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Ana Barradas

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Ciclo infernal

Ana Barradas - Publicado: Terça, 04 Mai 2010 02:00

Ana Barradas

O Banco Central Europeu premiou a irresponsabilidade dos bancos europeus concedendo-lhes créditos baratos em nome da resolução da crise. Os bancos pegaram nesses empréstimos a juros baixos e foram emprestar ao Estado grego a taxas exorbitantes. Portugal é o próximo na fila para a mesma operação.


A Islândia é que foi esperta, que disse que não paga­va as dívidas dos bancos. Entre nós, com o centrão alian­do-se para fazer passar o PEC e a esquerda parla­mentar lamuriando-se, aceitam-se todas as imposições da Comunidade Europeia, por mais gravosas que sejam. A nós dizem-nos que o Estado previdência é insustentá­vel e que tenhamos paciência, vamos ter de aper­tar o cinto.

A demagogia sobre os perigos da ban­carrota pública é uma maneira de vergar-nos a todos aos interesses dos mercados financeiros. Os credores do Estado não são outros Estados, mas sim investidores privados, ban­cos, com­panhias seguradoras e fundos fi­nanceiros que com­pram de bom grado pacotes de dívida pública, por de­les obterem juros muito lucrativos, como se viu agora com a crise da Grécia: as seguradoras e os bancos fran­ceses, suí­ços e alemães são os seus principais credores, se­guidos por bancos britâ­ni­cos e norte-americanos.

Esta especulação com a dívida pú­blica é um abuso que os cidadãos vão ter de subsidiar. Por isso nos di­­zem que cada um de nós deve uns tantos milhares de eu­ros, não sabemos bem e a que credores. Por isso se pri­­vatiza quase tudo, a pretexto de falta de liquidez do Estado, sabendo-se de antemão que o Estado está assim a de­lapidar a propriedade pública e a empobrecer-nos ainda mais.

Com a aprovação deste PEC do governo, temos pela frente tempos mais duros. Entretanto, é patetice pen­sar que está tudo a correr bem por­que a burguesia está em crise. Isso branqueia as oportunidades que a es­querda tem vindo a deixar passar e to­da a inactivida­de e falta de espírito ofensivo que campeia por aí.

Na realidade, o sistema só se irá abai­xo no dia em que as classes opri­midas começarem a fazer-lhe frente. Até lá, ele sempre recuperará, cada vez menos, é cer­to, e cada vez mais à nossa custa, mas não cai por si.

As crises de sobreprodução e de subconsumo suce­der-se-ão em espiral porque a taxa de lucro desce sem pa­rar, o desemprego aumenta e a baixa dos salários tem um limite. Se é de sau­dar esta decadência por ela anun­ciar novos tempos, cabe aos revolu­cionários apressar a sua chegada. É de recear pelo futuro do mundo no seu todo, com tantos focos de conflito, guerra e violên­cia e com o agravamento da crise global, que não se de­fronta com nenhuma re­sistência firme por parte dos povos e dos explorados. É preciso que o pro­letariado se ponha em marcha para acabar com esse ciclo infernal e tomar conta dos meios de produção. As pre­missas já existem, só é preciso ir à luta. Não há razão para de­sânimos, porque é sabido que, não se sabe ainda onde nem quando, esse processo se iniciará.


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