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Eva Golinger

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Blackwater na Colômbia

Eva Golinger - Publicado: Terça, 16 Março 2010 23:00

Eva Golinger

Não é nenhuma surpresa a revelação, no Equador, do papel de Washington na invasão ilegal do território equatoriano em 1º de março de 2008.


Suspeitava-se desde o primeiro momento da participação dos militares e agentes da inteligência norteamericana, naquela época instalados na base militar de Manta, na operação que acabou com um acampamento das FARC. Agora, um relatório oficial do Equador confirma este fato. Reafirma também que onde houver bases militares utilizadas pelos EUA haverá ação militar executada por Washington – sem se importar com regras, leis e normas do país anfitrião.

O polemico acordo militar entre a Colômbia e os EUA, assinado no passado 30 de outubro, significa a maior expansão militarista de Washington na América Latina em toda a história. O acordo permite a presença de pessoal terceirizado privado à serviço das necessidades das agências de Washington em território colombiano, com todas as mesmas imunidades outorgadas aos funcionários e militares norteamericanos. Isto não é novo. Dentro do acordo do Plano Colômbia, há mais de dez anos, Washington utiliza mais de 30 empresas terceirizadas para executar operações militares e de inteligência e espionagem na Colômbia. Algumas delas são as empresas mais poderosas do complexo militar industrial, como a DynCorp, Bechtel, Lockheed Martin, Grupo Rendon e Raytheon, entre outras.

Dentro do novo acordo militar, a quantidade de terceirizados – ou mercenários da guerra – aumentaram. A privatização da guerra e o uso de empresas privadas para executar ações de segurança, defesa e inteligência, é hoje o modus operandi de Washington. A empresa mais controvertida é, sem duvida a Blackwater agora conhecida por Xe Services. Durante os últimos oito anos a Blackwater obteve mais de 1,4 bilhão de dólares em contratos com o Departamento de Estado e o Pentágono. Desde 2005 a Blackwater também participou de contratos semi-secretos com o Departamento de Segurança Interna (Homeland Security) nos EUA para realizar operações de segurança e defesa dentro do país, que tem sido vistas como o inicio da criação de um Estado policial privatizado para reprimir e controlar uma população que se encontra em situação econômica mais desesperadora a cada dia.

No inicio de 2008, o Comando de Mísseis e Defesa Espacial do Exército dos EUA, assinou contratos no valor de 15 bilhões de dólares com um grupo de empresas privadas, incluindo a Blackwater. O contrato, que inclui operações de inteligência, espionagem e reconhecimento entre outros, está orientado para os países da América Latina, México e Colômbia. O contrato detalha especificamente o “fornecimento de treinamento aéreo” às forças armadas colombianas bem como “apoio estratégico de relações públicas” ao governo colombiano (leia-se operações psicológicas). No caso do México, a Blackwater está encarregada de dar apoio a missões contra o narcotráfico.

Há alguns dias foi revelado que a Blackwater foi contratada pela CIA para assassinar a supostos insurgentes no Iraque e Afeganistão. Mercenários da Blackwater participaram de algumas das atividades mais sensíveis e clandestinas da CIA, incluindo o transporte de prisioneiros até as prisões secretas da CIA. Ex-mercenários da Blackwater indicaram que o seu papel nessas operações clandestinas foi tão rotineiro que a divisão entre a CIA, o Pentágono e a Blackwater já não mais existia.

Agora esta empresa, fachada da CIA e do Pentágono, opera com liberdade na Colômbia. Nos EUA existem dezenas de processos e casos legais contra a Blackwater por violação das leis, assassinato arbitrário e violações dos direitos humanos. Entretanto, o governo de Álvaro Uribe abriu a porta à presença desta perigosa empresa na América do Sul, a qual significa uma grande ameaça contra a paz e a segurança regional.

Os países do ALBA e membros da UNASUL deveriam proibir coletivamente a presença de terceirizados – mercenários – da guerra na América Latina. Caso contrário podemos esperar mais morte, conflitos, violações da soberania e guerra.


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