Nas últimas duas décadas achegaram-se à nossa terra uns milheiros de pessoas, Companheiras e Companheiros com as/os que a meirande parte coincidimos e partilhamos nesta existência da nossa Classe Operária Galega.
As achegas que tragam de realidades e praxes diversas, de insucessos e de sucessos da esquerda operária foram, em muitos casos, alegatos ignorados em alta percentagem pelas direcções sociais e políticas da nossa Nação por construir.
Vinham com bagagens, cada quem a sua, de vivências dos seus povos, de luta sindical e política contra as fauces dos que esmagavam as suas vidas. Assinalavam ao FMI, aos oligarquias internacionais, ao tio Sam omnipresente como os grandes depravados e depravadores das suas terras.
Sinalar que a frase mais comentada foi: há algo aqui que me recorda alá.
Não fizemos muito caso. Talvez pensemos que nós, longe de ter o direito a decidir sobre nós mesmas e mesmos que íamos fazer? Pode ser, talvez pensemos: onde estavam? Estavam ao rentes nosso, trabalhando nos bares, nas casas, nas empresas que agora fecham ou, mercé da nova Reforma Laboral, despedem com gratuidade e ligeireza.
Empurradas a trabalhar, sem mas miramentos, pela cotação por causa de não perder a sua Autorização de Residência a Trabalho e umas farangulhas de pão.
A responsável sem dúvida é a lei xenófoba de Extrangeiria.
Esta Lei ainda vigente, que mudará a pior ao abrigo da direita governante, obriga para obter essa manu militari, a arrumar um contrato de trabalho a jornada completa e duração de um ano.
As Companheiras e Companheiros imigrantes perguntam-se onde existe essa realidade pintada no texto legal? Talvez haja que grafitear os muros das nossas vilas pois a falência deste contrato é inegável.
E agora, após tentar que o seu sonho se covertesse em realidade, e após ver que a realidade é teimosa, e após obter a negação da sua são expulsas novamente.
Refazem as suas malas, roupas e utensilios que ansiavam gastar e envelhecer na nossa/ sua terra, e sentem-se exilados.
Não é jogo de palavras manidas, são realidades suspensas e mancadas pela legislação de estrangeiria e pelas reformas e, sobretudo, pela Reforma Laboral.
Sinto que estive com heroinas e heróes, com Companheiras e Companheiros heroicos como foi a nossa emigração.
Sinto que mais uma vez ser soberanista internacionalista faz verbo de acolher em casa própria e verbo de saber que a luta que alá, ao longe, empreendam esta minha gente será sentida como própria.
As ideias foram factos, a realidade destrui e desfolou as ancoragens decididas de saber-se e sentir-se galegas e galegos.
Por elas e por eles dobremos o nosso compromisso de mobilizar-nos, de lume e campasso a arrebato.
A anguria de saber-me longe delas e deles, traduz-se em carragem e decidida luta.
Vai por todas e todos vós, Companheiras e Companheiros, este novo mate amargo!!!