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António Barata

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A caminho do trabalho forçado

António Barata - Publicado: Quarta, 16 Junho 2010 23:38

António Barata

Perante a inépcia e a desorientação do governo socialista, o PSD pela mão do seu novo líder Pedro Passos Coelhos toma cada vez mais a condução do bloco central. Ainda que não formal, é de facto esta aliança não declarada entre o PS e o PSD quem comanda os destinos do país, obedecendo aos que são os verdadeiros donos do país e detém o poder real – o grande patronato.


Obrigados a entender-se, mesmo que contra vontade e em prejuízo das respectivas clientelas, PS e PSD tem de "aguentar o barco" pelo menos até às presidenciais, pôr rivalidades e ambições pessoais de lado. A ordem do grande patronato é para que não se derrube o governo porque nada pior para os negócios que "somar à crise económica uma crise política". Com Sócrates e o seu cada vez mais desacreditado governo na defensiva, é Pedro Passos Coelho quem de facto dita as linhas orientadoras da governação e do combate à crise e empurra as coisas para a frente. Com a vantagem de que quem se "lixa", está a ser o alvo do descontentamento popular e a ser perseguido por vaias onde quer que apareça é Sócrates e o seu governo, para desespero dos "socialistas".

Enquanto o "pagode" se diverte com o mundial de futebol e vê a sua atenção desviada para coisas menores como saber se Sócrates mentiu ao parlamento sobre o imbróglio PT/TVI, o PSD trata de avançar naquilo que realmente importa ao grande patronato. Depois pôr na agenda a revisão futura da constituição, ter inspirado e dado o aval ao mais recente pacote anti-crise, agravando as medidas do anterior, mesmo antes de terem sido postas em prática, agora levou à Assembleia da República um conjunto de medidas "de combate ao desemprego" que se forem aprovadas reduzem a nada os cada vez mais escassos e formais direitos dos trabalhadores deixando-os completamente à mercê da dos caprichos e da vontade discricionária do patronato. Concretamente: a vigência dos contratos a prazo alarga-se dos actuais 18 meses para os quatro anos; a sua renovação passa a ser ilimitada (o que significa que deixam de haver contratos de trabalho efectivos, passando a só haver trabalho precário).

Depois de ter sido aprovada a disposição que obriga os trabalhadores que estão a receber subsídio de desemprego a aceitar um qualquer trabalho, desde que seja remunerado 60% abaixo daquilo que ganhava enquanto trabalhava, acrescido de mais 10% sobre o valor do subsídio de desemprego (na prática isto significa uma degradação dos salários, dado que de se inicia um ciclo de despedimento, subsídio, novo emprego, em que de o trabalhador vê o seu salário reduzido em cerca de 40% a cada novo emprego), soma-se a gora a precarização total.

Por outro lado não deixa de ser curioso que o grande patronato continue a insistir na política de baixos salários e de degradação das condições vida e dos direitos dos trabalhadores, modelo que é fortemente criticado, e sem excepção, pelas associações patronais, partidos do arco governativo, comentadores e outros papagaios de serviço, e apontado como a causa do atraso nacional sempre que se discute o colapso da economia e a falência do modelo de desenvolvimento seguido após a adesão à EU. O que dá um bom retrato de mentalidade retrógrada e mesquinha da classe dominante portuguesa, contente com a sua pequenez e sem outra ambição que não seja parasitar os fundos comunitários e o viver à sombra das obras públicas e benesses do Estado.


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