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Xavier Moreda

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Em coluna

A Movida

Xavier Moreda - Publicado: Terça, 13 Dezembro 2011 01:00

Xavier Moreda

Depois de ter assistido à concentraçom de Vigo sob torrencial chuva, pola liberdade d@s militantes independentistas, ainda perplexo perante a intoxicadora atitude da imprensa, sentenciando os detid@s na operaçom sem mediar maior contraste das fontes, sempre aos ditados da polícia espanhola, assistim à apresentaçom do segundo livro editado por Xerais sobre a Movida no que vai de mês.


Quatro pessoas, personagens significativos da década de oitenta, tentavam fazer umha narraçom gloriosa da época. "Com e sem nostagia" eu assistia perplexo a umha narraçom da época, a umha tertúlia-performance dos coetáneos meus, que irremediavelmente me mencionavam a mim e o Tintimám, "a revista de Moreda".

Umha cronologia dos factos ocorridos na cidade olívica nos felizes oitenta de novo à moda nesta infeliz década: ou nos indignamos ou nos divertimos! Lembrei-me de Susang Sontang que, entre outras muitíssimas valiosas sentenças, escreveu "o problema nom é que a gente lembre através das fotografias, mas que só lembre as fotografias". Sempre o valor da Memória e sempre a minha teimosia com o valor da Memória, com a utilidade propriamente.

Um velho sindicalista, um dos líderes nas greves contra a reconversom industrial pedindo perdom. A encenaçom da domesticaçom a carom de Soto, o melhor dos piores alcaides de Vigo naquele início da consagraçom da ditadura dos mercados. Recordar nom é só lembrar simplesmente, umha ou umhas imagens, recordar também é sofrer e analisar para ser fundamentalmente autocríticos.

A leitura só divertida das imagens para invocar os que nom estam com a ideia pretensiosa de que assistamos de córpore insepulto ou indignados ou divertidos, à projeçom das imagens diversas da época da Movida viguesa que nada tinha a ver com a madrilena e que tam cansativamente alguém mencionou tentando homologar,  homogenizar num totum revolutum que convém ler de maneiras múltiplas, qualquer tempo passado nom foi melhor.

Para mim foi umha mais das minhas épocas e se bem nos unem certas afinidades sentimentais; a fotografia tem a virtude ou o defeito de aumentar a realidade. Gostei imenso das fotos do Vitim: Victor de las Heras.

A Movida tivo e tem -normalmente pessoas que nom tiveram um papel relevante polo que for na época- muitos e muitas polemistas que tentam restar importáncia ao valor social e às conseqüências de todas as mudanças nos comportamentos sociais que derivaram em buscar divertimentos continuos perante um panorama cinzento depois da longa noite de pedra; novos comportamentos ocupando o chamado espaço público e um cansaço motivado pola Transiçom, traiçom social-democrata, o chamado desencanto político de umha juventude na altura, mui politizada, diretamente motivado polo triunfo absoluto do PSOE adail da esquerda europeísta e atlantista.

Muitos e muitas delas fôrom iniciadoras do incipiente mercado da arte e herdeiros institucionais do mecenato, nom sempre rasca, dos artistas plásticos e de qualquer tipo que passárom a ser ornamento do poder. Convertidas em verniz do incipiente novorriquismo político e de qualquer tipo, dos adventícios que começavam consumir belas rugas social-democratas (La arruga es bella, à moda de Adolfo Dominguez). Foi o inicio do seqüestro da cultura e dos subsídios clientelares.

A fotografia, de facto, oferece possibilidade de olhar sem ser visto; resíduo substancial da ou das Movidas na distância, situados no centro comercial- ideológico, morno, para inventar umha nova consciência como terapia para nos tranformar em espetadoras (voyeur), é umha sensaçom substancial que tem lugar em outro cenário ou no nom lugar, realidade virtual de contemporanidade falsa ou breve. É, sem dúvida, a reconversom do urbanita; a acumulaçom da nostalgia, do que pudo ter sido mas nom foi individual, a Movida é para bem e para mal, Memória.

A unidade básica de todas as iconografias oitenteiras é intrinsecamente a imagem em toda a sua amplitude, a Memória que armazenamos mentalmente, a imagem objeto de desejo é o  sujeito da memória individual que fai parte da memória da Movida.

Só compreendendo a Movida como parte da própria memória social, artística e cultural, é que se pode perceber o processo de evoluçom a que está inevitavelmente exposto o saber e o saber fazer de um povo.

Temos muitos processos pendente em quase 40 anos de bourbonismo. Um deles é a toma da consciência patrimonial e conseqüentemente a educaçom patrimonial como resultado do reconhecimento do direito à Memória, ao Património material e imaterial o que nos levaria ao entendimento da Movida ou de outros factos em que, para bem ou para mal, estamos inseridos para sermos protagonistas coletivos, elevando assim a nossa própria autoestima contra os complexos induzidos pola falsa história. Há que valorizar a nossa cultura que também é contemporánea e nom através da peneira espanholista.


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