O movimento é suficientemente consistente para assumir um significado social e político, como indica o facto de Michael Moore, Noam Chomsky, a actriz Susan Sarandon, o humorista Stephen Colbert, o filósofo Cornel West e outras figuras públicas o terem apoiado.
De facto, os manifestantes, que decidiram enfrentar o capital financeiro no seu coração, têm uma mensagem forte que já alastrou a mais de 100 cidades do país: Somos os 99 por cento da população que não toleram mais a ganância e a corrupção dos um por cento restantes".
É uma boa resposta para os que pedem austeridade aos que menos podem e ao mesmo tempo concedem estímulos aos bancos e aos empresários, esses sim, os agentes da crise.
O resultado é que o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza nos Estados Unidos englobou 15,1% da população em 2010, 46,2 milhões de pessoas, o maior contingente nestas condições dos últimos 52 anos. O índice de aumento no número de pobres é o maior desde 1993. Entretanto, o Serviço Nacional de Estatísticas do Trabalho informa que não se criou emprego nos EUA, em Agosto de 2011. Os EUA precisam criar 125 mil empregos por mês, apenas para sustentar o crescimento populacional.
"Conhecemos a devastação causada por uma economia em que os trabalhadores, as suas famílias, o meio ambiente e o nosso futuro são sacrificados para que uns poucos privilegiados possam ganhar mais dinheiro à custa do trabalho de todos, menos o deles", disse o presidente do sindicato nacional dos trabalhadores do sector siderúrgico (USW), com 1,2 milhões de filiados e o maior do país. Outros sindicatos aderiram à manifestação que não se dispersa há semanas.
A polícia esmera-se na repressão: milhares de presos, espancamentos e cargas brutais, uso de gás pimenta e o fecho da ponte de Brooklyn para encurralar os manifestantes. Os cortes na educação, saúde e infra-estruturas que Barack Obama tão diligentemente promove só fazem engrossar o descontentamento e afectar negativamente a economia.
Michael Bloomberg, o presidente da Câmara de Nova Iorque e um dos multimilionários mais conhecidos, comentou: "Muitos jovens saem da universidade e não encontram trabalho. Foi isso que aconteceu no Cairo e em Madrid. Não queremos este tipo de distúrbios aqui". A questão é que não se trata de um movimento de universitários – forma de desclassificar o seu alcance e potencial – mas sim a expressão da revolta e desespero de muitas camadas da população.
Fonte: Política Operária.