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Amy Goodman

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Democracy now!

[Após as eleições presidenciais] O verdadeiro trabalho dos movimentos sociais começa agora

Amy Goodman - Publicado: Domingo, 18 Novembro 2012 22:38

As eleições presidenciais já foram realizadas e Barack Obama continuará no governo como o presidente número 44 dos Estados Unidos.


Os analistas dos meios encherão espaços de noticias com comentários pós-eleitorais acerca da precisão das pesquisas ou acerca do apoio que os candidatos tiveram em um determinado grupo demográfico ou outro. Enquanto isso, no coração de nossa democracia, estão os movimentos sociais, que são, sistematicamente, deixados de lado pelos meios massivos; porém, sem os quais o Presidente Obama não teria sido reeleito.

O presidente Obama é um ex-dirigente social. Quando alguém que desempenha esse papel se converte em presidente, quem se encarrega de organizar a comunidade? É interessante que Obama sugeriu uma resposta a essa interrogação durante um pequeno evento de campanha em Nova Jersey quando era candidato à presidência por primeira vez. Quando lhe perguntaram o que faria com respeito ao Oriente Médio, Obama respondeu com uma anedota sobre o legendário líder social do século XX, a Philip Randolph. Em uma ocasião, Randolph reuniu-se com o presidente Roosevelt e lhe explicou a situação na qual vivia a população negra nos Estados Unidos e a situação da classe trabalhadora em geral. Roosevelt escutou atentamente e logo respondeu: "Estou de acordo com tudo o que o senhor diz. Agora, obrigue-me a fazê-lo". Obama reiterou essa mensagem.

Aí está a resposta, obriguem-no a fazer. É um convite do próprio presidente.

Durante os anos que durou o governo de Bush, as pessoas sentiam que davam com a cabeça contra a parede. Após a primeira eleição do presidente Obama, essa parece transformou-se em uma porta; porém, a porta estava apenas entreaberta. Então, surgiu a pergunta: "será aberta com uma patada ou se fechará de um portaço?" A resposta não deve ser dada pelo presidente, independentemente de seu poder, mas é um trabalho que corresponde aos movimentos sociais.

Bem Jealous é um dirigente social que leva a sério seu trabalho. Tem uma longa lista de conquistas e uma lista ainda maior de objetivos a alcançar como presidente e Diretor Executivo da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor. Adverte que 2012 será um ano de aniversários significativos, entre eles o 150º Aniversário da Proclamação da Emancipação do Presidente Abraham Loncoln, o 50º Aniversário da Marcha sobre Washington pelo trabalho e pela liberdade, encabeçada por Martín Luther King, em 1963, e o 50º Aniversário do assassinato de Medgar Evers e do bombardeio de uma igreja em Birmingham, Alabama, no qual morreram quatro jovens afroestadunidenses. Obama assumirá seu segundo mandato presidencial em 2013 no Dia de Martin Luther King. Jealous me disse na noite das eleições, pouco antes de que Mitt Romney pronunciasse seu discurso de aceitação da derrota: "Há quatro anos permanecemos em estado de euforia durante vários meses. Dessa vez, não faremos isso. Aprendemos a lição; temos que continuar pensando como um movimento. Não permitiremos que continuem nos ignorando".

É isso justamente o que estão fazendo os jovens imigrantes. Os estudantes sem documento que foram presos por ocupar os escritórios de campanha em uma série de protestos contra as deportações constituem um movimento de direitos civis de nossa época. Há outros movimentos dinâmicos, como Occupy Wall Street, ou a luta pelo matrimônio igualitário, cujas iniciativas submetidas a referendo em quatro Estados foram aprovadas nas eleições do último dia 6. Após o desastre provocado pela grande tormenta Sandy e, apesar da grande quantidade de recursos gastos pela indústria de combustíveis fósseis para ocultar o que acontece, a mudança climática e o que façamos a respeito é, agora, um assunto que o presidente Obama sugere que enfrentará. Em seu discurso de vitória, afirmou: "Queremos que nossos filhos vivam em um país que não esteja abrumado pela dívida, que não esteja debilitado pela desigualdade, que não esteja ameaçado pelo poder destrutivo de aquecimento global".

Foi graças à pressão dos ativistas de base que se manifestaram em frente à Casa Branca, que Obama postergou sua decisão acerca do controvertido oleoduto Keystone XL, que se estenderia do Canadá até o Golfo do México. Mais de 1.200 pessoas foram presas há um ano, em uma série de protestos em frente da Casa Branca. Nesse preciso momento, um grupo de ativistas encontra-se em Winsboro, Texas (duas horas a leste de Dallas), bloqueando a construção do trecho sul do oleoduto e correm o risco de ser presos, inclusive, de ser feridos. Estão realizando ações diretas para impedir a construção, como subir nas árvores para evitar que sejam derrubadas.

Quem tem acesso privilegiado ao presidente, sussurra-lhe suas demandas ao ouvido no Escritório Oval. Se o presidente não pode assinalar fora e dizer "se faço o que vocês me pedem, eles se levantarão em rebeldia", se não tem ninguém aí fora, o presidente está em graves problemas. Esse é o caso de que esteja de acordo com vocês; porém, o que acontece quando ele não está de acordo?

O presidente dos Estados Unidos é a pessoa mais poderosa do planeta; porém, há uma força mais poderosa: o povo organizado em todo o país, que luta por um mundo mais justo e sustentável. O verdadeiro trabalho começa agora.

[Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.]


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