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Aníbal Garzón

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O Partido Popular espanhol de Aznar financiou o terrorismo de Rozsa

Aníbal Garzón - Publicado: Quarta, 22 Junho 2011 14:18

Aníbal Garzón

Existe uma lei histórica na América Latina: golpes de estado militares para suprimir os processos de transformações populares.


Fazendo um repasso histórico, em 1954, na Guatemala, a Central de Inteligência Norte-americana (CIA) organizou conjuntamente com a oligarquía nacional uma operação militar para derrubar o governo progressista de Jacobo Arbenz e anular sua reforma agrária que prejudicava o monopólio da United Fruit Company. Faz justamente 50 anos, em abril de 1961, a CIA, com o treinamento de terroristas como Posada Carriles, tentou ocupar a ilha cubana na Batalha de Praia Girón, para suprimir o projeto revolucionário de Fidel Castro. O império não teve a mesma sorte da Guatemala. Outro ataque de ingerência foi o golpe de estado contra o governo socialista de Salvador Allende a 11 de setembro de 1973, encabeçado pelo militar Agusto Pinochet com respaldo do Secretário dos Estados Unidos, Henry Kissinger, na Operação Cóndor. São exemplos que no século XXI se repetiram contra governos progressistas, uns bem sucedidos e outros não, como a tentativa inesperada na Venezuela em abril de 2002, na Bolívia o golpe cívico militar de Pando em setembro de 2008, em Honduras em junho de 2009 contra Manuel Zelaya, ou no Equador no passado mês de setembro. Mas nestes novos golpes de estado envolveu-se um ator mais na ingerência da CIA e no espírito antidemocrático das oligarquias: as instituições do Partido Popular Espanhol do expresidente José María Aznar, em uns casos a partir do governo central espanhol (1996-2004) e em outros nos governos autônomos.

Na Bolívia, a nomeação do novo presidente Evo Morais com a vitória eleitoral contundente em dezembro de 2005 trouxe o nascente Processo de Mudança com efeitos como a nacionalização parcial dos hidrocarburos, a aprovação de uma nova Constituição intercultural e outras medidas com verdadeiro benefício comunitário rural, indígena, camponês e urbano popular, os historicamente excluídos pela elite colonial. Como tentativa de suprimir estas transformações, em setembro de 2008 o prefecto do Departamento de Pando, Leopoldo Fernández, iniciou um golpe de estado cívico militar assassinando na localidade do Porvenir mais de 30 camponeses indígenas partidários de Evo Morales, acrescentando o objetivo de criar uma desestabilização a nível nacional. Finalmente, as máximas autoridades do exército e grande parte da população civil apoiaram o Presidente Evo e o golpe de estado foi paralisado. As posteriores investigações confirmaram a cumplicidade dos Estados Unidos na tentativa de boicote contra o Processo de Mudança e seu embaixador, Philip Goldberg, foi expulso da Bolívia. Isto não foi tudo, o jogo sujo da oposição e atores internacionais continuava. Eduardo Rozsa, um ex-soldado da Guerra da Iugoslávia e membro da seita católica ultraderitista Opus Dei, conformou um grupo paramilitar na Bolívia para assassinar Evo Morais e promulgar o separatismo contra as regiões indígenas andinas com o projeto da falácia nacionalista da Média Lua "Departamento de Pando, Beni, Tarija e Santa Cruz", e conseguir consequentemente uma Guerra civil étnica como na antiga Iugoslávia. Finalmente o grupo foi desarticulado após a morte de Rozsa em um tiroteio com autoridades policiais no Hotel Las Américas de Santa Cruz em abril de 2009. Detiveram-se 39 envolvidos na estratégia terrorista do grupo paramilitar e abriu-se judicialmente o "Caso Rozsa", inclusive capturaram-se a pessoas reconhecidas como o General Gary Prado, quem apresou e assassinou o Che Guevara em outubro de 1967. Outros acusados são prófugos da justiça, tendo fugido para os Estados Unidos e Espanha, como o ex-líder do Comitê Cívico Santa Cruz, Branko Marinkovic, e Pablo Costa, o irmão do atual Governador crucenho.

A Fundação Iberoamérica-Europa

Nas atuais investigações sobre o "Caso Rozsa", o promotor Marcelo Sosa comprovou, graças à Unidade de Investigações Financeiras (UIF), as transações econômicas suspeitas de organizações e pessoas que financiaram a célula terrorista de Rozsa entre março de 2008 e abril de 2009. Segundo os dados extraídos estão envolvidas no financiamento da Fundação Amérida "vinculada à Fundação alemã Konrad Adenauer da União Democrata Cristã" a Fundação Pró Santa Cruz, o Comitê Pró Santa Cruz, Fexpocruz e a Fundação Iberoamérica-Europa.

Atualmente a Fundação Iberoamérica-Europa é presidida por Pablo Izquierda, ex-deputado do Partido Popular Espanhol (PP) e antigo responsável de Imprensa do ex-presidente conservador e ultraliberal José María Aznar. Acrescentando que Ana Botella, a mulher de Aznar, foi a Vice-presidenta da mesma Fundação. A suposta organização "não" governamental (ONG) já foi pesquisada pela intervenção Geral do estado espanhol por irregularidades no gerenciamento de ajudas em cooperação internacional, e foi submetida a uma investigação do Escritório Europeu de Luta contra a Fraude (OELF) em 2007 por alegada fraude financeira. A Fundação, desde 1999, recebeu 4 milhões de euros de financiamento pela Comunidade Autônoma de Madri, presidida por outra ultraconservadora e membro do PP, Esperanza Aguirre, de quem confirmou-se seu apoio político e econômico a organizações terroristas anticastristas da máfia de Miami, como a Fundação Nacional Cubano Americana (FNCA) fundada por Jorge Mas Canosa, e conformada por personagens como o mesmo terrorista Posada Carriles, que assassinou  73 pessoas em um voo de Barbados a Cuba em 1976 e tentou várias vezes atentar contra Fidel Castro, como na Cimeira Iberoamericana do Panamá em 2000, o recente morto Orlando Bosch ou o manipulador Carlos Alberto Montaner.

A opinião pública internacional, ao centrar no império dos Estados Unidos, esquece-se de novos atores de trascendência na ingerência internacional, como a ultradireita espanhola. Pelos vistos, a estratégia do soft power (Poder Macio) -que é controlar um estado outro por meios que não são de ocupação militar direta e sim por outros mecanismos ideológicos, de cooperação internacional, culturais ou diplomatas- que é tão utilizada pela União Européia e neste caso pelo Estado espanhol na América Latina, dado que é o segundo maior investidor de ocupação com as multinacionais espanholas Repsol, Endesa, Águas de Barcelona, Banco Santander, BBVA... mascara-se mais do que a estratégia do hard power (Poder Duro) -ocupar um país militarmente e encurralá-lo economicamente por seus interesses mercantis e políticos- que usa mas comummente o imperialismo dos Estados Unidos, como no Iraque, Afeganistão, Cuba ou Haiti.

Não somente o PP financiou e assessorou o golpe da direita contra Chávez em 2002 e foi o único estado da União Européia que reconheceu diplomaticamente o efêmero e ilegal governo transitório de Pedro Carmona, como também financiou o Plano Colômbia de 1999 para armar o exército do país latino-americano contra as guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) justificando que era luta contra o narcotráfico, além de conseguiu romper os relacionamentos de Cuba com a União Européia liderando a chamada Posição Comum em 1996, como alargamento indireto do bloqueio econômico e político dos Estados Unidos a Cuba durante mas de 50 anos e seu endurecimento com a Lei Torricelli e Helms Burton. A tudo isto, o povo boliviano e Evo Morais não ficaram isentos da agenda desestabilizadora e antidemocrática do Partido Popular sendo umas vítimas mais de sua ingerência oculta.

Tradução do Diário Liberdade

Fonte: La Época.


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