Agora, com mais desenvoltura, determinação e menos discretos, vestindo e despindo os coletes que os indicavam como da CGTP, os "camaradas" dos sindicatos da PSP que participaram na manifestação da CGTP de dia 29 puserem a sua experiência profissional ao serviço dos burocratas da central sindical inaugurando um peculiar serviço de ordem. Com um postura entre o pidesco e o segurança de discoteca, mantiveram sob apertada vigilância os blocos e grupos de manifestantes que não estavam enquadrados pelas estruturas sindicais da CGTP. Ao BE e aos precários só lhes foi permitido entrar no fim da manifestação. Aos outros, os "esquerdistas e anarquistas", nem isso. Só a muito custo e depois de muito insulto e empurrão, quase a rondar a violência física, ao longo do percurso, é que conseguiram entrar desfilar.
O tom já tinha sido dado nas reuniões sindicais, onde apareceram vozes dizendo que as manifestações da CGTP não "podiam ser uma bandalheira, em que cada um faz o que quer". Daí que também não tenha sido de estranhar a hostilidade sectária de alguns manifestantes estrategicamente colocados na manifestação.
Para além das cenas lamentáveis protagonizadas pelos jagunços contratados pelos controleiros da CGTP, o que interessa reter do ponto de vista político é o facto de perante uma situação de crise, em que os factores de conflitualidade social se tendem a agudizar, a preocupação do PCP e da sua corrente sindical se vire para o controlo político do descontentamento dos trabalhadores e o abafamento das tendências mais radicalizadas. Que temem eles?