo dos Estados Unidos.

"O conflito rodeia o mamute", como classificou o informe do Comitê de Inteligência sobre esse notório programa do governo dos EUA. Feinstein e outros senadores solicitaram a desclassificação de 6.300 páginas de documentos.

Como vemos agora, pela imprensa e pelo discurso que Feinstein fez no plenário do Senado nessa semana, os funcionários do Comitê de Inteligência tiveram acesso aos documentos da CIA, os quais estavam num lugar seguro, mas fora da sede da agência. Feinstein descreveu a cena: "A CIA começou a deixar os documentos disponibilizados eletronicamente, em algum lugar alugado, para a equipe do comitê em meados de 2009. O número de páginas foi rapidamente para milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares, e, em seguida, para milhões. Os documentos que foram fornecidos vieram sem qualquer índice, sem estrutura organizacional. Foi um verdadeiro 'lixão de documentos' que nossa equipe teve que passar e dar sentido."

Se aqueles milhões de páginas fornecidas aos funcionários do Comitê de Inteligência eram de um delator da CIA, nós ainda não sabemos— mas um documento fundamental veio à tona, o chamado "Revisão Interna Panetta", em homenagem a Leon Panetta, o diretor da CIA na época. Feinstein disse em seu discurso no plenário que "o interessante sobre os documentos internos foram suas análises e reconhecimentos significantes de transgressões da CIA".

Esta "Revisão Interna Panetta", especificadamente, contradiz o testemunho escrito do próprio Comitê de Inteligência. Sim, a CIA foi pega em uma mentira.

E ainda não acabou. Mike German, professor adjunto da Breenan Center for Justice, da Universidade de Nova York, foi um agente da FBI especializado em contraterrorismo doméstico por quinze anos. Ele disse ao "Democracy Now!" que "isso é realmente uma situação extraordinária. É falsa essa supervisão que o Senado está fazendo. Eles nem permitem que a CIA defina os termos para a fiscalização de seu próprio trabalho."

Feinstein relatou que centenas dos documentos originais fornecidos foram, posteriormente, apagados pela CIA. Agora, adicionando insultos a calúnia, verifica-se que a CIA está procurando acusações criminais contra os funcionários do Comitê, provavelmente, para roubar a revisão Panetta.

Ray McGovern é um antigo analista da CIA e publicou criticas quanto à justificativa da Inteligência para a invasão no Iraque. "Isso remonta à questão fundamental de supervisionar o grupo da Inteligência. Pessoas sempre dizem, 'depois do 11 de setembro, tudo mudou.' Bem, de fato mudou. O presidente naquela tarde disse 'eu não me importo com o que os advogados internacionais dizem. Eu estou indo chutar alguns traseiros'. Bem, eles fizeram prisioneiros no Afeganistão e a primeira pessoa torturada foi John Walker Lindh, um cidadão estadunidense."

A tortura foi generalizada, viciosa e conduzida nos centros de detenção secretos ao redor do mundo. Isso é o que está sendo perdido na luta pelo poder entre a senadora Feinstein e a CIA. Vidas estão sendo arruinadas; Alguns na detenção dos EUA morreram de forma violenta na mão de seus captores.

No cruel gulag americano, na Baía de Guantánamo, prisioneiros que estavam em greve de fome e que não foram acusados ​​de nenhum crime (alguns que têm ordem de libertação há mais de uma década), foram submetidos a técnicas de tortura que remetem à Inquisição espanhola.

Vamos torcer para que a indignação de Feinstein não seja rapidamente aliviada, e que a supervisão do Comitê de Inteligência nas agências de inteligência norte-americanas se alastre e se revigore com unhas e dentes.

O denunciante da Agência de Segurança Nacional, Edward Snowden, que atualmente se encontra em asilo político na Rússia, disse: "Nós estamos vendo outro 'Efeito Merkel', em que um oficial eleito não se importa com os direitos violados de milhões de cidadãos comuns pelos nossos espiões, mas, de repente, vira um escândalo quando um político descobre que acontece a mesma coisa com ele".

Fonte: Truthdig.

Tradução de Iris Toloni para o Diário Liberdade.


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