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Séchu Sende

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Ranking de monstros

Séchu Sende - Publicado: Sábado, 25 Fevereiro 2012 01:00

Séchu Sende

A minha filha tem onze anos e já sabe misturar a realidade com a ficçom.


- Quem era?

- Um monstro.

A minha filha tamém sabe que os urcos de Tolkien

nom existem e já nom crê no lobishomem

nem no Cancerbeiro.

- Esse homem é o primeiro no meu ranking de monstros,

dixo misteriosa, e botou açúcar no leite.

- Pensei que eram os zómbis.

- Já nom, os zómbis som passado. Sabes, nom existem.

Quando era pequena

cria que os monstros de mentira existiam realmente

e agora dou-me conta de que há gente

que nom crê nos monstros de verdade,

nos verdadeiros monstros,

dixo a minha filha de onze anos.

Fiquei em silêncio, com o café na língua.

Pensei que o monstro que mais temia

a minha filha seria um desses que nem sequer

o telejornal pode ocultar.

- Queres saber quem está de segundo no meu ranking

de monstros?

- Por favor.

- A polícia de choque. Tenhem mais imunidade

que nengum outro monstro,

vam armados e podem golpear idosos,

homens e mulheres desarmados,

menores de idade

e tenhem o apoio do governo.

Assim vai ser difícil acabar com eles,

dixo a minha filha,

Ainda que nom imposível.

E continuou falando:

- A polícia é o braço armado

da violência de Estado..., dixo.

Ou isso lim num dos teus livros

de banda desenhada.

- E quem era o home do teu sonho? perguntei.

- Os antidistúrbios som urcos descerebrados

e obedientes.

O primeiro no meu ranking de monstros

é o homem que dá as ordes

com traje e gravata

de um escritório do governo.

Os piores monstros som os que nom

o parecem.

Ergueu-se e levou a chávena ao lava-louça.

- Quando sonho com ele sempre o vejo

sementando sementes

nuns vasinhos de vidro

e olha para mim, sorri e às vezes di-me:

- Som sementes de terror.

Ou di-me: Som sementes de indiferença.

Ou di-me: Para que tenhades medo

a pensar de forma diferente.

Ou di-me: Nom lho digas a ninguém.

Já vês que nom lhe fago muito caso.

E agora vou-me para a escola.

Hoje toca-che a ti lavar a louça.

Passa-o bem.

Vaia, pensei, e figem glubs,

E dixem para mim: Cada dia medram antes.

Fonte: Galiza Confidencial.


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